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 Fomos embora na manhã de segunda. Descemos a montanha logo nos primeiros

raios do sol. Bella e eu nos mantivemos calados a descida toda, apenas

nos abraçamos.

Ninguém percebeu que não tínhamos dormido fora das barracas.

Tomamos café na cabana e arrumamos as coisas. E quando deu nove horas

da manhã saímos da reserva em direção à cidade novamente.

A viagem de volta foi marcada pelo meu silêncio e de Bella. O silêncio foi

quebrado pelas músicas do Coldplay, pela qual Sam e Larissa eram apaixonados.

Bella deitou e encostou a cabeça no meu peito. Sentia uma leve dor em seu coração.

Sentia sua respiração mais uma vez. Bella adormeceu ao som de "Paradise".

— Gente, vamos almoçar no meu pai, tá bem? — avisou meu pai.

Eu tinha me esquecido de que estávamos perto da cidade onde meu avô morava.

Fazia tempo que eu não o visitava. Seria bom lhe fazer uma visita. Meu avô

era doente, ele tinha Alzheimer, perda de memória constante.

— Opa, tudo bem — disse Henry.

— Para nós tudo bem também — disse Sam.

Pegamos uma rodovia secundária à que estávamos e fomos em direção à

cidade. Meu pai no caminho contou aos meus amigos que meu avô tinha Alzheimer

e que não era para acharem estranho se a qualquer hora ele esquecesse

nossos nomes e tudo o mais.

Chegamos à cidade por volta das onze da manhã. Meu pai havia ligado para

minha tia, que cuida do meu avô, para fazer mais almoço porque íamos passar

para almoçar com eles.

— Conheço essa cidade — comentou Bella. — Meus tios moram aqui.

— Sério? — perguntei.

— Sim, só não sei onde, mas moram aqui. Passei umas férias por aqui e me

lembrei.

— Cidadezinha pequena, logo, se der tempo você lembra e podemos passar

para dar um oi para eles — disse meu pai.

— Talvez — respondeu Bella.

Subimos uma rua de acesso à avenida principal. A rua era tão inclinada que

sentimos nossos corpos se deslocarem para trás do carro. Continuamos subindo, até

que chegamos ao final da rua.

Meu pai chegou e buzinou para avisar que tínhamos chegado. Descemos do

carro todos.

— Marcio, como vai? — tia Ester cumprimentou meu pai ao abrir o portão

e vir dar um abraço nele.

— Vou bem, irmã, e você? — respondeu meu pai no meio do abraço.

— Também — disse minha tia. — E você, Art, como está?

— Vou bem, tia — falei dando-lhe um abraço. — Bom, tia, essa é minha

namorada Bella. Meus amigos Sam, Henry e Larissa.

A Menina Dos Olhos CastanhosOnde histórias criam vida. Descubra agora