Cojimar, Havana do Leste — Cuba
Desde o diagnóstico de Sofia, a caçula da família, a rotina da família Madrazzo passara a girar em torno do pequeno mundo da criança de dez anos. Os sintomas apareceram pouco depois da morte de Alejandro Madrazzo; tontura, cansaço, sonolência e o emagrecimento. Foram vários profissionais, e todos chegaram ao único diagnóstico: Transtorno de Ansiedade Pós-Traumático.
Bem, até o dia em que Sofia apagou.
Melinda, a primogênita da família, se lembra como se fosse hoje do corpo mole e desfalecido em seu colo sobre o banco traseiro do Bel-Air preto. Lembra também de ter praguejado por todo o percurso, questionando-se o porquê de seus pais, ou melhor, sua mãe ainda manter a lata velha bem conservada na garagem de sua casa.
Estacionaram frente ao hospital mais próximo, e assim que os enfermeiros viram o desespero de Marissa com Sofia ainda inconsciente em seus braços, uma equipe de paramédicos tomou a mais nova e seguiu com seu corpo desacordado para a emergência.
Logo após o ocorrido, por algum motivo, todos os médicos responsáveis por Sofia, receitaram repouso total e sua estádia no hospital até que todos os exames ficassem prontos, e eles ficaram.
A Leucemia Linfóide Aguda é considerada o tipo mais comum de câncer entre as crianças. Uma doença não hereditária, de causa desconhecida. Sabe-se que nove em cada dez crianças conseguem a cura. A LLA ocorre quando as células-tronco responsáveis pela origem dos componentes do sangue sofrem alterações. Esses componentes do sangue são responsáveis por combater infecções, impedir hemorragias e também fazer a oxigenação do organismo. As células param de funcionar e se reproduzem de forma muito rápida, pelo fato da doença ser aguda. Esse tipo de leucemia afeta as células que ainda estão sendo formadas, comprometendo as células sanguíneas. A evolução da doença é rápida, por isso é muito importante que o diagnóstico seja dado rapidamente para o início do tratamento.
Doutor Afonso, o senhor de barriga avantajada e cabelo branco explicara.
Desde então, Sofia vem recebendo um tipo de quimioterapia oral. O procedimento é administrado por comprimidos e cápsulas, o intuito do tratamento é diminuir o tumor ou destruir as células cancerígenas, o que funcionou por pouco tempo.
Elas deixam o Hermanos Ameijeiras Hospital pela terceira vez no mês.
O céu azul sem sequer uma nuvem permitindo que a radiação solar tome seus corpos em cheio. Caminham até o estacionamento sem pressa, Sofia passara a sofrer com a fadiga e, o pior de tudo, é que esse se tornara apenas mais um dos sintomas causados pela quimioterapia sistêmica.
— Está tudo bem, hija? — Marissa pergunta com semblante preocupado ao perceber que Sofia havia parado de andar para tomar um pouco de ar.
— Sofia, se quiser posso te carregar no colo até o carro.
— Não, Linda. Eu estou bem, só preciso descansar um pouquinho. — Sofia diz ao pender o corpo para frente de maneira que possa apoiar as pequenas mãos no joelho.
— Não tenha pressa, temos todo tempo do mundo.
— Obrigada, mama.
Passam-se alguns minutos, Sofia sente-se mais disposta, porém, o cansaço é visível em seus olhos para quem quiser ver.
Chegam em casa mais cedo do que previram, todas as vezes que entram pela porta, um vácuo enorme preenche cada canto de cada cômodo. Alexandre as deixara há pouco mais de três meses, e no decorrer do tempo, as coisas pareceram desandar.
Melinda segue além da escada com Sofia, Marissa adianta-se em preparar algo para a menor se alimentar.
— Eu tenho mesmo que tomar banho? — Sofia pergunta pela milésima vez enquanto Melinda arruma algo confortável para vesti-la.
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The White Box: Chapter I (NOVA VERSÃO)
RomanceAté onde você iria por amor a sua família? Melinda Hernández Madrazzo está disposta a quebrar todas as barreiras. E deixar Cuba à procura de um emprego que a ajude a arcar com as despesas do tratamento de sua irmã, diagnosticada com uma doença termi...