Capítulo 6

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Celine observa além das janelas panorâmicas do vigésimo andar a movimentação lá em baixo; pessoas correndo de um lado para o outro, as centenas de carros engarrafados no trânsito de duas horas da tarde em Miami sob o sol escaldante de verão. Sua visão é turva e o suor se forma sob a temperatura estável do ambiente climatizado. Respira fundo, virando-se para a mesa de reunião de vinte lugares, onde a equipe formada por cinco membros do Departamento de Polícia de Miami encontram-se em seus computadores a mando do Comissário Gordon.

— Encontramos algo! — Um dos agentes exclama alertando a todos. Celine deixa a janela e aproxima-se junto a Gordon do homem sentando frente ao MacBook sobre a mesa. — Houve uma movimentação às duas em ponto da madrugada e, meu Deus, é incrível, todos os rastros da transição desapareceram em questão de segundos após a transferência.

— Nos levando a nada novamente. — Gordon afirma com o semblante preocupado, passando as mãos pelo cabelo liso, os jogando para trás antes de fitar Celine, receoso. — Eu sinto muito, Senhora Jagger, voltamos a estaca zero.

— A estaca zero, Gordon? Nós nunca saímos dela, ou melhor, você e seus agentes incompetentes!

— Celine, é melhor se acalmar. — Elliott intervem, levantando-se de sua cadeira, para lhe tocar os ombros. — Eles estão fazendo o possível.

Celine se vira sem humor para o homem de madeixas escuras e boa aparência.

— O possível, Elliott? — Questiona irritada. — Eu quero o impossível! Estamos perdendo milhares de dólares há meses e agora acabo de perder meio milhão, e quer que eu fique calma? Estamos sendo roubados, façam alguma coisa! — Ordena espalmando a mão sobre a superfície de vidro, fazendo os computadores tremerem junto aos homens que os comandam. — Eu me recuso a ficar aqui. Elliott quero que cuide de tudo enquanto estou fora. — Pede ao homem que apenas assente. — Qualquer novidade por mais ruim que seja quero ser atualizada.

— Pode deixar.

— Obrigada. Gordon, por favor.

O homem caminha logo atrás da mulher em direção a porta de saída da sala de reuniões.

— Quinhentos mil dólares evaporaram da conta da empresa, precisamos de respostas. Eu estou sendo descaradamente roubada bem embaixo de meu nariz, e vocês estão fazendo o possível? Sabe o que é não é conseguir dormir com medo de acordar sem nada? É assim que me sinto sob a proteção de sua equipe.

— Senhora Jagger, nós… Eu sinto muito. Vamos fazer o impossível.

— Não faça eu me arrepender em ter acionado sua equipe, caso contrário, a consideração que tenho por seu trabalho termina aqui.

— Obrigada, senhora. — Agradece limpando o suor da testa. — Não irá se arrepender.

— Qualquer movimentação não feita por mim, você e sua equipe estão fora do caso. Não me faça ter que pagar por um serviço que vale sua competência.

Ele assente estendendo a mão para um cumprimento, a mão que levara até a testa para limpar as gotículas de suor. Celine apenas sorri com os lábios, rejeitando ao toque, imaginando a quantidade de germes e bactérias poderiam compartilhar em um único ato.

— Até mais, Gordon. E não se esqueça do que conversamos aqui.

— Eu não vou.

Deixa a sala de reuniões, seguindo para sua sala no mesmo andar. Passa pela recepção, chegando as horas em seu relógio. Sua assistente pessoal encontra-se distraída com sua tarefa, com os olhos vidrados e os dedos ágeis no teclado do iMac a sua frente.

— Olivia, desmarque todos meus compromissos para o resto da tarde.

— Sim, senhora.

Celine caminha rumo a sua sala, e hesita ao lembrar.

The White Box: Chapter I (NOVA VERSÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora