Naquele mesmo dia de tarde, Bella me ligou, disse que queria muito falar comigo
e pediu para ir até minha casa. Falei para vir. Não demorou muito pra Bella chegar.
— Desculpa — disse Bella minutos depois de ficarmos em silêncio, sentados
na varanda de casa.
— Por quê? — Queria que Bella admitisse que estava errada, e que não me
pedisse desculpas da boca para fora. Mas que também compreendesse o que as
palavras que ela afirmou significaram.
— Por ter chamado a Vic de vadia. Por ter sido ignorante.
Não respondi, ficamos em silêncio.
— Diz alguma coisa — disse Bella.
— Eu te desculpo — falei por fim.
— De verdade?
— Claro, Bella. Eu te amo, Bella, você a pessoa mais importante em minha
vida, não quero ter motivos para ficar bravo com você.
Nós nos abraçamos e estava virada aquela página. Minutos depois fomos
até a casa de Bella falar com os pais dela, ou pelo menos com a mãe dela, pois o
padrasto de Bella nunca estava em casa, só à noite.
Era a segunda vez que eu ia à casa de Bella, senti certo receio de ir e talvez
não ser muito bem recebido. Sendo de que da outra vez só entrei porque Bella
precisava realmente de mim.
— Vem — ordenou Bella assim que ela abriu o portão.
Fui entrando na casa da Bella, era tudo fechado, tinha cercas elétricas nos
muros, percebi que alguém gostava de flores; havia um canteiro repleto delas e
bem cuidadas.
— É, eu e minha mãe que cuidamos delas — disse Bella ao reparar que eu
estava observando as flores.
— São lindas — paramos de andar para olhar as flores.
— Muito, acho que a vida fica mais... — ela fez uma pausa — mais alegre com
flores no seu jardim.
— Por que flores? — perguntei.
— Porque as flores são fracas, mas resistem firme. São lindas, alegres e dão esperança
às pessoas — disse Bella, eu não sei por que ela havia usado o termo "esperança"
ao falar, mas soou meio pessoal. — Assim como eu — disse ela por fim.
Continuamos andando até chegar aos fundos da casa. Avistei uma mulher-menina.
Digo mulher-menina porque a mãe de Bella estava com um short curto, sentada
na grama, com as mãos sujas de terra e com um chapéu grande na cabeça. Estava
arrumando um outro canteiro de flores que tinha nos fundos da casa.
— Mãe — disse Bella.
— Oi, Samara — respondeu Silvia.
— Mãe, lembra do Art?
— Ah, lembro. Oi, Art, como está? — disse Silvia.
— Olá, vou bem e a senhora? — respondi.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A Menina Dos Olhos Castanhos
RomanceJá pensou como seria se apaixonar por uma pessoa que vive em seus sonhos? Não só sonhar, mas se apaixonar por uma sombra, da qual você nem mesmo sabe o nome. A única coisa que sabe é que seus olhos são castanhos. Arthur é um adolescente comum, que n...