Capítulo 3 - garota estranha.

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30 de abril, 2024. Tuesday.

¿Freen?

Sem a noção do tempo, abro meus olhos e suspiro frustrada, essa é mais uma das noites em que eu não consigo dormir de forma alguma, eu mudo de posição, uso métodos diferentes, coloco músicas, mas nada funciona, e no final, sempre terei que apelar para os remédios. Tem noção do quão ruim é se sentir inútil a ponto de não conseguir fazer o que o ser humano foi programado para fazer?

Levantei-me de minha cama coçando os olhos, acendi a luz e comecei a procurar meus remédios sem antes conferir o horário, 03:39, droga, tenho aula amanhã, como prestarei atenção? Achei os malditos remédios, a cartela estava acabando e minha mãe não poderia nem sonhar que eu aumentei a dose por conta própria.

Alcancei o copo de água que sempre deixo em meu quarto por que normalmente tenho cede de noite, coloco os comprimidos na bocas e os engulo com a água.

Deitei em minha cama novamente, senti o sono chegando lentamente como se fosse a presença de alguém.

Com muita luta, peguei no sono com determinada dificuldade.

[...]

Acordo com o terrível alarme tocando, o desligo com desgosto lembrando-me de que tenho aula, acho que o sistema escolar poderia ser diferente, quando as pessoas chegassem ao ensino médio, elas poderiam escolher um curso na faculdade, e ter aulas relacionadas a o que querem, eu quero estudar artes cênicas, mas a escola mata artistas como eu.

Com o tempo contado, me arrumo simplesmente igual a todos os dias, calça preta e camisa branca, meu estilo é baseado nessas cores, de vez em quando, eu diferencio com um vermelho ou azul, mas é difícil. Pronta para ir a escola, peguei minha mochila e a joguei em meus ombros, acenei para minha mãe como se dissesse bom dia, ela fez o mesmo. Pego minhas chaves e vou embora a pé mesmo.

Chego aos portões do inferno, adentro o lugar que tem o típico cheiro de adolescente misturado com a tensão escolar.

Concluo que cheguei relativamente mais cedo do que de costume quando percebi que nem Artho, o garoto que sempre chega mais chega cedo do que todos, havia chegado. Me sentei no lugar de sempre e comecei a mexer no celular para me distrair. A sala tinha sua brisa fria que entrava pelas janelas fazendo meu corpo se arrepiar, o ambiente é branco feito leite, parecido até como um manicômio, o lugar fica estranho sem pessoas, não que eu faça questão delas é claro, mas sem as pessoas o lugar fica vazio, triste e sem vida.

Um bom tempo depois, os alunos começam a chegar, junto a conversas, gritaria e barulho. Notei que dentre os estudantes, haviam algumas garotas novas, suas vozes são irritantes e escandalosas, e elas mal chegaram e estão fazendo um enorme escândalo. Eu observo tudo quieta, somente analisando o quão idiotas as garotas eram, não só as garotas, mas um dos dois alunos que também eram novos, um era o clássico estereótipo de cara de time, babaca e se achava demais, já o outro, quietinho, baixo e aparentemente nerdola.

Era provável que não sobrasse lugar na sala, rezo para que nem um desses novos alunos cheguem perto de mim, tirando o garoto baixo, mas minhas expectativas foram para o ralo quando o mesmo se sentou ao lado de Heng, um garoto alto, antigo na escola e amigo de Rebecca, uma garota relativamente bonita, extrovertida e que ocupava o lugar que o garoto novo acabara de se sentar.

Eu conheço praticamente todos com a palma da minha mão, essa é uma das vantagens de ficar no seu lugar, ninguém sabe sobre você, mas você sabe sobre todos.

Why Doesn't This Beautiful Girl Speak? - Freenbecky♡Onde histórias criam vida. Descubra agora