Amor sempre Amor

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CAPÍTULO TRINTA E DOIS

Lan Wangji

Wuxian  e eu trocamos mensagens de e-mail e mensagens de texto nos dias seguintes. Ele me contava quando estava de folga no trabalho, ou o que estava almoçando, ou que tinha acabado de atender um paciente que lhe partiu o coração.
Foi bom poder falar com ele dessa maneira. Nunca tínhamos tido isso antes. Mesmo nos últimos cinco anos, nossos e-mails foram poucos e espaçados, o que eu sabia que era principalmente culpa minha. Ele teria falado comigo todos os dias se eu tivesse enviado mensagens, mas eu também sabia que tinha muito o que trabalhar comigo mesmo. Se eu tivesse me permitido falar muito com Wuxian , não teria sido capaz de ficar longe dele e, meu Deus, eu só queria ser forte por ele. Para ser inteiro.
Os últimos cinco anos não foram fáceis. Eu queria tanto beber, muitas vezes para contar. Eu gritei com amigos e fui um filho da puta miserável e chorei mais do que deveria. Mas tudo fazia parte do processo e eu estava grato por isso.
Passei meus dias escrevendo. Eu me perderia nas palavras, fosse uma música, um poema ou meu próximo livro. Escrever me fez sentir acomodado de uma forma que nunca havia acontecido antes. Acalmou minha alma e clareou minha cabeça, me conectou ao mundo.
De vez em quando, eu enviava a ele uma linha aleatória que escrevi, ou dizia que não conseguia pensar na palavra que precisava, ou compartilhava que finalmente estava em casa com quem eu era e o que sentia que deveria fazer .
Pela primeira vez em nossas vidas, éramos como todo mundo. Estávamos em um relacionamento que não tinha prazo de validade e não estávamos tentando curar um ao outro, porque passamos muito tempo aprendendo como fazer isso por nós mesmos.
Eu ainda ia às reuniões locais e falava diariamente com Mingjue, meu padrinho em Charlotte, que havia se tornado um amigo, bem como com Xingchen, meu padrinho em Boston.

Era sexta-feira e já se passaram quatro dias desde que Wuxian  apareceu. Ele estava de folga de sexta a domingo, exceto que às vezes participava de eventos no centro LGBTQ nos finais de semana. Tínhamos planos de que ele viesse a Pointe Somerset esta noite, quando teríamos oficialmente nosso primeiro encontro de verdade.
Depois de vinte anos, eu estava namorando o homem por quem passei toda a vida apaixonado. Era estranho como as coisas funcionavam às vezes. Talvez Wuxian  e eu não devêssemos nos considerar apaixonados. Talvez estivéssemos delirando. Como você poderia amar alguém com quem passou algumas semanas? Mas nós fizemos, e éramos nós, e ninguém mais precisava entender isso.
E Deus, eu queria que funcionasse desta vez. Não merecíamos uma chance de felicidade juntos?
Eram sete em ponto quando ouvi a batida. Os nervos lutaram em meu estômago porque isso significava muito para mim.
Abri a porta e lá estava ele, tão sexy, vestindo um lindo par de jeans e uma camisa preta de botões com as mangas arregaçadas até os cotovelos. Seus olhos eram como Ônix quando ele me olhou, e não pude deixar de me perguntar se ele  gostou do que viu tanto quanto eu quando olhei para ele.

“Jesus... acho que de alguma forma me convenci a acreditar que isso era um sonho, mas não é”, disse Wuxian .
Ele se inclinou, segurou minha bochecha e deu um beijo lento em meus lábios. Era difícil ver o garoto por quem eu me apaixonei no homem que Wuxian  era agora ou mesmo no homem que ele era há cinco anos. Quando éramos crianças, ele ficava com tanta raiva, odiava o mundo de uma forma que você podia ouvir em cada palavra sua, a menos que fosse sobre nós. Mas agora ele falava com confiança e paixão. Ele não falava como um menino de rua que foi negligenciado durante toda a infância.

“Ouça-nos, românticos emocionais na nossa velhice.”

Wuxian  riu. “Acho que sempre fomos assim um com o outro. Havia muito mais merdas há vinte anos.”

“Eu preciso de mais fodas, se isso ajudar. Só que antes você usou mais do que eu.

“Meu vocabulário cresceu um pouco, mas ainda adoro uma boa foda, Wangji.” Ele piscou, e dane-se se isso não me fez querer cancelar o encontro e deixá-lo me mostrar o quanto ele amava uma boa foda.