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Estudávamos na Escola Coronel Octavio de Queiroz. A escola foi fundada há

trinta anos por um professor que era coronel do exército, e seu nome mais para

frente passou a ser o nome da escola.

Octavio era uma escola qualquer. Grades, portões, salas, professores, funcionários,

diretores, quadra de esportes. Se pensarmos bem, não muito diferente

de um presídio. As salas são as celas, o intervalo é quando vamos tomar nosso

banho de sol. Tem o refeitório onde comemos. A direção. Os funcionários. Os

guardas. Tem grades para todo lado. Câmeras. Tem hora para entrar e sair. Tem

regras. É um verdadeiro presídio escolar.

— Art, quero um livro de presente — disse Bella assim que passamos pelo

portão da escola.

— Qual livro você quer?

— Quem é você, Alasca?

— Hum... qual o nome do autor? — perguntei.

— John Green, é o mesmo autor de A culpa é das estrelas.

— Sério?

— Sério.

— Se é o mesmo autor o livro deve ser perfeito, A culpa é das estrelas já é

perfeito, imagina os outros livros dele — falei.

Eu tinha lido A culpa é das estrelas junto com Bella. Éramos loucos pelos

livros do John Green, tínhamos quase toda a coleção dele, acho que só faltava

Quem é você, Alasca? para completarmos. Romances sempre foram nossa preferência

de livros, o que era estranho e curioso.

O fato era que a maioria dos rapazes da minha escola, assim como eu, lia Harry

Potter, ou outro de ficção e aventura. Mas não romances. Mas o negócio foi que

comecei a gostar de romances, não porque eu me senti deprimido, nem nada ver

com a “Menina dos Olhos Castanhos”. Mas sim porque era uma necessidade minha

adquirir histórias, e de certa forma, indiretamente, ter mais esperança de um dia, se

eu tiver sorte, poder viver um romance como aqueles que eu lia.

— Deve ser mesmo, por isso quero ler e você vai ler junto comigo — disse ela.

— Claro, vamos à livraria amanhã?

— OK, amanhã.

— Oiiiiii — disse Larissa chegando por trás e colocando seus braços no meu

ombro e no de Bella.

— Oi, Larissa — falei dando um beijo na bochecha dela.

— Oi, Art. Oi, Bella.

— Oi, Larissa — respondeu Bella.

— Tudo bem, gente? — disse Larissa.

— Bem — respondi.

— Bem também — disse Bella.

Nesse momento avistei vindo para a escola um garoto magrelo, assim como

eu, cabelo enrolado, desanimado, olhando para baixo. Era Samuel.

— E aí, gente — disse Samuel assim que nos alcançou.

A Menina Dos Olhos CastanhosOnde histórias criam vida. Descubra agora