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Havia sonhado mais uma vez com a menina dos olhos castanhos. Em uma

fração de segundo acordei na minha cama, deitado de lado e olhando para uma

foto na cabeceira da cama. A foto em questão era minha e de Bella.

O celular tocou.

— Art? — perguntou Bella ao atender o celular.

— Bella?

— Está acordado?

— Estou sim — respondi.

— Ótimo, preciso te contar um negócio sério — disse Bella um pouco nervosa.

— O quê? Aconteceu alguma coisa?

— Sim, Art, aconteceu tudo — disse Bella.

— Me conta então — confesso que fiquei muito aflito e preocupado ao mesmo

tempo. A voz de Bella estava repleta de preocupação, com leves tons de nervosismo.

— Aconteceu que não quero ir na aula hoje — disse Bella rindo.

— Eu todo preocupado aqui e você vem e me fala isso — fiquei aliviado, mas

irritado com Bella.

— Estava preocupado, é? — disse Bella com a voz irritante dela de bebê.

— Sabe que eu odeio quando você faz essa voz de bebê.

— Mas é fofa.

— Fofa o caralho — falei.

— Não discute comigo, Art, se eu estou falando que é fofa, é e pronto, acabou

— disse Bella querendo rir.

— Ui, que medo — falei rindo, acabamos rindo juntos.

— Art, passa aqui em casa mais cedo, está bem?

— OK.

— Antes que eu esqueça, compra sonho, viu, seu moço — disse Bella, e desligou.

Ainda era cedo para me arrumar, então voltei a colocar minha cabeça no

travesseiro e comecei a tentar refazer o rosto da menina dos olhos castanhos.

Pouco a pouco fui construindo seu rosto no meu pensamento, mas cada vez que

formava um rosto ele se desfazia. Desisti.

Levantei e fui me arrumar. Fui até à cozinha depois de me arrumar; Philipe

estava preparando o café, minha mãe ainda estava no quarto se arrumando e

Julia estava sentada na mesa comendo pão com presunto, acho.

— Bom dia — anunciei quando cheguei à cozinha.

— Bom dia, guri — respondeu minha irmã.

— Bom dia, Art — disse Philipe. — Dormiu bem?

— Bem, acho.

— Acha? — disse Philipe levantando as sobrancelhas.

— Sim. Bom, estou indo já.

— Ah tá, beleza.

Fui saindo. Olhei para o céu, estava amarelo e alaranjado ao mesmo tempo.

Estava lindo, um belo dia.

Fui andando. Cheguei à padaria uns cinco minutos depois de sair de casa. Entrei.

— Me vê dois sonhos — disse ao padeiro, que foi no balcão de vidro que

A Menina Dos Olhos CastanhosOnde histórias criam vida. Descubra agora