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Logo quando chegamos à cidade, comecei a sentir um calor fora do normal,

afinal a cidade era pequena, mal tinha 6 mil habitantes e ainda era um forno.

Muito quente.

As casas eram clássicas, com detalhes esculpidos a mão e portões de ferro.

Havia uma ou duas casas de dois andares. Mal tinha um centro, o que eles tinham

era uma avenida principal com várias lojas de diferentes tipos.

Subimos uma rua de acesso à avenida principal. A rua era tão inclinada que

senti todo meu corpo se deslocando para trás do carro. Continuamos subindo,

até que chegamos ao final da rua. A casa do meu avô era a última casa da rua,

depois dela havia uma descida com vários campos e árvores. Ele morava literalmente

em cima de um morro.

Seu Arthur era meu avô, eu tinha o mesmo nome do meu avô. Ele morava

com minha tia Ester, numa casa antiga, como moveis antigos e com cheiro

de tulipas. Minha tia cultivava tulipas no quintal. Tinha galinhas e frangos no

quintal, tinha várias fruteiras. É o quintal era realmente grande. Meu avô e minha

tia estavam esperando a gente na frente da casa.

— Oi, vô, oi, tia Ester — falamos minha irmã e eu ao sairmos do carro e

irmos dar um abraço neles.

— Oi, pai, oi, Ester — disse meu pai indo dar um abraço neles.

Cumprimentamo-nos e fomos para dentro da casa. Começamos a colocar a

conversa em dia. Conversamos sobre a escola, sobre a faculdade da minha irmã,

sobre minha mãe, trabalho, enfim, colocamos o papo em dia.

Meu avô sofria de Alzheimer, uma doença que provoca a perda da memória. Estava

fraco, conseguia se lembrar de muito pouca coisa do presente e do passado. De

vez em quando ele se lembrava dos amigos, filhos, netos e da minha avó (que havia

morrido há um tempo), mas tinha dias que não se lembrava de ninguém.

Minha tia e Julia foram para cozinha terminar de preparar o almoço. Meu

pai ficou com meu avô na varanda, conversando, ou tentando. Eu nesse tempo

dei uma andada no quintal deles. Vi alguns animais e comi algumas jabuticabas,

que estavam tão docinhas.

— Arthur!!! O almoço está pronto — gritou minha tia da cozinha.

— Estou indo — respondi.

Minha tia tinha feito uma carne assada no fogão a lenha, estava deliciosa. Tinha

arroz, feijão com bacon no meio, saladas e, como sobremesa, doce de leite,

embora eu não gostasse de doce de leite.

Depois do almoço, todos foram se deitar, o que era um costume; sempre

que almoçavam eles davam um cochilo. Só minha irmã que ficou na varanda

ouvindo música, mas logo eu percebi que tinha pegado no sono também. Eu

não dormia, não conseguia mais dormir à tarde, fiquei sentando na varanda

A Menina Dos Olhos CastanhosOnde histórias criam vida. Descubra agora