19 - Ligação

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Pov Brunna

Já faziam pelo menos 24 horas desde que fui sequestrada. Eu estava atordoada com tudo, com medo de nunca mais ver minha família, com medo de perder minha filha. Eu só sabia chorar e orar, pedindo a Deus para que cuidasse de nós e nos tirasse daqui. Eu estava em uma espécie de quarto abandonado, com as mãos e os pés amarrados. Não conseguia ouvir nada do lado de fora e aquilo era desesperador. Estava com muita sede e fome e temia pela saúde de Jasmine. Em pensamentos, agradeci a Nete por ter me dado aquela banana para comer, caso contrário, eu já teria desmaiado. Eu estava tentando ser forte e manter a calma. Apesar do medo assombroso, eu ficava conversando e cantando música para minha barriga, na tentativa de deixar minha bebê tranquila.

Pensei na Lud e no quão desesperada ela deve estar. O que era pra ser um dia mágico, acabou em um grande pesadelo. Eu só espero que minha esposa me encontre logo e me tire daqui.

De repente, a porta do quarto foi aberta bruscamente e um homem, com o rosto coberto, entrou com uma arma na mão. Tremi e temi pela minha vida.

- Como é não ter sua esposinha aqui pra te defender, hein? O que acha de darmos um sustinho nela?

O homem tinha uma voz nojenta e se aproximava de mim, em passos lentos. Me encolhi ainda mais e abaixei a cabeça.

- Olha pra mim, sua vadia. - ele levantou meu rosto e me deu um tapa. Minha bochecha ardeu e senti o gosto de sangue no canto da minha boca. - Acho que vou brincar um pouquinho com você... Aquela filha da puta da Ludmilla tem sorte de ter uma mulher gostosa como você. - ele começou a passar as mãos nos meus seios.

- TIRA A MÃO DE MIM, SEU NOJENTO. - gritei e dei um joelhada no meio de suas pernas, com certa dificuldade, devido às amarras nos meus pés.

- Sua vagabunda. Eu vou acabar com você e com sua filha.

O bandido se encolheu, com as mãos em sua região íntima, enquanto se contorcia de dor. Meu coração parecia que ia sair pela boca. De repente, ele se levantou e me puxou pelo cabelo, arrastando meu corpo até a parte mais iluminada daquele quarto sujo e fedido. Ele me jogou ali, de qualquer jeito. Comecei a chorar um pouco mais alto e ele aproveitou para tirar o celular do bolso e fazer uma foto minha.

Pov Ludmilla

Já faziam exatamente 27 horas desde o desaparecimento da Brunna. Eu estava um caco. Não conseguia falar, comer. Absolutamente nada. Perdi a noção de quanto tempo eu estava deitada no chão do meu quarto, agarrada em uma blusa da minha esposa e num body da minha filha. Eu sentia como se tivessem arrancado o meu coração de mim e nada mais importava. Eu estava com medo. Medo de perder as duas pessoas mais importantes da minha vida. Medo do que eu iria encontrar pela frente. Medo de ter que aprender a viver sem minha Bu.

Do meu quarto, eu conseguia ouvir a movimentação no andar de baixo da minha casa. Todos estavam lá. Minha família e a família da Bru, além dos nossos melhores amigos. Uma grande equipe policial também se fazia presente e todos esperavam uma única coisa: uma ligação. Não havia mais nada a ser feito. Verificaram as câmeras de segurança e não tinha absolutamente NADA. Com certeza hackearam o sistema de segurança e apagaram as gravações.

O choro era meu companheiro nas últimas horas. Eu não fazia outra coisa além de me acabar em lágrimas. De repente, senti meu celular tocar. Imediatamente, desbloqueei e o que vi me quebrou em um milhão de pedaços. Era uma foto da minha Brunna jogada em um chão sujo, com uma marca de mão na bochecha, o canto da boca sangrando e o rosto banhado em lágrimas. Dei um grito, caindo em um choro incontrolável. Na mesma hora, todos entraram no quarto, preocupados comigo.

- Filha, o que foi? Fala comigo, por favor. - minha mãe se sentou no chão comigo, me abraçando forte.

Eu não conseguia falar nada. Parecia que tinha um nó na minha garganta. Eu só chorava e me agarrava na minha mãe, como se ela pudesse tirar toda dor de dentro de mim. Marcos viu meu celular jogado no chão e o pegou, vendo a foto que me destruiu.

- Caralho. Olha isso aqui policial. É a Brunna.

- Cadê? Me deixa ver minha filha, pelo amor de Deus. - foi a vez da minha sogra falar. Ela tomou o celular da mão do Marcos e começou a chorar também. - O que fizeram com você, minha Teté?

Meu cunhado se aproximou, acalentando a Mia. Um dos policiais pegou o celular e analisou a foto.

- Provavelmente esse é um número de um celular descartável, porque não está chamando. Ludmilla, eu sei que está sendo difícil, mas você precisa se acalmar. Se o sequestrador mandou essa foto é porque ele quer algo em troca. Acredito que logo ele fará uma ligação. Esteja pronta e mantenha ele na linha o máximo de tempo que conseguir pra gente tentar rastrear a ligação.

Eu respirei fundo. Precisava ser forte pra ajudar a salvar minha esposa. Em questão de minutos, meu celular tocou novamente. Número desconhecido.

- Coloca no viva voz. E todos aqui fiquem em silêncio, por favor. - orientou o policial.

Com as mãos trêmulas, aceitei a chamada, colocando no viva voz.

- Alô?

- Estou com sua esposinha e sua filha. Quero três milhões de reais, até amanhã, ou eu mato as duas.

- Não, por favor. Não faz nada com elas. Eu te dou o que você quiser. - disse com a voz embargada. - Eu preciso de uma garantia que ela está bem.

Ouvi uns ruídos do outro lado da chamada.

- Amor? Me salva, por favor. - A voz da minha Bru preencheu o ambiente. Suspirei aliviada por saber que ela ainda estava viva.

- Vida, eu vou te tirar daí, tá bom? Eu te prometo. Cuida da nossa menina, Bru. Eu amo vocês mais que tudo.

Ouvi a voz da Brunna longe gritando que também me amava. O maldito pegou o celular de novo.

- Chega desse papinho. Quero os três milhões na conta ******** até o meio dia de amanhã. Se não, você já sabe.

- Espera. Como vou saber se você realmente vai cumprir sua palavra? Eu deposito agora a metade do valor e o restante eu pago só quando estiver com a minha esposa e minha filha comigo.

- Que seja. Daqui uma hora, se o dinheiro cair na conta, eu vou ligar de novo pra combinar o local da troca. E não banque a espertinha. Se envolver a polícia, sua linda e gostosa esposa, morre.

Ouvi a voz da Bru gritando pra ele tirar a mão dela.

- Não encosta nela, seu nojento. -vociferei com muito ódio.

- Tic tac, tic tac. O tempo tá passando e quanto mais ele passa, mais fraca sua esposa fica.

O desgraçado desligou na minha cara.

- Conseguimos rastrear a ligação. Mas você vai fazer a transferência da metade do valor para que ele não desconfie de nada, ok? Vou preparar a equipe para irmos resgatar a Brunna. - Disse o policial.

Respirei aliviada. Finalmente encontraríamos minha Brunna e eu traria ela e minha filha pra casa, em segurança, e nunca mais ficaríamos longe uma da outra.

*

Capítulo tenso hein, galera.
Será que vai dar tudo certo no resgate? Será que Brunna vai aguentar? Será que a Jasmine vai ficar bem? Comentem muito e uma ótima semana pra vocês, minhas preferidas ❤️

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