Limiar do nada.

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Sinto seu toque frio arrebatar os poros de minha pele, tomando os filetes de vida que ainda me restam. Ouço o despertar em sua doce voz, em ditos que não são transcritos; as últimas palavras que ecoarão por minha eternidade vazia, arrancando o que já não me pertencia. Minha única visão é este vácuo resumido em milhões de nada’s que unem-se e tornam-se outros nada’s em busca de nada mais que nada. Pois é isto que me esperará: nada. Sou o nada que atraiu teu frio e adormeceu em sua voz, despertando nessa tal realidade eterna onde o habitante dela é a vacuidade. E nessa vacuidade, todos que nelas estiverem é o mesmo que não estar. Onde não se sente, não se vê, não se toca, não se move, e o querer tampouco há de ter. É o mesmo que não ser nada.

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