𝓐𝓷𝓰𝓮𝓵...

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A visita aos meus pais foi boa e desconfortável ao mesmo tempo. A emoção de finalmente vê-los depois de alguns dias me deixou aliviado, mas a presença constante de Lorenzo ao meu lado transformou tudo em uma espécie de teatro. Seus olhos atentos não perdiam nada, como se ele estivesse me vigiando a cada gesto, cada palavra que eu trocava com eles.

Quem diria que o próprio capo estaria me acompanhando para visitar os meus pais? Dizer isso em voz alta parece algo quase absurdo, mas aconteceu. Eu ainda tentava entender como minha vida havia se transformado tão drasticamente ao ponto de Lorenzo estar ali, como uma sombra, enquanto eu abraçava meus pais com lágrimas nos olhos. Meu pai parecia emocionado também, mas, como sempre, mascarou isso muito bem. Ele nunca iria mostrar fraqueza na frente de Lorenzo — o seu capo. Se Lorenzo tivesse sequer mencionado isso, juro que eu o teria socado ali mesmo.

Agora, de volta à mansão Bianchi, o silêncio pesado do lugar nos envolvia mais uma vez. Martina estava à nossa espera quando entramos, e seu sorriso acolhedor era uma das poucas coisas que me davam um pouco de conforto ali.

"O jantar será servido em uma hora" ela avisou com a suavidade de sempre, como se aquela casa não estivesse afundada em tensões constantes.

"Obrigado, Nonna" eu respondi, tentando soar o mais calmo possível. "Eu vou subir e descansar um pouco antes do jantar."

Ela sorriu e fez um gesto de leve reverência antes de voltar à cozinha, deixando-me a sós com Lorenzo.

Comecei a caminhar em direção à escada, sentindo cada passo mais pesado que o outro. A última coisa que eu queria era mais uma discussão ou outra tentativa de controle da parte dele, mas é claro que Lorenzo não ia deixar isso acontecer tão facilmente.

“Depois do jantar, eu quero falar com você sobre algumas regras” sua voz firme soou atrás de mim. Eu parei e virei para encará-lo, confuso.

"Regras?" Perguntei, tentando manter minha calma, mas já sentindo a irritação crescendo.

"Sobre amanhã. Suas aulas na universidade começam, e por ser casado comigo, sua segurança fora da mansão precisa ser monitorada de perto."

É claro. A tal da segurança. Lorenzo sempre tinha que me lembrar dos perigos que me cercavam, como se eu fosse um objeto valioso que ele precisava proteger a qualquer custo, e não uma pessoa com vida própria. Ele sempre mencionava seus inimigos, aqueles que fariam de tudo para atingi-lo, e eu, por acaso, era o alvo perfeito.

Suspirei, já farto de toda essa situação. "Ah, claro, até me esqueci do bônus de ser casado com o capo" murmurei, deixando o sarcasmo escorrer pelas minhas palavras.

Lorenzo franziu o cenho, visivelmente irritado. "Vamos conversar sobre isso depois" disse ele, sua voz carregada de autoridade, enquanto se virava para sair.

Eu deveria tê-lo deixado ir. Qualquer pessoa sensata faria isso. Mas eu não consegui me conter. "Lorenzo!" Chamei, antes de pensar duas vezes.

Ele parou no meio do corredor, seus ombros tensionados, e então se virou devagar para me encarar com aquela expressão impenetrável.

"O que foi agora, Angelo?"

A pergunta seca só aumentou a minha frustração. Respirei fundo e caminhei em sua direção, meus pés pesados, mas determinados. "Eu só quero entender uma coisa" comecei, minha voz mais controlada do que eu esperava. "Por que eu?"

Lorenzo levantou uma sobrancelha, sem entender aonde eu queria chegar. "Do que você está falando?"

"Por que você se casou comigo?" Perguntei, minha voz saindo firme, embora meu coração estivesse acelerado. "Não foi por poder. Você já era o capo. Não foi por influência, porque meu pai é apenas um subordinado seu. Então, o que foi, Lorenzo? O que você quer comigo?"

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