Capítulo 15

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Lucero demorou para chegar à chácara, pois precisou pegar um atalho de terra na estrada e estava um pouco escuro, o que fez com que ela dirigisse com mais cuidado. Pelo menos era um lugar bonito, ela pensou ao estacionar no jardim. Era uma casa grande em cor marrom, com grandes janelas, varanda, um hall de entrada com sofás e pufes aconchegantes e mesas de centro, cercados por árvores, plantas e flores de todos os tipos. A loira estranhou mais ainda por tudo estar calmo, exceto pela luz da entrada e da sala que estavam acesas, pensando se era possível ter chegado antes de Andrea se havia demorado no banho e dado tempo suficiente para ela se arrumar, deixar um bilhete e ainda pegar um carro antes de partir.

− Andy, a mamãe chegou! – Lucero falou alto, olhando ao redor, esperando algum sinal de Andrea.

Fernando se benzeu escondido na sala e caminhou até Lucero. Ele já havia percebido sua chegada desde o barulho do carro na esquina, pois como era um lugar silencioso, qualquer coisa chamava atenção, mas ainda assim, o homem preferiu esperá-la entrar para não correr o risco dela fugir do portão mesmo. Quando Andrea lhe deu aquela ideia, Fernando teve muito medo de afastar a amada ainda mais dele, só que resolveu arriscar tudo outra vez e ter uma chance de abrir seu coração novamente para Lucero que quase desmaiou ao ver quem se aproximava.

− O que... Cadê a Andrea? O que foi que você fez com ela? – Lucero gaguejou, colocando as mãos na cintura quando Fernando parou em frente a ela.

− Eu? Nada, ela deve estar no hotel do jeitinho que você deixou. – Fernando deu de ombros, fingindo naturalidade.

− Mas ela me mandou um bilhete me pedindo para encontrá-la aqui. – Lucero parou de falar e forçou um risinho irônico. – Claro, como eu não percebi antes que não passa de outra brincadeirinha sua?! É ridículo que você use a minha filha nessas coisas! – ela falou revoltada e ia dar meia volta para ir embora.

Lucero só queria entender como Fernando conseguiu convencer Andrea a fazê-la de louca se a moça era quem mais lhe apoiava em tudo e sabia da sua aversão ao ex marido, apesar de sempre insistir para que ela aceitasse uma reaproximação.

− Espera, Lucero. – Fernando segurou o braço de Lucero para que ela não se afastasse. – Você sabe que eu jamais faria isso com ela, foi ela que quis me ajudar a conversar com você.

− Conversar o quê? – Lucero perguntou mais calma, se soltando e passando a mão no próprio braço.

− Sobre os meus sentimentos.

Lucero abriu a boca para falar, mas nada saiu. Fernando não seria capaz de estar fazendo um jogo com ela ou seria?

− Eu não sei no que isso importa agora. Já faz tanto tempo. – Lucero cruzou os braços.

− Fale por você, Lucero. Eu nunca me esqueci de tudo o que vivemos e isso só se tornou ainda mais presente quando me encontrei com você e com a Andrea logo de uma vez.

Lucero abaixou a cabeça. Como explicaria a Fernando que sua troca de namorados se devia apenas às suas falhas tentativas para esquecê-lo, assim como o fato de viver fugindo dele após o reencontro era justamente para se proteger do que sentia e não tinha certeza de ser correspondida?

− E de que adianta isso agora? Quando mais devíamos estar juntos, foi você que viu como única alternativa me pedir a separação. – Lucero acusou.

− Então é por isso que você está me evitando durante todo esse tempo? – foi a vez de Fernando cruzar os braços. – Em todo caso, você também aceitou essa alternativa, nós precisávamos lutar por nós mesmos antes de tudo.

Lucero se virou de costas, querendo esconder que já chorava. Por que desde que reencontrou Fernando, ela virou uma chorona sem causa?

− E isso vai mudar? Porque depois do filme, você vai voltar para o México e eu pretendo continuar aqui no Brasil. – Lucero falou, se virando para Fernando após enxugar as lágrimas.

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