Acordei assustado. Tinha sonhado mais uma vez com ela. Mas uma vez sem me
lembrar do seu rosto. Olhei no relógio na cabeceira da cama. Eram 22h02min. A
música tinha parado. O iPod tinha ficado sem bateria. Voltei a me deitar na cama.
Fechei os olhos, tentei sonhar com ela novamente. Mas pouco a pouco meu
corpo foi se relaxando e minha mente começou a viajar por lugares. Relembrando
momentos.
Tinha uma luz me incomodando, vinda da janela. Minha cama ficava encostada
na janela. Abri a janela, olhei para o alto e vi a lua. A mesma lua brilhante
do meu sonho. Pensei no quanto a lua estava linda, até que me ocorreu: "Será
que o coração de alguém está batendo por mim agora?".
Na manhã seguinte meu celular não tocou. Já havia se passado uma semana
desde a última vez que vi Bella. Não sei o que doía mais, se era sentir falta dela,
sentir saudade dela ou nem mesmo saber o que havia acontecido com ela.
Era manhã de inverno ainda, logo no primeiro clarear do dia eu acordei, era
sábado. Peguei meu caderno e comecei a rabiscar algumas palavras que eu queria
dizer a Bella. Turbilhões de sentimento passaram sobre mim, comecei a descrever
nesta carta cada sentimento, emoção, cada momento que passava por minha cabeça.
Quando terminei de escrever já eram oito da manhã. Senti uma franqueza,
uma raiva de não poder fazer nada para descobrir o que tinha acontecido.
Peguei, arranquei a folha do caderno, amassei e joguei no canto do quarto. Eu
sabia exatamente o que fazer, mas minha atitude naquele momento quebraria
a promessa que fiz a Bella de nunca ir à sua casa, mas a promessa eu teria que
quebrar e me arriscar a descobrir os mistérios por trás daquilo.
— Bom dia, filho — disse minha mãe assim que cheguei à cozinha. Philipe
estava fazendo o café.
— Bom dia, mãe. Bom dia, Philipe — falei me sentando à mesa com minha mãe.
— Bom dia, Art — respondeu Philipe. — Dormiu bem?
— Dormi. Philipe, preciso que você me leve num lugar, se puder, é claro — falei.
— Oh, sim, claro, posso te dar uma carona, hoje tenho aula para dar. Onde?
— Na casa de uma amiga minha.
— OK, vamos agora de manhã? — perguntou Philipe.
— Se não for incômodo — falei.
— Não, só vou tomar o café com sua mãe e aí vamos, OK?
— Tá bem.
Philipe tinha terminado de preparar o café, sentamos à mesa e começamos a
tomar. Servi minha xícara e fui para meu quarto.
Fiquei pensando em como eu ia chegar à casa da Bella, o que ia falar, o que ia
perguntar se me perguntassem o que eu era dela. Fiquei pensando nas possíveis
palavras que podia usar.

VOCÊ ESTÁ LENDO
A Menina Dos Olhos Castanhos
RomanceJá pensou como seria se apaixonar por uma pessoa que vive em seus sonhos? Não só sonhar, mas se apaixonar por uma sombra, da qual você nem mesmo sabe o nome. A única coisa que sabe é que seus olhos são castanhos. Arthur é um adolescente comum, que n...