Capítulo 5

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MESES DEPOIS

A gravidez de Lucero avançava saudavelmente, assim como sua amizade com Fernando. Eles nem precisaram tanto se esforçar para serem amigos, pois tudo aconteceu de forma natural, se apoiavam, cuidavam um do outro, conversavam sobre todos os assuntos e até riam juntos de qualquer bobagem. Já era noite quando o homem chegou de um ensaio da sua peça de teatro, vendo que a casa estava em silêncio. Provavelmente sua esposa estaria dormindo, afinal a gravidez lhe dava tanto sono que até nas horas mais improváveis, ela precisava dar um cochilo. Ele se sentou no sofá, suspirando, e tirou o violão da capa, o posicionando e dedilhando algumas notas até a mulher aparecer com cara de sono. Apesar de não ser da sua área, já que ele estudava artes cênicas, por conviver com alguns músicos, ele aprendeu a tocar um pouco de cada instrumento.

− Oi. – Lucero falou baixinho.

− Oi! Te acordei? – Fernando perguntou, deixando o violão de lado.

− Não, eu já estava acordada. – Lucero falou, se sentando do outro lado de Fernando. – Mas eu não quero te atrapalhar. Toca para mim, por favor.

Fernando sorriu surpreso, voltando a posicionar o violão nas pernas. Ele sabia como Lucero gostava de música e sentia falta de estudá-la, mas ela nunca havia pedido para que ele tocasse, senão já o teria feito muito antes para que ela ficasse mais feliz.

Leia escutando: 

La lala la la, la la la lala ohh
La lala la la, la la la lala ohh

De qué callada manera se me adentra usted sonriendo
Como si fuera la primavera, yo muriendo
Y de qué modo sutil me derramo en la camisa
Todas las flores de abril

Fernando sorriu, novamente surpreso ao ouvir Lucero cantando. Ela nunca o fez em casa, ao menos não na sua presença, mas ela gostava tanto de música que ele não duvidava que a loira só o esperava virar as costas para cantar, então era outro bom sinal que ela já confiava nele a ponto de mostrar seu dom para ele.

¿Y quién le dijo que yo era
Risa siempre y nunca llanto?
Como si fuera la primavera
No soy tanto
En cambio, qué espiritual que usted me brinde una rosa
De su rosal principal

Fernando uniu sua voz à de Lucero novamente, fazendo com que ela sorrisse. Em meio a tantas conversas naqueles meses, ela nunca se sentiu tão próxima do marido, assim como também não se lembrava há quanto tempo seu coração não pulava de alegria, talvez pela música, pela companhia ou pelos dois.

De qué callada manera se me adentra usted sonriendo
Como si fuera la primavera, yo muriendo
Yo muriendo

La lala la la, la la la lala ohh
La lala la la, la la la lala ohh

¿Quién le dijo que yo era
Risa siempre y nunca llanto?
Como si fuera la primavera
No soy tanto
En cambio, qué espiritual que usted me brinde una rosa
De su rosal principal

De qué callada manera se me adentra usted sonriendo
Como si fuera la primavera, yo muriendo
Yo muriendo

La lala la la, la la la lala ohh
La lala la la, la la la lala ohh
La lala la la, la la la lala ohh

Fernando e Lucero terminaram de cantar, mas continuaram sorrindo um para o outro até o homem se livrar do violão novamente e se aproximar dela. A loira parecia hipnotizada por cada movimento do marido, acompanhando assim sua mão afastar o cabelo dela do rosto. Quando ele a segurou pelo queixo com carinho e uniu seus lábios, ela se curvou de repente, tendo a sensação de que seu útero estava sendo puxado para baixo.

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