Inevitavelmente, serão eles os enredados por aqueles que, em vida, os repele. Os mais cegueiros, os mais insensatos, tornam-se os mais caprichosos de seus desejos; mais do que sua razão, eles são guiados por anseios primários. A atraente figura lhes parece, não mais, um presságio mortal, mas, sim, um convite a uma celebração, um apelo ao prazer carnal. Por todas as noites, eles se deitam à espreita, aguardando a exibição daquela que parecem lhes dizer o que, talvez, nunca seriam capazes de ouvir. Então, quando a visão finalmente se descortina a eles, quando os cantos dos sinos lentamente se apaziguam, é como se tudo em sua existência houvesse tornado-se inútil. Eles se entregam ao vazio de seus desejos, nunca mais sabendo o que significa uma vida real. Estão condenados a se perder no prazer de suas ilusões, até que, eventualmente, se deixem levar à morte.
Mesmo agarrando-se às contentes memórias, cânticos dos sinos, ou aos fragmentos de lembranças e desejos que nos confortam, a verdade revela o escuro do próprio mundo, onde o vazio sempre fará seu império. Deste modo, para aqueles que um dia receberem estes dizeres, que as noites futuras tragam-vos mensagens à vossa mente, como um presságio mortal. Sempre que a visão da atraente figura florescer o subconsciente, estarão disfarçadamente acompanhados das baladas síncronas dos sinos, lentamente encaminhando-os ao vazio. É isto que quereis, pois. Saboreai das doces ilusões que vos presenteio e, assim, verei-o em um futuro breve.
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O Jardim de Líri(c)os.
DiversosO Jardim De Líri(c)os mostra o reflexo dos fragmentos de uma alma abatida, um mundo retratado por palavras ensinadas a ser duras e astutas, mas também dóceis e acolhedoras. Um mundo de prosas, contos e poesias, onde líricos podem acolher-se a cada p...
