A Menina Dos Olhos Castanhos

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PUF!!! Acordei...

Mais uma vez acordei de um dos meus sonhos com ela. E mais uma vez não

me lembro do rosto dela. Nunca lembro. A mesma pessoa, os mesmos cabelos,

os mesmos olhos castanhos toda vez, mas o problema é que nunca me lembro

do rosto dela.

Queria lembrar, queria sentir o cheiro dela, ver seu sorriso.

Era manhã de inverno, esse era o sétimo sonho que tive com ela. Não era sempre

que tinha sonhos com ela, mas frequentemente eu dormia e sonhava com ela.

Meu celular tocou, era Bella. Minha melhor amiga.

Muitos garotos têm melhor amigo, já eu era diferente, tinha melhor amiga;

sim, amiga. Bella sempre ligava de manhã para me acordar, era sagrado ela ligar.

Atendi.

— Alô, Art — disse Bella assim que atendi o celular.

— Oi, Bella.

— Tudo bem? — perguntou ela.

— Estou bem e você?

— Também — respondeu. — Isso são horas para estar dormindo, mocinho?

— Acho que são — dei uma pausa e fui olhar o relógio na cabeceira da cama,

eram seis da manhã. — Hum, ainda são seis da manhã, Bella.

— Sim, está na hora de acordar — disse Bella. — LEVANTAAAA — gritou.

— Sim, senhor — falei como um soldado.

— Já está de pé, soldado? — perguntou Bella com voz de sargento.

— Positivo, senhor — falei, embora estivesse deitado ainda.

Demos risadas juntos.

Bella tinha uma facilidade imensa de acordar cedo, já eu não tinha. Por mais

que gostasse de dormir, eu também gostava de ouvir a voz da Bella de manhã.

— Sonhei com você esta noite — comentou Bella ao celular.

— Sério? E como foi?

— Sonhei com aquele dia que fomos ao cinema assistir Guerra mundial Z.

Quando terminamos de assistir, a gente foi para a praça de alimentação do shopping,

lembra?

— Sim.

— Então estávamos lá e, de repente, uma pessoa vira zumbi e começa atacar

todo mundo, você pegava pelo braço, me puxava e corríamos para fora. Então

quase todos viraram zumbis e começavam atacar uns aos outros, a gente roubava

um carro e fugia do shopping. Chegávamos a um parque onde a gente saía do

carro e ia correndo para dentro do parque, e então de repente surgia um zumbi

e me mordia, e aí... eu acordei.

— Nossa.

— Estranho, né?

— Muito estranho — falei.

— Já pensou se isso acontece de verdade?

— Eu não vou deixar que te mordam.