Fora pouco mais de uma hora dentro do avião, o Atlântico sendo tudo o que separa Cuba dos Estados Unidos da América. Sob as nuvens, o oceano banha a visão dos passageiros a bordo dispostos a observar por além da pequena janela, e Melinda, é claro, como a curiosa que é, deixa que o azul escuro e hipnotizante lá embaixo tome sua atenção durante o percurso.
A voz robótica e feminina soa nos auto-falantes do avião, indicando que estão em solo americano, ou melhor, em ares.
Melinda olha uma última vez através da janela, suspirando fundo três vezes na tentativa de conter o tremor e o suor frio em suas mãos; os arranha-céus, o verde do mar e o branco da areia da praia sendo o mesmo dos cartões postais. Sente o peito inflar, a sensação de medo e satisfação toma seu consciente por completo. Suas pernas estão bambas como se não fossem capazes de darem o próximo passo, e o próximo, e o próximo.
Mas ela se esforça, e assim que o avião aterrissa, segue o aglomerado de pessoas como Isabel recomendara.
Os imigrantes seguem até o Monorail, o pequeno trem os levam onde a imigração está localizada. Depois de minutos impacientes na fila, Melinda é atendida por um agente de imigração com cara de poucos amigos. Responde todas perguntas da forma mais objetiva possível, logo, sendo liberada.
Passa pelos portões do desembarque olhando para todos os lados, é tudo tão gigantesco que ela se sente um grão de poeira em meio à multidão, bem, até bater os olhos nas três mulheres.
Maria, Laura e Isabel estão no andar abaixo, e a única coisa que as separaram é a extensa escada rolante. Trocam sorrisos, sorrisos emocionados, Melinda sente o queimar de seus olhos, eles lacrimejam sem porquê. Maria e Laura seguram-se para não pularem de alegria, e Melinda, Melinda se segura para não deixar que as lágrimas escapem por seus olhos outra vez.
— Linda! — Maria e Laura soltam em uníssono chocando-se contra o corpo de Melinda em um único abraço.
— Meninas, que saudades de vocês! — Melissa acaricia as costas de ambas com a palma das mãos.
— Sim! Meu Deus, seu cabelo cresceu! — Laura repara afastar seus corpos para observá-la melhor.
— E você está loira!
— Pois é, gostou? Os garotos amam! — Gira ao redor do próprio corpo, exibindo-se.
— Está linda! — Sorri, reparando em Isabel de sorriso e braços abertos. — Tia.
Os braços fartos da mais velha tomam seu corpo.
— Linda... Como você está?
— Bem, e a senhora?
— Eu aparento estar tão velha assim? Estou bem! — Solta Melinda do abraço apertado. — Por favor, só Isabel, ou tia Isabel se preferir. Consegue fazer isso?
— Claro.
— O que vocês acham de comermos algo? — Sugere Maria.
— Melinda mal chegou e você já está querendo empanturrá-la de fastfood? Linda, vamos para casa. Vocês terão tempo suficiente para se encheram de porcarias, e não dê ouvidos a Maria, caso não queira ganhar uns quilos a mais. — Brinca.
Melinda sorri, seguindo-as até o estacionamento a céu aberto do aeroporto, onde o carro da família Guzman está a disposição. Colocam as malas no porta-malas e entram no veículo.
O trajeto ocorre tranquilo, exceto pela falação de suas melhores amigas.
Maria e Laura têm planos, planos que não se encaixam para uma imigrante que não está no país a turismo, mas Melinda sorri, concordando com elas. Não irá jogar um balde de água fria e estragar a felicidade das duas, não por enquanto. O sol parece brilhar mais em meio as palmeiras que decoram as avenidas, o céu é mais azul e o clima cítrico e tropical.
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The White Box: Chapter I (NOVA VERSÃO)
Roman d'amourAté onde você iria por amor a sua família? Melinda Hernández Madrazzo está disposta a quebrar todas as barreiras. E deixar Cuba à procura de um emprego que a ajude a arcar com as despesas do tratamento de sua irmã, diagnosticada com uma doença termi...