Amor sempre Amor

26

CAPÍTULO VINTE E SEIS

               Wei Wuxian

Passamos os dias seguintes vivendo o sonho que Wangji  havia sussurrado para mim há tantos anos. Acordávamos todas as manhãs com os braços em volta um do outro. Ele me disse que, na verdade, eu ainda dormia carrancudo e ficou surpreso por não odiar mais cebolas.
Tomamos café e suco de laranja e tomamos café da manhã no deck, aproveitando o mar e decidindo o que faríamos naquele dia. De lá, tomaríamos banho juntos antes de sair. Exploramos Pointe Somerset e comemos juntos e até fomos passar um dia em Boston. Eu nunca tinha estado em Boston, exceto no aeroporto, antes de dirigir para Pointe Somerset. Era uma cidade legal, cheia de história rica, e decidi que queria passar mais tempo explorando-a.
Sentamo-nos novamente no deque à noite antes de dormirmos juntos, chupando-nos ou masturbando-nos primeiro. Wangji  não me pediu para transar com ele de novo e não fez nenhuma tentativa de me levar. Eu não tinha feito muito sexo com penetração na minha vida, contentando-me principalmente com a cabeça e a punheta. Foder era normalmente muito próximo para mim, muito íntimo, mas houve momentos em que eu fodi outra pessoa.
Tomar Wangji  foi o momento mais íntimo da minha vida, e eu adorei. Eu faria isso todos os dias pelo resto da minha vida se ele me deixasse, e havia uma parte de mim que ansiava pela proximidade dele dentro de mim também. Senti-lo fazer parte de mim de uma forma que ninguém mais poderia ou faria, mas eu também estava contente apenas por tê-lo, tocá-lo, abraçá-lo.
Ainda assim, por mais maravilhosos que tenham sido aqueles dias, lutei contra a preocupação que se agarrava a mim como uma capa indesejada. Estudei Wangji  quando ele não sabia que eu estava olhando, observei-o enquanto ele tentava não beber durante o dia, percebi sua maior agitação e mudanças de humor à noite e a maneira como suas mãos começavam a tremer.
Ele lutava para adormecer à noite e, quando pensava que eu estava, saía furtivamente da cama e voltava pouco tempo depois com uísque no hálito. Eu o abraçaria com mais força e Wangji  sabia que eu percebia o que estava acontecendo, mas nenhum de nós mencionou isso. Ignoramos o fato de que Wangji  era alcoólatra, mas isso nunca saiu da minha cabeça. Eu também não achei que estivesse fora dele.
Isso me destruiu, saber que ele estava sentindo tanta dor, que esse homem lindo que me fez desejar mais, que me ensinou que era possível me amar, lutou para não se perder em uma garrafa.
Houve uma parte de mim que assumiu a culpa por isso. Se eu estivesse lá, se o tivesse protegido, ele não teria sentido necessidade de anestesiar sua dor.
Quando acordei naquela manhã, ouvi seu gemido suave e sorri em seu cabelo, pensando que isso era o melhor que a vida poderia ser - ali mesmo, com ele. Encontraríamos uma maneira de lidar com o resto. Enquanto tivéssemos um ao outro, todo o resto se encaixaria.
Eu precisava de um Wangji  saudável. Ele precisava ser saudável para si mesmo.

“Bom dia”, ele disse diante de mim. “
Bom dia .”
"Desculpe. Eu estava pensando."

Ele rolou e me encarou, se inclinou e deu um beijo em meus lábios. "Sobre o que?"
"Você,eu." Assim que falei isso, o ar ficou tão denso de melancolia que quase engasguei. Minhas palavras foram um lembrete de que ainda havia muitas coisas que precisávamos resolver.
“Quando você vai embora, Wuxian?” ele perguntou, seu corpo mais rígido do que estava há pouco.

"Em alguns dias." Mas eu não pensei que iria mais embora. Não havia nenhuma maneira de me afastar de Wangji , não de novo e não quando ele precisasse de mim, mas eu também sabia que não poderia sair e dizer isso a ele. Éramos muito parecidos nesse aspecto. Ele não se permitiria colocar sobre mim o que considerava ser um fardo, assim como eu não queria fazer o mesmo quinze anos atrás.
Passei meus dedos pelas mechas curtas de seu cabelo, passando por sua cabeça e descendo até seu pescoço.
"OK." Ele assentiu. "O que você quer fazer hoje?"
“Hmm… Nadar, eu acho. Temos que aproveitar o oceano, certo? Mas você tem que me prometer que não vai me deixar afogar.”
Wangji  riu. “Você tem medo da água? Você sabe nadar?"
Eu não tinha entrado na água quando fomos adolescentes. “Eu sei nadar, mas não sei bem, e sou uma estranha mistura de amar o oceano, mas também de temer seu poder. Não irei muito fundo e farei com que você se segure em mim.” Permitir-me ser vulnerável assim, mesmo brincando, não era algo que eu poderia fazer com alguém que não fosse ele.