Capítulo sete

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Iara

Seguro a risada com a careta de Fernando após servir um dos convidados, balanço a cabeça e me concentro em terminar de decorar os docinhos.

"Conhece?" Fernando me cutuca e olha para a frente, sigo o seu olhar e engulo em seco ao ver Cadu.

O que ele faz aqui?

Vejo uma mulher loira parar ao seu lado e segurar em seu braço direito como fossem íntimos, ela tenta beijá-lo e Cadu desvia. Suspiro e volto a minha atenção para o meu trabalho que é o que realmente importa, e ignoro a sensação de desconforto dentro de mim.

"Conhece ou não?" Fernando insiste e eu apenas nego.

"Você vai servir lá dentro?" mudo de assunto e o meu amigo percebe, ele apenas balança a cabeça e sai.

Sinto a sensação de estar sendo observada, mas não olharei para Cadu, na verdade eu fui bastante boba por pensar que ele ficaria apenas comigo, além do mais, eu já sabia que não posso lidar com ele. Eu não sou o tipo de pessoa que aceita restos, até porque eu não sou um!

Ao decorrer da festa eu faço de tudo para não sair deste lugar, porém em um momento eu sinto a necessidade de usar o banheiro já que a minha bexiga está quase explodindo.

"Fê, eu já volto" falo para o meu amigo que assente.

Caminho até o banheiro dos funcionários que fica atrás do salão, ignoro os casais se beijando loucamente e consigo entrar no banheiro. Faço xixi e então me analiso por alguns segundos no espelho antes de sair, porém sinto o cheiro de Cadu e tento votar para o banheiro, mas sou puxada pelo braço.

"Shh, sou eu" Cadu diz me colocando contra a parede e encosta os nossos lábios em um selinho, mas o empurro e cruzo os braços.

"Você não vai me tocar depois de beijar outra garota, Carlos!"

"Eu não beijei ninguém, Iara. Agora vem cá, quero sentir o seu gosto" ele me agarra pela nuca me fazendo suspirar e tudo seria mais fácil se Cadu fosse horrível de lábia e de pegada.

"Não, eu vi, não sou idiota. Eu realmente não vou conseguir levar adiante isto que..."

"Você fala demais, porra. Eu já expliquei que beijei ninguém, você me viu beijando?" ele segura o meu rosto e nego suspirando "Posso ser um filho da puta, mas não sou mentiroso" murmura e me cheira "Doce e floral" fala e morde levemente o meu pescoço.

"Eu não sabia que estaria aqui" digo tentando afastá-lo, mas Cadu parece necessitar me encostar já que está a todo momento me tocando. As suas mãos agarram a minha bunda coberta pela calça preta social e o escuto xingar um palavrão.

"Essa porra marca... está sem calcinha, Iara?" o tom de irritação é forte em sua voz e suspiro negando.

"É de malha, justamente para não marcar" Cadu fecha a cara e me beija fortemente me machucando, bato em seu peito, mas ele não se afasta, apenas suaviza o beijo e o termina com alguns selinhos "Preciso voltar" Cadu nega e me agarra novamente me deixando com frio na barriga.

"Quem é o cara que fica do seu lado?" pergunta sério e franzo o cenho.

"O Fernando? É da equipe e, também o meu amigo" respondo simples e o homem moreno aperta o meu queixo.

"Ele tem um olho sobre você e é melhor deixá-lo ciente que já tem alguém!"

"Cadu, eu preciso ir, tchau" desvio do assunto e o empurro. Mas ele segura em seu braço direito e me olha nos olhos.

"Não vá embora sem se despedir ou aparecerei na porta de sua casa!" diz me fazendo arregalar os olhos e sem saída, assinto.

Eu volto correndo para o meu trabalho e tento focar nisto, Cadu veio diversas vezes pedir sobremesa que eu sei que ele não iria comer, mas era somente para marcar território já que na primeira vez o Fernando já percebeu que há algo acontecendo.

"Logo o Montenegro, Iara?" suspiro quando o meu amigo me aborda e dou de ombros.

"Pés no chão, algo passageiro e sem importância. Sabe como homens assim são, Fernando" digo sincera e ele me olha e analisa rapidamente Cadu que conversa com dois homens negros.

"Não sei se ele pensa assim, ninguém age desta maneira enciumada com alguém que não tem importância. Eu sou homem e bem..." ele pisca e sorri de canto "Acredito que ele está te levando a sério e isso é legal, você é uma menina que merece ser tratada com respeito" sorrio fraco e desvio o olhar para o maçarico em minha mão.

As palavras de Fernando tiveram um peso já que Cadu está longe de ser um cavaleiro. Não precisei de muito tempo para perceber que ele é uma pessoa rude, egoísta, possessiva e persistente. Sei que não terei o tratamento de princesa da Disney e isso me faz pensar se estou indo pelo caminho correto, porém do outro lado, tenho a forte sensação de que não depende só de mim. Cadu me perseguiu quando o rejeitei e isto me faz refletir como seria se eu desse um basta... eu teria esse poder de mantê-lo longe?

Por mais que eu saiba da importância da família Montenegro, sendo donos de várias propriedades, sinto que Cadu não é apenas um herdeiro, ele tem um ar de perigo e não tenho ideia do quão profundo é este buraco que, estou entrando.

Se eu comentar com os meus pais sobre, eles vão exigir que Cadu me peça em namoro ou vai me mandar ficar longe. Nunca apresentei ninguém até porque nunca tive nada com alguém antes, mas independentemente tenho a impressão de que não seria fácil, já que além da minha família, tem a família do Cadu...

Balanço a cabeça afastando estes pensamentos e tento focar no agora, me lembro das palavras de Cadu sobre não ficar em cima dele, e isto é bastante claro que é apenas um rolo que logo acabará.

"Eu quero panacota de frutas vermelhas" a voz fina me tira dos pensamentos e vejo a mulher loira que conversava com o Cadu. Ela é linda, parece uma modelo e penso que até seja. É uma barbie, loira, alta, magra e tem olhos azuis.

"Só um momento" murmuro soltando o maçarico e pego uma taça para começar a preparar o doce. Vejo pelo canto do olho uma outra mulher loira se aproximando e iniciando uma conversa com ela, eu até ignoraria, mas quando o nome do Cadu foi mencionado obteve a minha atenção.

"Eu vi vocês conversando, voltaram?" a amiga pergunta e escuto em silêncio.

"Cadu terminou comigo e sabe como ele é difícil, a palavra dele é lei e nunca ele volta atrás. Mas estou empenhada em reconquistá-lo, somos perfeitos juntos, amiga. Eu até mesmo estava olhando vestido de noiva" engulo em seco e suspiro sentindo a chata sensação de comparação.

"Passaremos o próximo fim de semana em Ibiza, o Leo vai chamar ele nesta viagem com certeza vocês vão reatar."

"Espero que sim, eu ainda o amo mesmo sabendo que... você sabe."

"É o jeito dele ser frio, Vanessa, se ele não gostasse de você não teria te pedido em namoro."

"Ele não pediu, eu o pedi e ele não me respondeu, apenas riu daquele jeito dele, mas continuamos saindo juntos, para mim era um namoro, eu só ficava com ele."

"Ele nunca foi fiel, eu sei, mas as coisas vão mudar, amiga. Ele parece estar mais tranquilo hoje, você viu, está mais falante e solto."

"Por que está olhando tanto assim pra ele?" rio baixo e termino logo de preparar a sobremesa da tal Vanessa e ex de Cadu antes que aqui vire a atração da noite.

"Está pronta" falo rápido e a entrego o doce, Vanessa sorri forçado e sai rebolando em sua roupa curta ao lado da amiga "Você ouviu?" pergunto para o Fe que assente rindo.

"Vai ser divertido" murmura e reviro os olhos procurando com o olhar pelo Cadu, ele já me olha e engulo em seco desviando "Se ele tivesse uma arma, atiraria agora em mim."

"Não seja idiota. Falta muito para acabar?" mudo de assunto e Fernando nega olhando o relógio em seu braço esquerdo.

"Uma horinha apenas, vai dormir com o galã?"

"Não, Fernando, pare!" ele levanta as mãos e o mostro a língua.

"Eu sou moça de família" forço um sorriso e rimos iniciando outro assunto. 


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A droga do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora