𝓐𝓷𝓰𝓮𝓵...

785 72 2
                                    

Algumas horas depois da conversa com minha mãe, estou no meu quarto, ainda processando tudo o que aconteceu. Tento me concentrar em uma nova pintura, mas a dor do tapa e as palavras de meu pai continuam a ecoar em minha mente. A porta do meu quarto se abre lentamente e vejo meu pai, Fabrício, parado na entrada. Seu rosto está marcado pela culpa e preocupação.

"Bambino, podemos conversar?" Sua voz está rouca, carregada de emoção.

Assinto e coloco o pincel de lado, virando-me para ele. "Claro, papai."

Ele entra e se senta na beira da minha cama, parecendo mais velho e cansado do que eu já vi. "Eu... eu quero me desculpar, filho." Seus olhos brilham com lágrimas não derramadas. "Nunca deveria ter feito isso. Nunca deveria ter te batido."

Meu pai nunca bateu em mim ou em meus irmãos. Ele sempre foi um mafioso sério e temido por seus inimigos, mas dentro de casa, ele era doce e amoroso com sua família. Ver essa vulnerabilidade nele é desconcertante.

Sinto um nó se formar na minha garganta ao ver a dor em seus olhos. "Está tudo bem, papai. Eu sei que você só quer me proteger." Faço uma pausa, respirando fundo. "Eu também quero me desculpar. Não deveria ter gritado e falado daquele jeito com você. Eu estava assustado pelas coisas que aconteceram na noite passada."

Ele segura minha mão com força, como se temesse que eu pudesse desaparecer a qualquer momento. "Eu te amo, bambino. Nunca se esqueça disso. E eu estou tão, tão arrependido."

Um silêncio pesado se instala entre nós, mas é um silêncio de compreensão mútua. Me aproximo e envolvo meu pai em um abraço apertado. "Eu também te amo, Papà. Sei que você só quer o melhor para mim."

Após alguns momentos, ele solta minha mão e se levanta. "Vamos descer para o jantar. Sua mãe e sua irmã estão esperando."

Caminhamos juntos para a sala de jantar. Minha casa sempre foi grande, luxuosa e confortável. A sala de jantar é enorme, com um lustre de cristal deslumbrante pendurado no teto, que lança uma luz suave sobre a mesa comprida de mogno. O chão de mármore branco brilha sob a iluminação, dando à sala um ar quase etéreo. A mesa está preparada com pratos de porcelana fina e talheres de prata reluzentes. O cheiro da comida invade o ambiente: massas caseiras, carnes suculentas, saladas frescas e pães ainda quentes, uma verdadeira festa para os sentidos.

Ludovica, nossa governanta de muitos anos, se move com eficiência, certificando-se de que tudo esteja perfeito. Seus olhos Azuis, normalmente calmos e compassivos, encontram os meus e ela me dá um pequeno sorriso de encorajamento.

Minha mãe e Rafaella já estão sentadas. Quando entramos, Rafaella se levanta imediatamente e corre até mim, me envolvendo em um abraço apertado.

"Angelo, me desculpa," ela sussurra, as lágrimas rolando pelo seu rosto. "Eu nunca quis que isso acontecesse. Eu deveria ter ficado com você."

Retribuo o abraço, tentando acalmá-la. "Está tudo bem, Rafaella. Já passou. Depois a gente conversa com mais calma, tá? Agora, estou com fome."

Ela me dá um sorriso trêmulo e voltamos para a mesa. Minha mãe, com seu olhar sempre carinhoso, nos convida a sentar. "Vamos jantar. Está tudo delicioso hoje."

Enquanto comemos, a conversa inevitavelmente se volta para meu aniversário que está chegando. Minha mãe menciona que a festa está sendo planejada com muito carinho e cuidado. Rafaella, animada, começa a listar os preparativos que ela mesma supervisionou.

"Vai ser incrível, Angel," ela diz, usando o apelido carinhoso.

Sorrio para ela, tentando ignorar a pequena voz na minha cabeça que ainda sente a dor e a confusão dos últimos dias. "Estou ansioso, não só pela festa, mas porque depois disso finalmente vou para a faculdade de artes visuais. É um sonho que estou esperando há tanto tempo."

Um silêncio desconfortável cai sobre a mesa. Olho para os rostos de meus pais e minha irmã e vejo a culpa e o desconforto neles. Eles sabem algo que eu não sei, algo que está perturbando-os profundamente.

"Vocês estão bem?" pergunto, minha voz cheia de preocupação.

Minha mãe rapidamente sorri, embora seus olhos ainda mostrem um vestígio de tristeza. "Claro, querido. Estamos só emocionados. É um grande passo para você."

Rafaella muda o assunto com rapidez, falando sobre um detalhe engraçado da decoração da festa. "E você não vai acreditar na quantidade de balões que estamos usando! É quase um exagero."

Decido deixar passar, embora minha mente continue a questionar o que realmente está acontecendo. Talvez eu esteja apenas imaginando coisas. Tento focar na comida deliciosa e na companhia da minha família.

O jantar continua, com a conversa se movendo para tópicos mais leves. Mas a sensação de que algo importante está sendo escondido de mim não desaparece completamente. Ao final do jantar, minha mãe se levanta e diz, com um sorriso caloroso, "Amore, hoje fiz sua sobremesa favorita. Espero que goste."

O brilho de felicidade que sinto com essa simples declaração ajuda a aliviar um pouco da tensão. "Obrigado, mamãe. Estou ansioso para experimentar."

Enquanto a sobremesa é servida, observo minha família e sinto uma mistura de amor e inquietação. Sei que algo está por vir, algo que pode mudar tudo. Mas por enquanto, escolho focar no presente, na alegria de estar com aqueles que amo.

E assim, a noite termina com risos e histórias, mas com uma sombra de dúvida pairando sobre mim. Sei que não posso evitar a verdade para sempre, mas, por agora, deixo-me levar pelo momento, ansioso e preocupado com o que o futuro trará.

___________________________________
Autor

Depois de ler alguns comentários que me deixaram super empolgado, decidi escrever esta página. Comecei por volta das 20h e terminei às 1h30 da manhã sem nem perceber, kkkk. Fiz isso por vocês e agradeço de coração por lerem meu livro. Me desculpem se tiver alguns erros, pois escrevi este capítulo rapidamente. Peço mais uma vez seus comentários e votos, pois é com eles que saberei se vocês estão gostando. Muito obrigado mais uma vez por lerem. De coração, obrigado e até a próxima!

Meu Mafioso...Onde histórias criam vida. Descubra agora