Capítulo 3

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Passaram-se semanas desde então, e toda vez que eu o encontrava nos corredores, suas risadinhas, acompanhadas pelos amigos, ecoavam ao meu redor, criando um desconforto palpável. O que eu tinha feito para merecer aquilo?

Caminhando para a aula de transfiguração com Pansy, fomos interrompidas pela risada estridente de Theodore e seus comparsas ecoando pelo corredor vazio. — Mas que inferno... — sussurrei para Pansy, cujo riso escapou ao ver minha expressão irritada.

Theodore assobiou, forçando-me a virar na direção dele. Franzi o cenho, erguendo uma sobrancelha em desafio. — Não fique tão bravinha, principessa—, provocou, com um bico nos lábios seguido de uma risada.

— Não me chame assim— , murmurei, avançando com um olhar irritado.

— Não te chamar como? — ele retrucou com um sorriso de canto. — Ah, sim... de principessa?

— Não me chame assim! — apontei o dedo na direção dele, avançando ainda mais. Eu me estranha e irritada quando ele usava aquele apelido. Eu odiava aquele apelido e odiava ele.

Ele riu sarcasticamente, erguendo as mãos em rendição. — Tudo bem, tudo bem! Já entendi, não precisa ficar bravinha!

Revirei os olhos, soltando um suspiro e afastando-me com Pansy, que me olhava divertida. — O que foi aquilo? — ela riu, dando uns pulinhos.

—.Não enche, Pansy —, revidei, revirando os olhos novamente enquanto entrávamos na sala.

                                      •••
confesso minha dificuldade nas matérias, sempre com notas baixas. Era meu penúltimo ano na escola, e não podia mais me dar ao luxo de notas ruins.

Pansy era a única a saber que, aos 18 anos, eu me tornaria uma Comensal da Morte. E por quê? Tudo por causa do meu pai.

Sentadas na torre da astronomia, compartilhavamos os altos e baixos de nossas vidas enquanto fumavamos um cigarro

— Sinto muito por isso —, lamentou Pansy ao ouvir sobre meu pai.

Estalei a língua no céu da boca, dando uma tragada em meu próprio cigarro. —Não faz mais diferença. São apenas alguns meses e...

— Vamos apenas curtir— , interrompeu ela, levantando-se e puxando-me junto. — Vamos, Alice! — ela riu, começando a correr para fora da torre.

O vento batia em nossos rostos, fazendo nossos cabelos voarem para trás. Logo, algo atingiu meu pé, fazendo-me cair de joelhos. Quando olhei para cima, vi Theodore rindo com seus amigos.

— Olha por onde anda, idiota — , disse ele antes de se afastar com seus amigos.

Pansy me ajudou a levantar, mas meus olhos permaneceram fixos em Theodore até que ele sumisse de vista. — Uhm, idiota... — murmurei, fazendo uma careta de dor ao ver meu joelho ralado.

Mais tarde, enquanto eu me sentava na beira da cama, questionei:

— Por que ele é assim?

— Ah, sei lá... talvez ele goste de você — sugeriu Pansy, sorrindo divertida.

Olhei para ela com uma expressão indignada e irritada, entreabrindo a boca. — Não diga isso! —  soltei uma risada, sabendo que era apenas uma brincadeira boba dela.

— O que foi? Vocês formariam um bom casal — , provocou, sentando-se ao meu lado.

— Ah, cala essa boca! — peguei o travesseiro, jogando nele enquanto ria.

Pansy riu, tentando desviar do travesseiro que joguei nela, antes de retaliar, jogando-o de volta em mim.

Ela estava louca. Ele nunca, jamais gostaria de mim. E eu nunca, jamais gostaria dele. Nem morta!

Às vezes, parece que Pansy tinha um radar para detectar os momentos em que eu precisava de uma distração. Mesmo com todas as confusões e frustrações, ela sempre conseguia me fazer rir.

Naquela noite, enquanto nos preparávamos para dormir, eu ainda estava remoendo os eventos do dia. Pansy, percebendo meu estado de espírito, começou a contar histórias engraçadas sobre nossas aventuras na escola, até que eu me encontrasse rindo tanto que minhas preocupações pareciam distantes.

— Você sabe, Alice —, disse Pansy, enquanto nos ajeitávamos sob as cobertas, — mesmo com todo o drama, eu ainda acho que você e Theodore dariam um par interessante.

Revirei os olhos, mas não pude deixar de sorrir. — Você só está dizendo isso para me provocar.

Ela riu. — Bem, talvez um pouco. Mas, sério, às vezes os opostos se atraem.

Balancei a cabeça, ainda incrédula. — Eu nunca conseguiria gostar dele, não depois de tudo o que ele fez.

Pansy assentiu compreensivamente. — Eu entendo. Mas às vezes as pessoas mudam. Quem sabe o que o futuro reserva?

Enquanto ponderava sobre as palavras dela, percebi que talvez houvesse mais na situação do que eu inicialmente pensava. Mas uma coisa era certa: por enquanto, minha prioridade era me concentrar nos meus estudos e em me tornar a bruxa mais forte possível, independentemente das distrações ao meu redor.

Nobody's son, nobody's daughter - Theodore Nott.Onde histórias criam vida. Descubra agora