Cláusula 3 [EM PAUSA]

16

— Puta merda! —Falo para a Karol que está do meu lado, entrando no estádio— Parece que quando eu piso aqui, revivo todos os sentimentos horríveis daquele dia. Daquele título perdido. —Fecho os olhos tentando tirar os pensamentos intrusivos da minha cabeça.

— Calma amiga, hoje vai ser diferente. —Passa as mãos na minhas costas— Espero que tu não precise entrevistar aquele babaca.

— Vou ficar com a equipe do Flamengo, meu contrato é focado em time carioca. —Reviro os olhos— E não vem com essa ladainha que hoje vai ser diferente, que eu sei que tu tá doida pro Léo Pereira marcar um gol pros mulambo.

— Tá maluca? Da onde você tirou isso, doidinha?

— Você acha que eu não percebi as risadinhas e a troca de olhares, né? —Debocho. O fato é que Karoline Lima está caidinha pelo Trepa Trepa. A que ponto chegamos. Fico imaginando o sermão que ela vai levar do Seu Jorge quando ele descobrir. A Karol era uma segunda filha, isso é fato. E uma filha do meu pai com um anti. Minha cara se fecha só de imaginar.

O Maracanã disponibilizou 10 mil ingressos para a torcida do Corinthians poder assistir a estreia do time no campeonato Brasileiro. E mesmo depois do nosso ano não ter começado muito legal com o Paulistão, todos os ingressos foram vendidos. Esse é o time do povo!

Quando passo na frente da onde a torcida do meu Timão estava localizada. Alguns torcedores me dão tchau como cumprimento e eu faço o mesmo de volta.

— Tá famosa. —Karol fala bagunçando o meu cabelo.

— Famoso é Jesus Cristo, eu sou apenas conhecida. —Dou risada— E eles devem estar me achando uma traidora, até eu tô me sentindo assim. —Sussuro a última parte.

— Deixa de onda, Yas. —Karol me repreende por ter cogitado essa possibilidade— Olha quem tá vindo ai. —Aponta para o Gabigol vindo na minha direção.

— Senhor, será que eu piquei salsinha na tábua dos Dez Mandamentos pra aguentar uma perturbação dessas? —Debocho quando o jogador se coloca na minha frente.

— Poxa, loirinha. Achei que ia ser recebido com um "Bom jogo, meu gostoso". —Ele fala e eu reviro os olhos. Esse cara só tem ego.

— Tá sonhando alto, né Gabigol?

— Você sabe que vão perder hoje, não sabe? —Ele ri— E o melhor de tudo, vai ser você vindo me entrevistar depois da vitória.

— Vai se foder, Gabigol! —Resmungo— Tu não vai fazer nenhum gol hoje. Hoje não tem gol do Gabigol.

— Será que não? —Ele passa as mãos no meu cabelo e eu tenho vontade de socar a cara dele, mas me contenho. Contrato né?— Vamos de apostinha?

— Lá vem. —Bufo— Fala.

— Independente do resultado. Se eu fizer um gol, tu dá um rolê comigo?

Ele só pode tá brincando. Já foi uma tortura aguentar a companhia dele no aniversário da Dhiô.