SEMANAS DEPOIS
Antônio marcou em cima até tudo sobre o casamento civil e religioso de Lucero e Fernando estar pronto, juntamente com a festa no bairro, a qual Cidinha insistiu para que houvesse mesmo com o desânimo do casal. A comemoração já acontecia após as cerimônias que passaram sem maiores problemas e os noivos estavam parados, forçando sorrisos quando um ou outro convidado passava os cumprimentando. Como eles imaginavam, a suposta história formou um burburinho na rua, mas pelo casamento ter acontecido quase que imediatamente, todos os boatos logo acabaram.
− Você quer ir embora? – Fernando perguntou baixo ao notar Lucero trocando a posição dos pés constantemente, desconfortável.
− Eu nem sei o que estou fazendo aqui. – Lucero falou entredentes, ainda com um sorriso forçado no rosto.
Fernando suspirou, voltando a olhar para frente. Era fato que eles estavam como estranhos no ninho naquela festa, mas se já haviam aceitado, deveriam aguentar, só que ele sabia que era comum em casamentos que os noivos saíssem antes dos convidados.
− Eu acho que posso dar um jeito nisso. – Fernando falou baixo e levantou a mão. – Dona Cidinha! – ele chamou um pouco mais alto para que Cidinha, que estava um pouco distante, escutar.
− Oi, meus filhos. Estão gostando da festa? – Cidinha se aproximou, sorridente.
− Está tudo de muito bom gosto, nós agradecemos demais. – Fernando sorriu e Lucero fez o mesmo, assentindo. – Mas é que a Lucero está muito cansada e eu acho que não faz muito bem para ela ficar muito tempo em pé. A senhora se importa se a gente se recolher agora? – ele perguntou sem graça.
− Claro que não, você tem toda razão, essa menina não pode fazer muito esforço. – Cidinha falou e se virou para Lucero. – Eu só vou pedir para que você se despeça do seu irmão porque ele vai embora amanhã cedo e com certeza vai querer vê-la.
− Sim, eu também gostaria muito de dar um abraço nele. – Lucero assentiu.
− Então só esperem mais um pouquinho, por favor, eu só vou localizá-lo. – Cidinha falou, já procurando Antônio no meio da multidão.
Lucero e Fernando observaram Cidinha ir até Antônio que estava em um canto, conversando com alguns pensionistas já conhecidos por ele, quando a senhora chegou para falar e apontar para o casal, caminhando com o homem até lá imediatamente.
− A dona Cidinha me disse que você quer descansar. Eu fico muito feliz que tenha tomado um rumo na vida, minha irmã, mesmo que não seja o que você queria, foi o melhor para a sua situação. – Antônio apontou para a barriga de Lucero.
Lucero abraçou Antônio. Por mais incrível que pudesse parecer, ela não sentia raiva do irmão, pois conhecia o conservadorismo da família, sabia que o esperado por todos era que ela se casasse um dia e a culpa era inteiramente sua por apressar as coisas.
− Eu sei que você só quer a minha felicidade e eu prometo que vou fazer de tudo para consegui-la todos os dias. – Lucero falou e soltou Antônio. – Diga ao papai e a mamãe que eu os amo muito e que assim que puder, eu vou fazer uma visita. – ela abaixou a cabeça para evitar que chorasse.
− Claro, não nos deixe sem notícias. – Antônio fungou e coçou o nariz, vendo Lucero assentir.
Os pais de Lucero e Antônio eram muito idosos e não gostavam muito de sair do interior para enfrentar uma longa viagem até a cidade grande, por isso apenas a moça os visitava nas férias, mas com a gravidez, ela nem sabia quando seria possível novamente. A moça viu o irmão se virar para falar com Fernando. Ele não gostava nada do que o rapaz havia feito com a caçula da família, mas ele já havia assumido e infelizmente precisava ser aceito por ter uma ligação eterna com todos através do sobrinho que nasceria.
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Dos Extraños
RomanceLucero era uma moça de dezessete anos que desde cedo, conseguiu sair do interior onde morava para lutar pelos seus sonhos na cidade grande. Contando com a ajuda da dona da pensão em que vivia, ela viu seu mundo virar de cabeça para baixo quando em s...