Penitenciária Feminina do Distrito Federal – PFDF.
Seu corpo foi lançado com força para a frente, fazendo-a quase cair antes de conseguir se equilibrar, Seus olhos castanhos percorreram a extensão de todo o pátio, analisando meticulosamente todas as garotas do local. Soraya pôde perceber que andavam em bandos, e que ela aparentemente era a carne nova no pedaço, pois todos os olhares estavam focados nela.
Enormes cercas elétricas eram coladas com paredes quilométricas. Havia câmeras de segurança por todos os lados e os uniformes laranjas se destacavam entre os marrons e brancos. Policiais femininas rondam por ali, prestavam atenção em toda e qualquer aproximação estranha que poderia ser uma possivel briga.
Soraya não deixou de notar que, em algum momento, todos abaixaram a cabeça quando uma mulher de pele extremamente clara e de cabelo escuros passava por elas. Curiosa como costumava ser, Soraya jamais baixou o olhar, vendo a morena subir na mini-arquibancada, feita de ferro e madeira, e se sentar.
A morena percorreu o olhar pelo perímetro, contudo, ele parou em Soraya. A expressão solene entregava que ela não queria que a olhasse, mas algo na garota a prendia.
-Thronicke? Estou te chamando! - O grito da policial fez Soraya pular de susto.
- Desculpe, eu não te ouvi. - disse, vendo a negra, de roupa azul escuro, lhe fitar seriamente.
-Eu não costumo dar avisos para as presidiárias novatas, mas vi que ficará um bom tempo aqui, então sugiro que não a encare. Ela não gosta. - A policial falou e Soraya assentiu, dando uma última olhada para a garota antes de ler o nome no crachá da policial.
- Em que posso ajudar, senhorita Franco? - Soraya perguntou e a policial apoiou sua mão direita sobre a arma em sua cintura.
- Tem visita para você, me acompanhe. - Ela disse, prendendo as mãos de Soraya em suas costas e a levando dall.
- Visita? Sabe quem é? -a alemã indagou.
- Não sou sua escrava, detenta. Da próxima vez descubra por si só. - Anielle disse friamente. - Nem todas as policiais aturam essas perguntas. Algumas são realmente más, então procure não falar com elas. - A policial alertou.- Enfim, é sua advogada e sua irmã.
-Obrigada pelo conselho. - Soraya disse.
Caminharam o resto do caminho em profundo silêncio e, quando finalmente chegaram, a advogada fez questão de deixar que soltasse Soraya das algemas, e assegurava que ela não era perigosa.
- Por onde esteve? - Soraya perguntou assim que a policial a soltou e se afastou. Sua irmã correu para seus braços e a abraçou fortemente.
-Eu realmente quis tirar férias do mundo. A assistente social de Isabella que conseguiu me contatar através de um amigo. - Falou, se separando do abraço.
- Isabella ficará com você? - Soraya perguntou e Samantha suspirou, assentindo.
Isabella é filha de seu irmão mais novo, ele havia tido ela muita novo, porém a mãe da criança morreu na mesa de parto, logo após o nascimento da menina, desde então Soraya que ajudava a cuidar da criança, junto com Marisa.
- Sim, não pude acreditar que mamãe fez isso. - Sam disse paralisada, prendendo o choro. - Ela nunca havia feito nada mais do que nos agredir, mas isso há muito tempo. Nós deveriamos ter....
-Hey… - Soraya disse, segurando sua mão e olhou de relance para a advogada, que mantinha a cabeça baixa esperando o momento intimo delas acabar. - Não dá mais para mudarmos isso, é melhor não nos machucarmos dessa forma.- A mais nova assentiu cabisbaixa - Como você está?
-Como eu estou? -A irmã dela perguntou incrédula. - Você é que foi presa injustamente, não eu. Como você está?
-É, mas você também perdeu um irmão- Soraya suspirou.
-Você não precisa ser tão empática o tempo inteiro, So. Eu estou me virando aqui fora e eu vou te tirar daqui.- Sam disse com determinação. - Essa é nossa advogada, Gleise Hoffmann, perdão não lhes apresentar antes. - A mulher estendeu a mão para Soraya e apertou de modo formal.
- Temos boas e más notícias para você, senhorita. - A advogada Hoffmann anunciou. Soraya analisou que ela vestia um conjunto social cinza, com uma blusinha branca por baixo. Sua saia batia um pouco abaixo do joelho e sua expressão era solene.
- Diga qualquer uma primeiro, pior do que estou, só morrendo. - Soraya disse dando de ombros
-Certo. A boa é que ainda nessa semana juntaremos provas o suficiente para te tirar daqui. - Gleise disse, apoiando as duas mãos sobre a mesa de aluminio. - E a má é que, embora sejam uma familia rica, a juíza decretou o próxima audiência somente em seis meses.- Os olhos de Soraya se esbugalharam.
-0 quê?- Exclamou atonita. - Vou ter que ficar seis malditos meses aqui?
-Infelizmente o julgamento já fol finalizado e para reabrir o processo a fila é enorme, é fim de ano, temos poucos juizes neste estado, teremos que esperar. Não posso oferecer dinheiro, seria suborno.- Soraya levou as duas mãos até seu rosto e meneou a cabeça, aflita demais para processar a informação.
- Virá me visitar com frequência? - Soraya indagou à sua irmā.
-Vou dar meu melhor, com isso das papeladas da Isa e meu trabalho, você sabe... - Sua frase morreu, contudo, Soraya assentiu.
-Se não conseguir vir em menos de très semanas, pode me fazer um favor?- Sua irma assentiu- Compre um unicórnio enorme de plástico para nossa sobrinha. É o que ela me pediu de aniversário. - a loira disse tristemente.- E diga que foi presente da tia So.
- Tudo bem, agora precisamos ir, mas se cuida, maninha. - Sam disse, dando um rápido abraço em sua irmã. - E se mantenha fora do alcance das garotas daí, são perigosas. Não diga a ninguém que você é rica e tudo ficará bem.- Soraya assentiu e se despediram.
Quando a policial lhe colocou no pátio novamente, a primeira coisa que Soraya notou foi o par de esferas escuras sobre si e instantaneamente, o aviso da policial Franco soou em sua mente: "Não a encare, ela não gosta."
Se não gosta, então por que fica encarando também? Pensou Soraya, mas desviou os olhos mesmo assim, afinal, não queria brigas, muito menos em seu primeiro dia alí.
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𝙈𝙮 𝘿𝙚𝙨𝙩𝙞𝙣𝙮 | 𝑺𝒊𝒎𝒐𝒓𝒂𝒚𝒂
FanficO que você faria se, por um golpe do destino, você fosse presa mesmo sendo inocente? Soraya Thronicke não se assustou tanto quando foi mandada ao julgamento, afinal sua família tinha a conta bancária transbordando dinheiro o suficiente para pagar o...