𝓐𝓷𝓰𝓮𝓵...

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Fechei a porta atrás de mim e me joguei na cama, sentindo o peso do dia inteiro se acumular nos meus ombros. O cansaço tomava conta do meu corpo, mas a mente não me dava sossego. Meus pensamentos iam e vinham como ondas agitadas, mas, sem falhar, sempre acabavam voltando para Lorenzo. O beijo no escritório ainda queimava em minha memória, aquele contato inesperado que tinha abalado todas as minhas certezas. E, pior ainda, o sorriso dele. Droga, aquele sorriso. Foi a primeira vez que eu o vi sorrir, e agora, por mais que tentasse, não conseguia tirar isso da cabeça. Era algo tão simples, mas completamente devastador, como se tivesse revelado uma parte dele que ninguém mais conhecia.

Suspirei profundamente e, em um impulso de frustração, soquei o travesseiro como se pudesse descontar nele o turbilhão que Lorenzo havia despertado em mim. Era irritante como ele conseguia entrar na minha mente, mesmo quando eu não queria.

“Isso só pode ser síndrome de Estocolmo” murmurei para mim mesmo, tentando encontrar alguma explicação racional para o que estava acontecendo. Como eu poderia estar tão envolvido com alguém que, até poucos dias atrás, era apenas uma sombra ameaçadora na minha vida? Levantei da cama com uma bufada, os pensamentos inquietos me empurrando para longe do descanso. Caminhei até o closet, meio perdido, me perguntando se minhas roupas estariam ali. Claro que estavam. Cada peça organizada exatamente como no primeiro dia, do meu lado do closet, enquanto o outro lado estava ocupado pelas coisas de Lorenzo. Ver as roupas dele ali, tão misturadas às minhas, me incomodava, como se ele estivesse invadindo todos os espaços, até os mais íntimos.

Abri o armário com um suspiro, passando os dedos pelas roupas até pegar uma cueca thong preta. Aquele pedaço de tecido era um hábito meu, algo que sempre usei, mas hoje, parecia mais do que uma simples escolha de conforto. A thong tinha uma faixa fina na parte de trás, deixando meu bumbum praticamente exposto, o que, de certa forma, me fazia sentir mais vulnerável, mas ao mesmo tempo, era como se me desse uma sensação de controle sobre meu corpo em meio a todo o caos. Peguei também um pijama de seda e uma toalha antes de caminhar até o banheiro, decidido a afastar Lorenzo da minha mente, pelo menos por alguns minutos.

Fechei a porta do banheiro, colocando minhas roupas cuidadosamente de lado. Liguei a banheira, deixando a água quente começar a encher o espaço. O som era relaxante, quase hipnótico. Fui retirando as peças que usava, sentindo a tensão se dissipar conforme a água quente convidava meu corpo a relaxar. Quando entrei na banheira, o calor me envolveu, e as bolhas de sabão flutuavam ao meu redor como uma barreira suave contra o mundo exterior. Passei a mão suavemente pela pele, sentindo o relaxamento tomar conta, mas minha mente, teimosa, começava a vagar novamente. O que me aguardava no dia seguinte? O primeiro dia de aula na universidade... Parecia surreal pensar nisso agora, como se fosse uma vida distante da que eu estava vivendo com Lorenzo. Uma parte de mim ansiava desesperadamente por isso, por escapar, nem que fosse por algumas horas, desse mundo sufocante. Ver outras pessoas, sentir a normalidade de volta, era quase um sonho distante, mas que me mantinha de pé.

Depois de um tempo que pareceu suficiente para acalmar meus nervos, saí da banheira. Peguei a toalha e comecei a me secar, aproveitando a sensação de leveza que a água tinha deixado na minha pele. O pijama de seda deslizou sobre o corpo, a textura macia era um alívio, quase reconfortante. Por um breve momento, me senti protegido, como se estivesse em uma bolha de tranquilidade que, infelizmente, logo seria estourada.

Abri a porta do banheiro e, ao dar o primeiro passo para fora, quase dei um salto para trás. Lorenzo estava sentado em uma poltrona no canto do quarto, envolto em sombras, como se fosse parte da escuridão que o cercava. A luz fraca destacava o brilho âmbar no copo de whisky que ele segurava casualmente, mas seus olhos estavam fixos em mim, com aquele olhar predatório que me fazia sentir exposto, mesmo vestido.

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