Cruel ⋆ sahyo

forty.

Sana's pov

Dois meses e duas semanas. 

Exatamente isso, fazem dois meses e duas semanas que saí de lá e voltei para o Japão. Dois meses e duas semanas que moro com meus pais, dois meses e duas semanas que deixei Jihyo.

O tempo não está sendo muito bom em me fazer aceitar. Cada dia sem ela parece pior, cada segundo sem saber como ela está parece horrível. Quando cheguei aqui sem um aviso prévio, meus pais sabiam que tinha algo errado. Eu odeio voar, aparecer em Osaka sem motivo não é algo comum.

Tive que contar tudo, tudo sobre Jihyo, tudo sobre Eunwoo, e doeu muito ter que me lembrar de tudo, doeu muito ter que falar isso em voz alta. 

No dia em que cheguei minha mãe apenas me abraçou e disse que ficaria tudo bem, meu pai, bom, ele parecia furioso por tudo que tinha acontecido comigo, mas não tinha como mudar as coisas, ele me deu um abraço e disse que a casa era minha e que eu podia ficar lá por quanto tempo quisesse.

Meus pais são espertos, peguei minha mãe pesquisando sobre Jihyo na Internet, eu apenas fingi que não vi o que ela estava fazendo. Era melhor assim.

Na primeira semana eu passava a maior parte do tempo no meu antigo quarto, deitada na cama, não gostava de sair, não queria encarar meus pais porque eu me sentia uma boba, uma boba por estar agindo dessa forma, mas eu simplesmente não consigo fingir que está tudo bem quando não está. Minha mãe vivia entrando no quarto, me trazendo comida, por mais que eu pedisse para que não fizesse.

Minha mãe notou que não poderia me ajudar e eu com o tempo cansei de olhar para as paredes do meu quarto. Então minha mãe achou um jeito de me manter ocupada, eu ajudava ela nas tarefas de casa, fazia as compras às vezes. Mas isso também não parecia o suficiente.

Então um dia, sem aviso nenhum, minha prima, Sakura, apareceu aqui em casa, ela é dois anos mais velha e tem um filho pequeno, Kaito.

Eu notei que ela não iria tão cedo vendo-a tirar as malas do carro.

Ela precisava trabalhar, então eu ficava com Kaito a maior parte do tempo, era uma boa companhia, ele era fofo, tinha apenas dois anos, estava aprendendo muitas coisas e ele é lindo, adoro crianças.

Estamos assim até então, eu cuido do Kaito e ajudo em casa.

Depois do primeiro mês eu tentei arranjar um emprego, mas estava sendo mais difícil do que eu pensava.

E a verdade é que eu não quero um emprego, não aqui.

Eu tive esperança, nas primeiras semanas, mesmo vivendo como se minha vida tivesse acabado, eu sempre acordava com a esperança de que ela apareceria para dizer que estava tudo bem. 

Mas então a noite chegava mais uma vez, e eu chorava até pegar no sono sentindo sua falta.

Falta do seu abraço, do seu cheiro, do jeito que ela me olhava e falava comigo, como ela me fazia sentir especial…

Sinto falta disso todo dia, e não passa ou diminui.

Sakura sempre tenta falar comigo sobre isso, me enche de perguntas sobre Jihyo, tenta saber o que eu estou sentindo. Amo minha prima, mas isso não me ajuda em nada. Eu e ela acabamos brigando uma vez.

— Então… Por que você não pode falar com ela mesmo? — Ela perguntou a algumas semanas atrás.

— É melhor assim, falar com ela só vai fazer minha dor aumentar.

— Mas e se ela já tiver uma solução?

— Eu não posso me basear em um “e se”, Sakura.

— Mas-