Capítulo dezesseis

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Iara

Eu controlo a minha respiração quando Cadu estaciona o carro, o olho extremamente brava e nego com a cabeça pegando as minhas coisas.

"Não irá sair antes de conversar comigo!"

"Não há nada para conversarmos, Carlos. Você é maluco e neste momento quero distância de você!"

"Eu não agiria desta maneira se não estivesse dando moral para outros caras enquanto está comigo, porra!" franzo o cenho me sentindo magoada com as suas palavras e forço mais uma vez a porta, mas está trancada.

"Chega, você é um imbecil, eu não vou tolerar que fale assim de mim e abra essa porta!" falo firme segurando o choro e bato na mão de Cadu ao tentar me tocar "Eu não quero que me toque, que me olhe ou dirija alguma palavra a mim, chega. Não é a primeira vez que age feito um idiota, acabou toda esta merda!" estou em meu limite e aperto o botão para destravar o carro.

"Não, Iara, espera, eu..." deixo Cadu falando sozinho e corro até a minha casa. Sou rápida em entrar e me trancar, subo até o meu quarto e fecho a varanda com a trinca, também tranco a porta e me permito chorar por ter cedido novamente ao idiota do Carlos Eduardo!

Eu me derramo em lágrimas até a minha raiva amenizar, então vou até o meu banheiro e tomo um banho para tentar me deixar um pouco melhor. Evito me olhar no espelho para as lembranças não me entristecer ainda mais, a minha mente já está confusa e perdida o suficiente.

Eu me troco e fico deitada em minha cama perdida em pensamentos até ouvir batidas na porta, reconheço a voz da minha mãe e me preparo para escutar uma bronca.

"Pode entrar" falo abafado e desvio o olhar para a televisão.

"Pensei que não voltaria mais para casa, Iara. Está passando muito tempo fora, há algo que queira me dizer?" os meus olhos presos na tela lacrimejam e respiro fundo pensando que está encerrado o meu lance com o Cadu, então não há nada para dizer além de escutar sermões dos meus pais dizendo o que eu já sei, que fui uma boba e me deixei levar.

"Não, eu e a Suelen apenas perdemos um pouco da noção, mas prometo que não vai voltar a acontecer."

"Olhe para mim, Iara!" a sua voz sai em tom firme e lentamente obedeço "Estava chorando" é o suficiente para me fazer voltar a chorar e faço sinal com a mão para mamãe parar de caminhar.

"Eu não quero falar disso ainda, mas irei te falar quando me sentir pronta, mãe."

"Tudo bem, mas é tão grave para te deixar assim? Se alguém te machucou não posso esperar de braços cruzados!"

"Não mãe, é bobagem, eu vou te dizer apenas me dá um tempinho, ok?" ela assente e se aproxima me abraçando.

"É um garoto!" ela afirma e fico em silêncio.

"Se, vier me procurar diga que não estou, por favor, apenas te peço isso" suplico e me afasto lentamente para olhar em seus olhos cor de mel.

"Tudo bem, mas não exceda no tempo de espera. Eu e o seu pai temos o direito de saber quando algo te faz chorar" balanço a cabeça e suspiro enxugando as lágrimas.

"Eu vou dizer, apenas preciso de um respiro" ela me olha apreensiva, mas não insiste, beija a minha cabeça e sai do quarto fechando a porta.

Respiro fundo me ajeitando na cama e prendo a respiração ao escutar barulhos na sacada.

"Droga!" praguejo baixo, mas não vou ceder, não mais!

O meu corpo e coração podem até mesmo me fazer balançar e repensar, mas não posso permitir receber este tipo de tratamento sem nenhum merecimento. Eu não sou de má índole, tenho os meus princípios e valores para permitir ser magoada por um homem egoísta e rude.

A droga do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora