Cap 29

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-Quero dizer que fui presa pela falta de opções e pelo desespero momentâneo. - Ela disse.

-Conta para mim?- Soraya perguntou e Simone assentiu. Desde sempre Soraya a fazia desejar compartilhar sua vida e seus pensamentos com ela. Algo na garota era simplesmente cativante aos seus olhos. Aliás, algo não, tudo nela era cativante aos seus olhos.

- Meu avô voltou a ter tosses fortes e a cuspir sangue, o que fez eu me desesperar por dinheiro. Tentei de tudo, inclusive pedi em redes sociais, mas era um valor muito alto, nem se eu trabalhasse anos conseguiria.

-Você roubou?- Soraya indagou e Simone suspirou.

-Começou a aparecer uns babacas oferecendo dinheiro para transar comigo e aquilo me deu muita raiva. Quem faria aquilo? Eu disse que meu avô estava morrendo e eles me tratando como prostituta, então passei o número da conta para eles e disse que iria. Trocamos mensagens e enviei fotos de mulheres nuas que achei na internet para enganar pra eles acharem que era eu. Eu estava com raiva... Desesperada. - Simone disse com mágoa na voz antes de umedecer os lábios- Eles mandaram na minha conta o dinheiro e eu bloqueei eles e vi que o dinheiro vinha fácil. Era de mil dólares para cima, então comecei a fazer isso sempre.

-Sabe que é compreensível na hora do desespero, não é?- Soraya disse ao ver o auto-desprezo no olhar de Simone.

- Não Soraya, não é. - A morena disse sentindo sua garganta se fechar.- Faltava tão pouco dinheiro, tão pouco... Mas ninguém mais mandou dinheiro em minha conta e acabei marcando encontro com um deles. Eu o embebedei muito e furtei seu relógio, que eu sabia que valia a quantia que faltava. - Ela riu com desgosto.- Fui presa por furto e, com as acusações em meu nome, adicionaram a pena de estelionato.

- Eu sinto muito. - Soraya disse e Simone negou com a cabeça.

- Não sinta. Fui estúpida e acabei tendo todo o dinheiro congelado, o que resultou na morte do meu avô assim que eu fui presa. - Ela falou com pesar. - Ele morreu com a imagem de uma maldita neta criminosa.

- Sisa, não! - Soraya disse, levando uma mão ao seu rosto. - Não pense assim, por favor,- Pediu. Ela estava odiando ver a mais velha se sentir daquela forma. - Aposto que ele sempre se orgulhou muito de você e deve ter imaginado que você queria o dinheiro. Ele te conhecia... - Os olhos escuros se focaram nos castanhos e mesmo na penumbra do local elas se viam nitidamente.

-Você acha?- Simone indagou.- Eu nunca tive a chance de explicar. Eu...

- Ele sabia. Tenho certeza. - Soraya disse, se aconchegando mais nos braços de Simone. - Eu, que te conheço há pouco saberia, imagina seu avô que com certeza viu seu esforço por ele ao longo dos anos. - A morena suspirou e apoiou sua testa na de Soraya, fechando os olhos ao sentir a carícia da loira em seu rosto.

-Eu fui liberada para ir no enterro dele. - Simone disse baixinho. - Fui algemada, mas estive lá. Pedi perdão... Espero que ela tenha me perdoado

- Ele não tem do que te perdoar, amor. - Soraya sussurrou, fazendo Simone abrir os olhos ao ouvir a loira proferir aquela palavra.- Aposto que se ele pudesse, ele te agradecería por colocar a vida dele acima de todo o resto e lutar por ele.

-Obrigada.- Simone disse, dando um meio sorriso. - Eu acho que quero te beijar...- Ela sussurrou e Soraya sorriu.

-Só acha?- Soraya perguntou, deixando um bico manhoso enfeitar seus lábios. A morena sorriu abertamente.

-Eu tenho certeza de que quero te beijar.- Simone corrigiu.

-Está esperando o quê? - Soraya indagou e Simone sorriu, se inclinando para capturar os lábios macios da loira entre os seus. Soraya riu entre o beijo ao sentir Simone mordiscar seu lábio inferior e levou sua mão até a cintura da libanesa, apertando-a.

- Eu passaria o resto da vida com você assim... - Simone falou com a voz meio abafada e Soraya suspirou.

-Não entendo como você é a líder disso aqui... - Soraya disse e Simone riu.

-Quando eu te contar você não vai acreditar. - Ela falou, descendo beijos pelo pescoço da loira, que arfou e fechou os olhos.

-Você disse "Quando"? Isso quer dizer que vai me contar?- Soraya perguntou e retesou os músculos do abdômen quando as mãos de Simone adentraram sua camisa e acariciaram a região.

- Sim... Não vou te esconder mais nada. - Simone falou, sentindo Soraya segurar sua mão, que migrava para seus seios.

-Então me conta agora, Simone... - Soraya pediu com a voz dengosa e Simone franziu o cenho.

-Agora? Não podemos transar rapidinho antes? - A morena perguntou e Soraya sentiu seu centro avisar que ela estava excitada

- Eu adoraria, mas quero saber. - Soraya falou com muito esforço e a morena negou.

-Preciso conversar com alguém antes. - Simone disse e Soraya franziu o cenho. - Mas juro que vou te contar.

- Não pode dizer nem uma prévia?- Soraya perguntou mordendo o lábio inferior e Simone riu.

- Não seja curiosa, eu te direi, mas não agora. - Ela avisou e Soraya entortou o canto dos lábios. - Vamos lá, não faça essa cara. Vou confiar em você mais do que em qualquer pessoa nessa prisão.

-Até mais que em Janja?- Soraya indagou confusa.

-Sim. Ela não sabe por que vim presa. Não gosto de falar disso.- Simone informou e Soraya assentiu, envolvendo os braços ao redor do pescoço de Simone.

- Então acho que vou aceitar a proposta de transarmos...- Soraya murmurou- Mas nada de rapidinho não. Quero fazer amor com você por horas... - Sussurrou contra os lábios da mais velha.

-Fazer amor, hm?- Simone indagou alegre e Soraya assentiu.

-Sim... Quero transar com carinho... - Ela murmurou e Simone sentiu sua respiração acelerar ao ouvir o tom de voz de Soraya.

Ela engoliu em seco e apenas assentiu, afundando sua língua na de Soraya com paixão e lentidão, sentindo seu coração bater não só descompassado, senão feliz também. Estava com quem queria e, apesar de estar presa, vivia finalmente um momento feliz em sua miserável vida.

Respirem, tamo juntas.

𝙈𝙮 𝘿𝙚𝙨𝙩𝙞𝙣𝙮 |  𝑺𝒊𝒎𝒐𝒓𝒂𝒚𝒂Onde histórias criam vida. Descubra agora