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Último dia de inverno. Até que enfim o inverno e seu esplendor estavam

indo embora, em plena quarta-feira.

A rotina de manhã foi a mesma, passar na casa do Henry e depois na Bella e

irmos juntos para a escola.

Nossa viagem era dali a três dias. Eu estava ansioso para viajar, não só porque

eu estava indo com meu pai e meus amigos, mas sim porque eu sentia que

algo bom iria acontecer na viagem.

Os primeiros tempos de aula eram de inglês, seguidos de história. No tempo

de inglês o professor não passou nada, apenas explicou a teoria para a classe. Vic

chegou no segundo tempo, atrasada.

— Vai lá falar com ela — sussurrou no meu ouvido Henry.

— Ela acabou de chegar — falei.

— Importa? Vai logo, Art.

Eu fui, peguei minha cadeira e coloquei do lado dela e sentei ao seu lado, ela

estava em silêncio.

— Oi — disse ela arrumando o cabelo.

— Oi — respondi.

— Eu perdi muita coisa no primeiro tempo?

— Não, só uma aula chata de inglês.

Ela sorriu.

— Você e a Samara são muito amigos, não é? — perguntou ela.

Olhei para Bella nesse momento, a luz vinda da janela iluminava seus cabelos

vermelhos, deixava-os mais claros e lindos. Ela estava de cabeça baixa,

escrevendo no caderno.

— Sim, somos — respondi.

Fiquei sentado com Vic até a aula de química, na qual o professor disse que

não queria ninguém sentado junto. Não resisti e tive que xingá-lo mentalmente.

Despedi-me de Vic e voltei para meu lugar.

Logo quando terminou a aula de química deu o sinal para o intervalo e mais

uma vez fomos até o banco encostado no muro, e logo que chegamos o Henry

pediu para que eu contasse o quinto sonho com a menina dos olhos castanhos.

O quinto sonho – Começo de outro lugar

Voltei para o campo amarelado, desta vez na árvore em que eu estava sentado.

Havia um balanço de madeira, velho, com a madeira já esverdeada e úmida, mas

menos assim eu sentei e comecei a balançar.

— Arthur... Arthur...

Eu ouvi a menina dos olhos castanhos me chamar, desci do balanço e segui seu

som. O som vinha de uma árvore muito antiga, com poucas folhas em seus galhos.

— Arthur... — eu a ouvi, mas não via ninguém.

— Onde? — perguntei.

— Siga minha voz — fechei os olhos e deixei aquela me voz me levar, e percebi

que a voz não vinha da superfície e sim do céu. Então abri meus olhos e avistei-a

sentada num galho em cima da árvore, olhando para mim.

— Demorou — disse a menina.

— Um pouco.

— Venha, suba aqui.

Meio desajeitado, eu subi e me sentei ao seu lado.

— Seus pés — comentei, eles estavam descalços e meio azulados —, não está

com frio?

— Um pouco, não se preocupe, Arthur.

— Você pode me chamar de Art, se preferir — falei.

— Sim, gostei de Art também, agora vou lhe chamar assim.

— É lindo aqui, não acha? — perguntei.

— Acho. Tem uma coisa que queria te falar, Art.

— O quê?

— Amo você, Art — impressionante como algumas palavras podem de dar

chão e tirar também. Mas o mais incrível de tudo é que se você sente a mesma

coisa que a outra pessoa sente, você perde o chão automaticamente.

— Eu também amo você — respondi.

— E agora?

— Tentemos? — sugeri.

— Sim, tentemos.

Eu nunca me senti tão bem sem chão.

Quando percebi que minha mão já estava no pescoço dela, meus lábios estavam

encostados nos dela e sem percebermos o ar quente estava brotando de nossas

bocas. Seu rosto gelado estava encostado no meu, nossas mãos se entrelaçaram.

Eu estava feliz em estar ali, com ela.

O sexto sonho – Pensamentos aleatórios

Acho que uma das partes mais sexies de uma mulher são as pernas. Mas o que

me impressionava em uma mulher era o modo de andar. Andando com aquele

olhar sedutor, vindo em minha direção.

Pouco antes de me deparar com uma floresta com árvores amarelas, me peguei

vendo a imagem que vinha em minha direção, era a menina dos olhos castanhos.

Ela parecia flutuar sobre as folhas já úmidas no solo da floresta, mas o que seria

mais interessante foi o fato de que ela estava com as pernas de fora e vinha em

minha direção correndo. Pulou em cima de mim e me beijou.

— Nunca se esqueça, sempre estarei ao seu lado — sussurrou ela no meu ouvido.

A Menina Dos Olhos CastanhosOnde histórias criam vida. Descubra agora