18.

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*Draco POV

Me joguei na cama passando os dedos nos lábios distraidamente.

Finalmente tínhamos nos beijado, mas infelizmente eu não conseguia me sentir 100% feliz com aquilo.

Encarei as paredes evitando suspirar. Podia não ter janelas nas masmorras mas eu sabia que lá fora o sol se punha e uma lua quase cheia nascia no lugar. Os pelos na minha pele se arrepiaram e meu estômago se retorceu em antecipação.

Não achava que essa sensação passaria em algum momento mas eu tinha esperanças. Lupin parecia viver tranquilamente com sua licantropia. Mas era fato que eu não sabia quase nada sobre ele.

Severus e Remus me visitavam as vezes, meu padrinho para avaliar meu estado e Remus para conversar, o que era surpreendente e um pouco reconfortante.

Minha mente insistia em voltar para aquele momento... Aqueles lábios e os olhos verdes brilhando para mim. Esperei por aquele momento por tanto tempo que meu cérebro quase derreteu.

Senti um arrepio no corpo todo percebendo que parte de mim queria voltar para aquela biblioteca, se sentar no nosso lugar e ficar lá, por mais algumas horas, vendo como seu rosto fica corado com cada interação minha e beijando aqueles lábios.

- Você está suspirando Draco.- me sobressaltei na cama olhando ao redor do meu quarto.

Severus estava com o rosto retorcido o que não era novidade e Remus me olhava com os olhos brilhando.

- O-oi padrinho.- respondi sentindo o meu rosto corar.

- Tá tudo bem? - Remus perguntou se sentando no sofá parecendo flutuar de tão radiante que estava.

- Estou eu só estava-

- Fornicando por aí com Potter?- meu padrinho resmungou com uma careta.

- O que?- perguntei com o rosto ainda mais corado. Claro não somos discretos mas... Ele comentando sobre? Justo ELE?

- Potter saiu de ridiculamente inútil para aceitável na minha disciplina em alguns dias. Ou ele encontrou um livro com todas as respostas da matérias, ou alguém está ajudando ele. O pirralho é amigo de Granger desde o primeiro ano e não melhorou em nada. - Severus cruzou os braços arqueando a sombrancelha para mim - E então?

- Deixe ele Severus. - Remus brigou parecendo achar graça.

- Quer que eu deixe meu afilhado com o afilhado daquele pulguento?- o professor perguntou indignado olhando para Remus que lhe oferecia um sorriso singelo.

- Sirius vai adorar saber que ainda pensa nele. - ele diz maliciosamente e meu padrinho bufou - Se vocês se gostam Draco, o melhor a fazer é ficar junto. Harry é alguém incrível e você também. Sirius vai surtar um pouco mas ele ama Harry mais do que tudo no mundo então está tudo bem. Seu padrinho rabugento também o ama e ele vai reclamar um pouquinho menos.

Sorri levemente triste e sentindo meu peito se remexer com a declaração de Remus.

- Como Sirius está?

- O pulguento estará aqui na próxima semana. - meu padrinho resmungou e meu estômago se retorceu levemente.

- Ele vai estar aqui quando...

- Ele sempre esteve Draco, acho que não conseguiria me livrar dele na lua cheia. - Remus me interrompeu melancólico - Por favor não fale pro Harry, Sirius insiste que seja surpresa.

- Interessante... Vim trazer sua poção, inclusive. - Snape disse, no mais carinhoso que conseguia ser - Vai conversar com Potter sobre isso?

Olhei apreensivo para Remus e Severus me sentindo perdido. Meu cérebro criou imagens mentais do seu rosto contorcido em desgosto se descobrisse que eu sou... Isso.

- Draco relaxa. Harry não vai se importar com isso. - Remus sorriu carinhosamente me abraçando de maneira desajeitada, dando tapinhas nas minhas costas - Eu te garanto isso.

––––— ≈≈≈

Amanhã era a lua cheia e eu estava inquieto. Não vi Harry essa semana por mais de 30 minutos e eu sabia que ele estava chateado mas não podia correr o risco.

Cocei minhas mãos enquanto andava de um lado para o outro no quarto sentindo a ansiedade começar a subir pela minha garganta quando alguém bateu na porta me fazendo saltar de susto.

- Luna... - resmunguei quando vi a loira entrar com cenho franzido.

- Harry está preocupado. - ela disse sem rodeios antes de abraçar, ficando na ponta dos pés para alcançar meu pescoço.

- Converso com ele em duas semanas. - resmunguei contra seus cabelos sentindo a ansiedade transbordar cada vez mais - Não quero que ele me veja machucado.

- Ele poderia me ajudar a cuidar de você. - ela apontou se afastando e me olhando nos olhos.

- Se ele não cansar de mim, um dia ele poderá.

Minhas mãos tremiam em espasmos pausados e minhas pernas cederam no instante em que eu me sentei no chão. Sentia os pelos do meu corpo se arrepiar e aquela presença estranha se contorcer dentro de mim.

Luna correu até mim com os olhos lacrimejando e me abraçou novamente, murmurando uma música calmante enquanto as lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto.

- Eu tô aqui Dray. Vai ficar mais fácil com o tempo. - ela sussurrou beijando o topo da minha cabeça e me mantendo fortemente contra ela.

Eu olhava para o nada, tentando controlar minha respiração e minhas lágrimas, pensando em Luna tentando entender meus gostos literários e rindo para certos termos, pensando em Harry sorrindo para mim, seu jeito atrapalhado que sempre me fazia me sentir mais leve e aqueles beijos, longos e apaixonados, curtos para ter contato...

- Queria poder ver ele agora. - disse com a voz rouca e quebradiça e sentir Luna ficar tensa quando algo na minha mesinha se moveu até cair no chão.

Olhei em volta rápido e assustado. Esse quarto era para ser a prova de fantasmas. Seres fofoqueiros, Hogwarts inteira saberia o que eu sou se deixassem eles vagarem por perto.

- Luna? - questionei e a loira desviou o olhar, encarando ferozmente um canto isolado do quarto.

- Não foi nada, o livro caiu só.- ela disse ainda encarando aquele mesmo ponto como se quisesse afundar o que quer que estivesse lá.

Olhei para ela e para aquele canto, confuso e agitando e me movi o mais rápido que pude naquela mesma direção.

No meio do nada, no canto isolado, senti uma textura suave e leve raspar nos meus dedos e um vento bater contra a lateral da minha cabeça, joguei os braços para frente tentando sentir novamente o que quer que estivesse lá, mas não senti nada.

Me movi às cegas, correndo pelo quarto com as mãos estendidas para frente até finalmente sentir aquele tecido entre os meus dedos.

Puxei sem pensar duas vezes sentindo uma leve resistência, mas aquele pano invisível deslizou silenciosamente no chão enquanto eu soltava um arfar de surpresa.

Dei um passo para trás, depois outro, e no terceiro acabei caindo sentando na minha cama.

Harry olhava para baixo, com as bochechas e a ponta do nariz vermelhas e os olhos levemente inchados como se estivesse chorando.

- Harry? - chiei incrédulo e confuso e o moreno se encolheu.

- O-oi...

Olhei para Luna pedindo ajuda ou uma explicação mas aparentemente, os detalhes no estofado eram mais interessantes do que me olhar.

- Como? - perguntei me recompondo levemente - O que você faz aqui?

- E-eu sei que você é um lobisomem e eu estava preocupado... - ele disse ainda sem jeito finalmente me olhando nos olhos.

Senti que todo o ar havia sumido. O quarto subitamente ficando cada vez menor e menor diante de mim.

- O-o que?

Seus Olhos Cor De LuarOnde histórias criam vida. Descubra agora