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*Harry POV

Mais um ano se iniciava em Hogwarts. Esse iria ser calmo, tranquilo, cheio de estudos.

Mas eu sou Harry Potter.

Mesmo depois da guerra, quais as chances de não me ferrar esse ano em Hogwarts?

Suspirei me ajeitando no banco pela milésima vez desde que saímos da estação.

– Harry se acalma!– Hermione bufou tirando os olhos do seu livro e me encarando.

– É cara!– Ron disse com o cenho franzido – Tá tudo bem?

Desde o ano passado, Ron parece ter apego a essa pergunta. Observei o rosto preocupado dos meus amigos e evitei suspirar.

Havíamos tido uma longa conversa sobre como eu deveria relaxar pois Voldemort morreu, Sirius, apesar de ferido, está vivo, e os aurores estão pegando os comensais como macaco pega piolho. Mas mesmo assim, foram 5 anos pisando naquela escola e sofrendo um atentado, como diabos eu simplesmente relaxaria?

– Harry não vamos ter essa conversa de novo!– Hermione suspirou fechando seu livro – Acabou, já foram meses desde que uma ameaça real foi relatada. Você pode respirar normalmente agora.

– Tá mais medroso que eu, Harry.– Ron riu me arrancando uma careta.

– Cuidado, esses vagões sempre tem umas aranhas pernudas para tacar na sua cabeça.– respondi com sarcasmo vendo o seu rosto ficar vermelho.

– Engraçadinho.– ele resmungou com o rosto vermelho – Só tô dizendo cara, relaxa. Se preocupe com três coisas esse ano.

– Quais coisas seriam essas?

– Ganhar a taça de Quadribol, pegar garotas e garantir que Malfoy caia pelo menos uma vez da vassoura.– Ron disse como se tivesse planejando algo sério.

Ri alto quando Hermione arfou indignada batendo na nuca do ruivo com o livro que estava lendo. Levantei as mãos em sinal de rendição quando ela se virou para me atacar também.

– Vocês deviam se preocupar com os NOM e NIEMs!– Hermione exclamou com profunda indignação e Ron e eu suspiramos nos afundando no banco.

– Mione os NIEMs vão ser ano que vem só.– Ron disse manhoso olhando pro rosto levemente vermelho da castanha– E os NOMs vão ser só por causa da Sapa rosa!  A gente já passou nessa lembra?

Hermione bufou revirando os olhos antes de voltar a ler o livro e ignorar nossos cérebros pequenos.

Ron sorriu travesso pra mim e retribui alegremente.

Podia sim ser um bom ano.

––––— ≈≈≈

O trem parou na estação me acordando no mesmo instante, acordou Ron também que previsivelmente babava contra a janela.

Peguei minhas coisas saindo no mais puro desânimo do trêm me deparando com aquelas carruagens e aqueles bichos esqueléticos.

Ainda não entendia o quão lerdo eu fui pra demorar mais de dois anos para perceber esses bichos.

– É fácil ignorar quando não se presta atenção nos detalhes.– a voz de Luna soou calma como sempre atrás de nós.

Me virei sorrindo para ela, Ginny e Neville que andavam na nossa nossa direção subindo juntos na mesma carruagem.

– Como foram as férias?– Neville perguntou simpático para mim e Ron me fazendo rir enquanto Ron atingia um nível novo de vermelho.– O que houve?

– O bom humor do fim da guerra fez com que Fred e George testassem seus novos brinquedos no nosso caro Ron.– Ginny comentou rindo do irmão.

– Ron agora adicionou trufas de chocolate na sua lista de medos.– completei me permitindo rir também enquanto a carruagem se aproximava da escola.

Me sentia no terceiro ano novamente. Remus era meu professor de Defesa e eu passaria parte do meu ano preocupado com a presença Sirius Black.

Agora por outros motivos.

Meu estômago se remexia quando lembrava da batalha do ministério. O que eu fiz sem pensar com Bellatrix.

Que quime no inferno.

– Cara, o que o suco de abóbora fez para você?– Ron me cutucou na mesa no salão principal enquanto comíamos.

Hermione também me olhava com uma interrogação na cabeça, só então que me dei conta de que apertava o copo com uma força desnecessária.

– Desculpa.– murmurei desviando o olhar.

Ao longe, na mesa da Sonserina, vi Malfoy desanimado, com o rosto apoiado nas mãos alheio a Zabini e Parkinson falando ao seu lado. Seu olhar cruzou com o meu me oferecendo uma careta de desgosto e um revirar de olhos.

Ele deveria ser grato a mim!  Pensei com escárnio Eu que livrei a bunda branquela do pai dele de Askaban.

Quando chegamos no ministério, Lucius Malfoy nos encontrou antes dos outros Comensais e nos alertou. Disse o que precisávamos fazer e foi um dos motivos de meu padrinho estar vivo. Não pude simplesmente ignorar isso no tribunal. Ron surtou mas se o próprio Dumbledore foi contra a prisão de Malfoy, quem seria eu a não fazer o mesmo.

Achava que os olhos do ministro pulariam para fora quando ele foi dado com apenas prisão domiciliar por 7 meses. Sinceramente.

Ron e Mione foram na frente para mostrar aos primeiros anos onde ficava nossa comunal e eu esperei preguiçoso no banco.

Até que eu vi Malfoy olhar sutilmente para os lados como se certificasse de que ninguém o observava e se levantou andando discretamente rápido para fora.

Me levantei quase que imediatamente e o segui para fora do salão.

Ele andava como se flutuasse pelo corredor, rápido e leve, enquanto eu, desastrado como sempre, tive problemas para me manter quieto.

Malfoy andou por um tempo até parar de frente a uma porta nas masmorras. Ele bateu algumas vezes antes da porta abrir levemente e ele ser puxado para dentro.

Como eu sou idiota, fiquei por perto esperando ver aquele cabelo loiro sair novamente. Estava quase desistindo quando a porta finalmente rangeu e ele saiu, segurando uma poção meio roxa nas mãos antes de guarda-la num bolso dentro do roupão.

Trocou uma breve conversa com quem estava por trás da porta, que só poderia ser Snape, antes de voltar a flutuar pelo corredor com pressa.

Sorri satisfeito comigo mesmo.

Malfoy estava tramando alguma coisa.

E eu vou descobrir o que é.

Seus Olhos Cor De LuarOnde histórias criam vida. Descubra agora