À medida que descia ao porão, o som dos meus passos ressoava, carregado de promessas de retribuição. Lá estava ele, um espectro de desolação, pateticamente inconsciente e preso a uma cadeira de ferro que parecia quase um trono de vergonha. Um sorriso mordaz esboçou-se em meus lábios ao aproximar-me, minha presença emanando uma autoridade incontestável. "Acorda!!" ordenei, não como quem pede, mas como quem reivindica o que é seu por direito. O silêncio que se seguiu foi rompido por um tapa que o trouxe de volta à cruel realidade, seus olhos arregalados de terror encontrando os meus, onde não havia espaço para misericórdia.
Minha mão, com firmeza, apoderou-se da adaga, minha parceira em tantas danças macabras. Sua lâmina fria, sob a luz tênue, refletia a inescapável verdade. "Olha para mim..." disse com uma calma que mais parecia o prenúncio de uma tempestade. "Vai me contar tudo o que desejo saber." Minha voz era um sussurro, mas pesada com o poder de um decreto irrevogável. A pressão da lâmina aumentou, um lembrete físico da promessa de dor.
Os súplicos dele, embora música para meus ouvidos, não eram o que eu buscava. Eu queria a verdade, pura e sem filtros, extraída da mais profunda dor. E assim fiz, sem vestígios de compaixão, até que todos os seus segredos fossem desvelados e a escuridão o reclamasse, um eterno lembrete do preço a pagar por tocar no que me pertence.
Com as mãos limpas e a alma imersa em uma vitória amarga, retornei à superfície. Os jardins da mansão, em sua meticulosa beleza, contrastavam com a escuridão de meus atos. Dante, sempre à sombra, sabia o que fazer com os segredos que agora partilhávamos, garantindo que permanecessem enterrados.
Ao me preparar para encontrar Angelo, meu protegido, um anjo cuja inocência era a única luz em minha existência sombria, uma interrupção inesperada ocorreu. Martina, com seus olhos arregalados e coração aos pulos, manifestava tanto a surpresa quanto o alívio ao me ver. Sua preocupação com Angelo era palpável, mas minha mente já estava focada em protegê-lo de tudo, inclusive das sombras que eu mesmo trazia.
Dispensei Nonna com uma instrução pragmática, fechando a porta atrás de mim, desejando apenas a companhia silenciosa do meu anjo. Sentei-me ao seu lado, observando a tranquilidade de seu sono, a marca em sua pele um lembrete cruel de que minha proteção tinha falhas. Meus toques eram suaves, contrastando com a brutalidade de minhas ações prévias, uma dualidade que me definia.
Ali, naquele quarto, ao lado da única pessoa que despertava algo além da escuridão em mim, prometi a mim mesmo que faria de tudo para protegê-lo. Minha possessividade e autoridade não eram apenas armas para serem usadas contra meus inimigos, mas também escudos para preservar a pureza de Angelo. Observando-o dormir, percebi que minha luta não era apenas contra o mundo, mas contra as sombras dentro de mim, sempre à espreita, sempre prontas para reclamar o que consideravam seu.
A noite avançava enquanto eu permanecia vigilante, um guardião solitário entre a luz e a escuridão, decidido a manter meu anjo a salvo, custe o que custar.
AUTOR
Peço desculpas pela demora. Sei que este capítulo está curto; apesar de ter tentado de todas as formas descrever a frieza de Lorenzo ao sentir prazer em torturar, não consegui capturar a essência desejada. Portanto, o capítulo acabou ficando mais curto, também porque o escrevi e postei em sequência.
Observação: Demorei horas escrevendo, sinto que algo ainda falta, embora não saiba exatamente o quê. Não se preocupem com o tempo; atualizarei o livro em breve. Até o próximo capítulo.
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Meu Mafioso...
Short StoryLorenzo Bianchi, com 22 anos, conheceu seu anjo em um baile de gala da máfia. Aqueles olhos e rosto tão angelicais e inocentes chamaram a atenção do Diavolo. Lorenzo usou seu poder como futuro capo para ter seu anjo em um casamento arranjado, e Fabr...