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Tem alguém batendo com um martelo na minha cabeça, a dor me consome, logo o arrependimento de todas as garrafas de cerveja tomadas ontem me invadem, não deveria ter ido na onda da Marília

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Tem alguém batendo com um martelo na minha cabeça, a dor me consome, logo o arrependimento de todas as garrafas de cerveja tomadas ontem me invadem, não deveria ter ido na onda da Marília.
Bufo por não conseguir abrir os olhos, até a minha cama parece ser mais gostosa e aconchegante agora.

Me despreguiço, e estico todo o meu corpo, até o meu braço bater em algo, ou melhor. Em alguém.

Dou um pulo da cama assustada.

Gabigol?

Ah é, minha amiga fez o favor de me expulsar de casa para dormir com o Trepa Trepa.

Caralho, Yasmin! Caralho! Não me diga que eu transei com esse homem bêbada, por favor não.
Desço os olhos pelo seu corpo relaxado em cima da cama e arregalo quando vejo a sua cueca branca marcada. Fala sério, eu sou uma piada.

Inspiro fundo e tomo coragem para procurar a minha roupa da noite anterior, quando abaixo para vestir o meu short, minha cabeça lateja. Merda, merda, merda. Cadê a minha camiseta? Esse mulambo não pode ter sumido com ela.

Passo os olhos por todo o local, e quando ameaço de subir em cima da cama, ele se remexe e solta alguns sons pela boca que eu sou incapaz de decifrar.

Foda-se! Vou sair daqui antes que ele acorde.

Que papai não me mate por ter abandonado um manto sagrado pra trás, principalmente no quarto de um jogador do Flamengo.

Continuo com a cueca e a camiseta dele, coloco o meu short de ontem à noite por cima, pelo menos isso eu consegui achar, calço os chinelos nos pés e saio de fininho para não acordar o jogador.

Abro a porta e fecho os olhos assim que consigo encosta-la sem acordar o jogador.

— Caralho, que susto!

Solto um grito, não tão alto o suficiente para acordar quem está atrás da porta, mas ainda sim assusto a mulher na minha frente. Ela deveria ter em torno de uns 50 anos, com os cabelos escuros e curtos até o ombro, me observa curiosa.

— Desculpa se te assustei, menina. —Ela abre um sorriso— Quem é você?

— Yasmin, prazer. —Abro um sorriso ainda com as mãos no peito— Desculpa a falta de educação. —Respiro fundo e aponto para a porta— Só não acorda ele até eu ir embora, por favor. —Faço biquinho.

— Rose? Quem tá aí com você? —Um grito vindo do andar de baixo me deixa espantada. Tia Lindalva? Não é possível.

Minha amiga me expulsa de casa, eu tenho que dormir com o cara que eu mais odeio, na mesma cama e quando tento sair escondida, os pais dele estão no andar de baixo. Isso só pode ser um fanfic, não dá pra acreditar que é real. Droga!

— Mãe —Escuto a voz da Dhiô— É a loirinha, ela dormiu aqui com o Bi.

Dormi com o Gabigol? Você é fã ou hater, Dhiovanna? Reviro os olhos com o meu pensamento.

A Rose ainda me observa, mordo o meu lábio inferior e desço as escadas. Ou eu encaro a família do atacante ou eu fico presa aqui e sou obrigada a olhar para a sua cara ao acordar.

Me sinto como ontem, quando cheguei no churrasco dos Flamenguistas. Parece que o Gelado tinha passado por aqui e esquecido de me congelar.
A Família Barbosa me encara, em sequência: Valdemir, Lindalva, Dhiovanna e Fabinho. Todos com a sobrancelha direita erguida.

— O-oi? —Gaguejo sem querer. João Gomes mandou lembranças— Bom dia.

— Bom dia, loirinha. —A irmã do jogador é a primeira a me responder e vir me abraçar.

— Bom dia, minha linda. —Tia Lindalva vem na minha direção e me deixa um beijo na bochecha, com o Tio Valdemir logo atrás dela, repetindo o gesto.

— Bom dia. Essa camisa é do Gabriel? —Fabinho pergunta seco. Depois do aniversário da Dhiô ele tinha mudado a maneira de me tratar.

— É. —Respondo sem graça.

— Você dormiu no quarto do Bi? —Dhiô pergunta e eu arregalo os olhos— Você é especial então. Ele não te empurrou para o quarto de hóspedes.

Então tem outro quarto de hóspedes? E a chave estava com ele esse tempo todo?

— Filho da....—Penso estar falando baixinho, mas antes de completar, a loira na minha frente ergue as sobrancelhas— Desculpa, tia. Seu filho mentiu pra mim.

— Vem tomar café. —Tio Valdemir me chama com um sorriso.

— Eu já estou de saída, gente. Muito obrigada pelo convite. —Agarro na minha bolsa e vou em direção a porta.

Lindalva me segue e segura o meu braço com delicadeza quando eu faço menção de abrir a fechadura.

— Yas...Desculpa se a gente te assustou. —Ela suspira— A gente nunca encontrou o Bi em casa com outra mulher, depois daquela lá, então é novidade pra gente. O quarto dele é muito pessoal —Ela olha para a camiseta no meu corpo— E as roupas então, nem se fala.

— Tá tudo bem, tia. —Abro um sorriso— Eu fui obrigada a dormir aqui, minha amiga estava com o amigo dele e a gente divide o quarto. Sabe como é né? —Dou risada.

— Você é sempre bem vinda. Se o meu filho se sente bem com você aqui, todos nós também sentimos. —Ela abre um sorriso e me puxa pela mão— Agora vem, eu não vou deixar você ir embora com a barriga vazia.

Lindalva para de me arrastar e me coloca em frente a mesa, onde todas as comidas estavam postas. Mas, algo me chamou a atenção, o Cuscuz Paulista. Eu não acredito que vou comer algo com gostinho de casa, depois de tanto tempo. Minha barriga ronca, fazendo a mulher do meu lado rir.

— Eu não acredito que vocês trouxeram Cuscuz Paulista. —Faço prece com as mãos— Eu já não aguentava mais comer Biscoito Globo ou Joelho.

Eles dão risada e começamos a nos servir.
O sentimento me relembra os domingos de manhã com a minha família, o pastel de feira, a pamonha com queijo, o cafézinho preto. Saudades dói.

— Mas, me fala, Yas. Como está indo o estágio com o Brasileirão? —Valdemir me pergunta— Dizem que a sua língua é afiada, menina.

— É —Dou risada— É o que eles dizem, né? —Fabinho que antes mexia no celular, agora me olha com atenção— Está indo bem, tio. —Abro um sorriso— Eu não gosto daquelas perguntas mornas que todos os jornalistas fazem, sabe? "Qual a expectativa para o segundo tempo?" Meu, isso todo mundo já tá cansado de saber, se tiver ganhando, permanecer com o resultado, se tiver perdendo, virar o jogo. É chato ficar só nessa, acho que até para os jogadores. E é a oportunidade da minha vida, tenho que me destacar, então coloco uma pitada de Yasmin Ribeiro.

— Vi sua entrevista com o Cano. Gostei. —Oi que é isso no rosto dele? Um sorriso vindo do Fábio? O mundo vai acabar.

— Tem certeza que você não é nordestina? —Tia Linda me pergunta— Porque é arretada que nem eu.

Todos da mesa dão risada, essa família é uma figura. Agora eu entendo o motivo do jogador citar eles em qualquer situação. O amor é o sentimento mais presente nessa mesa.

— Sabia que no Twitter estão dizendo que você é a versão Gabriel Barbosa de saia? —Dhiô comenta e eu dou risada.

Sim, eu já tinha visto esses comentários. E para ser sincera? Só pode ser meme mesmo.
Eu e o Gabigol não temos nada a ver.

— Com todo respeito á vocês —Tomo um gole de café— Mas, eu e o Gabigol não temos nada a ver. Nada em comum.

— Não mesmo —Uma voz masculina surge atrás de mim. Não não não. Merda! Que horas são? Eu já deveria ter ido embora— Eu não fujo depois de dormir com alguém. Diferente de você, loirinha.

Cláusula 3 [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora