Faerie.

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Os sinos-azuis melodiavam em minha audição, ressoando em minha alma continuamente. Feéricas, cujas cores brilham como o arcabouço de uma borboleta, convida-me a seguir o caminho sinuoso dessa tal misteriosa melodia. Seus feitiços, no entanto, são indizíveis: o tempo é um esquecimento e o espaço transforma-se no irreal aos olhos dos descrentes. Guiada pelas criaturas mágicas, talvez minha presença passe a ser uma ilusão; ainda que, de tal maneira, eu prossiga nesta cilada friorenta que destroça meus ossos.

O cântico se apodera de minha mente, mesmo quando eu recuo, o soar dos sinos-azuis é quem faz-me sentir cada vez mais atraída pela entorpecente melodia saída destes. E, diante desta misteriosa dança, onde as cores brilham e o tempo é esquecido, as fadas me guiarão para cada vez mais além do limite. Até que, em algum momento, eu me perca no compasso da música, e nunca mais venha a existir.

Ao desaparecer na melodia, tomarei a forma de uma cigarra para que, desta vez, seja eu quem  toque a vossa canção. Asas translúcidas ser-me-ão dadas para que eu possa viajar pelo verão, enquanto cantarolo e afundo em meu destino. No término de sua melodia, transformarei-a em um mar de emoções que jamais serão esquecidas após passar por vossa escutatória. Deste modo, enquanto assumo o meu cântico e torno-me incapaz de resgatar o meu eu, espero tomar o brilho do arcabouço de uma borboleta, para que, assim, a sua melodia seja tocada perfeitamente, tal como a minha fora. E você, já que faz parte da canção, será quem tocará a próxima música.

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