22.

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Um remexer constante me acordou.

Abri os olhos devagar piscando confuso para baixa claridade enquanto arrumava a armação que caia torna no meu rosto.

Observei Draco ainda deitado ao meu lado, mas me puxava para perto e para de  baixo dele aos poucos com o rosto levemente contorcido.

Toquei os curativos com a ponta dos dedos com medo de machucar se fosse 1% descuidado e senti meu peito doer, aquilo deixaria ainda mais cicatrizes.

Não fazia a menor ideia de que horas eram, mas provavelmente Remus e Snape mexeram os pauzinhos para que eu pudesse me ausentar das aulas com Draco, aquilo não era uma preocupação.

Na mesa de cabeceira, havia uma cesta que não estava lá quando fomos dormir. Sorri me inclinando o mais cuidadoso possível tentando escapar do abraço possessivo sem acordar o loiro.

Vocês dois vão precisar se alimentar e Draco precisa de mais algumas poções.
Ps: quando eu voltar aí eu terei comigo a câmera do Collin. Vocês dois estavam muito fofos abraçados.

Examinei a cesta conseguindo ouvir a voz de Luna em cada palavra lida. Tortinhas de abóbora e amora, frutas, chá, torradas e aquela famosa maçã verde, como brinde dois fracos de poção para dor e o mesmo potinho de creme azul que Remus tinha usado.

- Ela sempre acerta em cheio. - a voz rouca de Draco chamou minha atenção me fazendo dar um pulo de susto.

O loiro sorriu, colocando as mãos encima do machucado e se inclinou para se sentar. Os olhos voltaram a ter aquele brilho, mesmo que muito leve.

- Você parece... Melhor.

- Agradeço a vocês por isso. - Draco sorriu acenando para a cesta com a cabeça - Vocês me mimam muito.

- Acho que seus pais te mimaram muito. - me permiti sorrir com sarcasmo ficando aliviado quando o loiro sorriu minimamente.

- Eles faziam o que podiam, você deve saber bem sobre ser mimado, senhor Harry Potter. - o desconforto e o ressentimento devem ter sido óbvio em meu rosto - Não sabe? Não viveu em berço de ouro desde criança?

- Acho que isso é história para outro momento. - murmurei sentindo um agito no peito transfigurando um palitinho em uma faca e começando a cortar a maçã - Acho que temos coisas mais importantes para discutir do que o meu passado.

Me sentei diante do loiro estendendo os pedaços de maçã cortados vendo um sorriso malicioso brotar lentamente em seus lábios.

- Estou muito fraco. - murmurou fingindo (ou não) levantar as mãos e falhar - Preciso que você me alimente.

- Acha mesmo que é hora pra flertes? - arqueei a sobrancelha achando graça.

- Você me deve isso, não acha?

Revirei os olhos suspirando resignado enquanto levava o pedaço de maçã em direção a sua boca com cuidado.

- Essa é sua condição pra me perdoar?- perguntei esperançoso.

- Harry ... Eu andei pensando... Não acho, necessariamente que tem algo pra perdoar. - pisquei algumas vezes surpreso - Óbvio, você errou em esconder de mim, mas eu consigo entender o motivo.

- Draco eu-

- Mas não significa que eu não esteja chateado. - ele interrompeu mordiscando o pedaço de maçã que eu lhe entreguei - Você achou mesmo que eu era um comensal que sobrou?

Corei envergonhado e desviei o olhar do seu, o que aparentemente foi toda a resposta que Draco precisava.

- Eu não conseguia simplesmente acreditar que tinha acabado, como sua família tinha conexões com os comensais, eu pensei... - parei no meio do caminho com a maçã - Acho que eu esperava que algum momento as coisas iriam sair do controle, depois de quase perder o Sirius eu queria estar 100% preparado...

Havia certa compreensão no olhar do loiro mas também havia incerteza o que me deprimiu um pouco. Levei a maçã até sua boca e seus dedos entrelaçam nos meus apertando-os levemente, beijando as costas da minha mão.

- Como você está?

- Bem... Melhor eu acho. - o loiro deu de ombros tocando as ataduras com as pontas dos dedos - O lobo estava particularmente autodestrutivo.

- Você vai me contar mais sobre isso?- perguntei com cautela e Draco estremeceu.

Larguei a faca na mesinha de cabeceira me sentando ao seu lado e entrelaçando nosso dedos novamente.

- Preciso que você confie em mim Dray. - pedi encarando o contraste de sua pele pálida com a minha - Leve o tempo que precisar.

- É como um arrepio sob a minha pele... - o loiro começou depois de alguns segundos de silêncio - Consigo sentir quando estamos perto da lua cheia, quando eu tô com você, a Luna ou Remus. Como se estivesse se contorcendo dentro de mim.

- Incomoda?

- Quando eu faço algo que... "Ele" não gosta, incomoda. Como uma pontada no meu interior... Acho que ele gostou de você.

Draco sorriu pra mim tristemente antes de me puxar para um abraço apertado e triste.

- Isso é...

- Bizarro?

- Fofo. - dei de ombros sorrindo para seu olhar incrédulo - É como se você tivesse um outro "eu" dentro de você. É bom saber que todas as partes de você gostam de mim.

- Você é louco. - Draco balançou a cabeça com os olhos levemente arregalados.

- Acho que já ouvi alguma coisa assim. - pisquei um olho pra ele com um sorriso sarcástico - Mas você não parece achar ruim.

Draco me encarou por poucos segundos antes de me puxar pela nuca e colar nossos lábios. O loiro conduzia o beijo calmamente, minhas mãos se perdendo nos seus cabelos enquanto as suas apertavam minha cintura firmemente.

Me arrastei para seu colo devagar não quebrando o contato e me sentando sobre suas pernas, abraçando seu pescoço.

- Acho que você não está em forma, senhor Malfoy.- murmurei quando suas mãos fizeram menção de descer mais.

- Eu vou discordar só porque não gosto de admitir que você está certo. - um sorriso leve surgiu no canto de seus lábios, seus olhos finalmente brilhando intensamente para mim - Tenho que fazer um pedido formal?

- Prefiro um anúncio para Hogwarts toda. - Draco fez uma careta me fazendo rir.

- Minha mãe vai querer te conhecer. E meu pai vai ficar te julgando por cada respiração. - ele constatou analisando minhas reações.

- Acho que sua mãe vai ficar muito feliz com a notícia. Afinal eu garanti um mês de tratamento de rainha para ela. - me gabei com um sorriso arrogante que murchou quando os olhos do loiro se arregalaram e suas bochechas queimarem - Dray?

- Você é louco! - ele chiou batendo de leve no meu peito fingindo tentar me derrubar de seu colo - Não pode perseguir ou espionar as pessoas assim! Pervertido.

- Você sumiu!

- Não justifica! Maluco.

- Mas você admitiu que gostava de mim.

- Faça isso novamente, e eu te jogo pro polvo gigante nas profundezas de Hogwarts.

Explodimos em risos até ficarmos ofegantes, Draco me puxando novamente para beijá-lo com um sorriso nos lábios.

Seus Olhos Cor De LuarOnde histórias criam vida. Descubra agora