𝓐𝓷𝓰𝓮𝓵...

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O caminho até o escritório do meu pai parecia um corredor interminável de condenação. Cada passo reverberava em minha mente, cada batida do coração aumentava a sensação de que algo terrível estava prestes a ser revelado. Sentei-me na cadeira diante da imponente mesa de madeira escura. Meu pai estava atrás dela, parecendo mais velho e cansado do que jamais havia visto. O silêncio era pesado, e eu podia ouvir minha própria respiração ecoando no espaço.

"Bambino, meu filho.." ele começou, com a voz baixa e cheia de culpa. "Há algo que precisamos conversar. Algo que tem sido decidido há muito tempo, e agora é hora de você saber."

"Do que você está falando, papai?" perguntei, tentando manter a calma, mas sentindo o pânico crescer em meu peito.

"Você vai se casar, bambino.. " disse ele finalmente, a voz falhando, lágrimas enchendo seus olhos. "Seu casamento será anunciado em sua festa de 18 anos."

As palavras dele ecoaram na minha mente como um trovão. Casamento? Anunciado? Máfia? Senti meu mundo desmoronar enquanto o significado de suas palavras se infiltrava em meu cérebro. Todos os sonhos que eu tinha, a faculdade de artes visuais, a liberdade de viver minha vida do meu jeito, tudo estava se desfazendo diante dos meus olhos.

"O quê?" gritei, a voz tremendo de choque e raiva, lágrimas se formando em meus olhos. "Você está dizendo que eu vou me casar contra a minha vontade? Que eu sou apenas uma peça nesse jogo sujo da máfia?"

"Bambino, me desculpe..." ele começou, mas eu não consegui ouvir mais nada. As palavras dele se perderam em um borrão enquanto eu tentava processar a enormidade da traição.

"Você me prometeu, pai!" eu gritei, levantando da cadeira com tanta força que ela caiu para trás. "Você disse que Lucca, como primogênito, seria o chefe da famiglia Giorno e que nenhum de nós precisaria de um casamento arranjado! Que eu poderia viver minha vida longe dessa maldita máfia!"

"Angelo, por favor, me deixe explicar..." ele tentou, mas a raiva dentro de mim era um vulcão prestes a explodir.

"Explicar o quê? Que todas aquelas regras estúpidas que você impôs sobre mim, enquanto meus irmãos tinham liberdade, eram para me preparar para isso? Para me manter 'puro e imaculado' para um casamento arranjado que foi feito pelo meu próprio pai pelas minhas costas a... hummm... deixe me ver... desde antes de eu nascer? Não? Quando você fechou esse maldito casamento arranjado?"

"Sim..." ele admitiu, a voz baixa e cheia de dor. "O acordo foi feito quando você ainda era adolescente. Fiz isso para garantir sua segurança e a da nossa família."

"Eu nunca pude namorar, sempre fui seguido por seguranças... e era tudo por causa dessa maldita máfia?" Eu cuspi, a ironia e a raiva misturando-se em minha voz. "Você nos vendeu para a máfia por segurança e poder. Você me vendeu."

"Filho, eu pensei que estava fazendo o melhor para todos nós. Por favor, entenda. Não foi assim que as coisas aconteceram, me deixa explicar..."

"Entender? Como eu posso entender isso, pai?" gritei. "Você destruiu a minha vida! Todos os meus sonhos, tudo o que eu queria... acabou."

Saí correndo do escritório, sem olhar para trás. Eu precisava escapar daquela dor sufocante. Ao sair pela porta, vi minha mãe chorando, sendo consolada por Lucca, que tinha uma expressão de raiva contida. Rafaella também estava chorando, e a dor nos olhos dela refletia a minha.

"Angelo, espere!" meu pai chamou, mas eu não parei. Eu corri para o meu quarto, o único lugar onde eu podia encontrar algum alívio. Tranquei a porta atrás de mim, a respiração ofegante, o peito apertado de dor e desespero.

O quarto que sempre foi meu refúgio agora parecia uma prisão. As paredes que antes me protegiam agora pareciam se fechar ao meu redor. Em um surto de raiva, comecei a destruir tudo o que via pela frente. Peguei um dos meus quadros, uma obra que eu mesmo pintei, rasgando sua tela em mil pedaços, refletindo como eu me sentia por dentro. Desarrumei a cama, joguei almofadas e lençóis pelo chão. Peguei um vaso de flores da minha mesa e o arremessei com toda a força contra a parede de vidro que dividia meu quarto da sacada. O estilhaçar do vidro soou como um grito de desespero, refletindo a tempestade dentro de mim.

Cada peça que quebrava, cada som de vidro estilhaçando, parecia gritar minha frustração e dor. A raiva e o desespero se misturavam em um redemoinho avassalador, e eu não conseguia controlar. Era como se todo o meu mundo estivesse se desintegrando, e eu era impotente para impedir.

Desesperado, caí no chão, enrolando-me em uma bola, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. A sensação de horas se passaram enquanto a dor e a frustração me consumiam. "Como ele pôde fazer isso comigo?" eu repetia, a voz cheia de angústia, nojo e repulsa. "Eu sou apenas uma peça nesse jogo sujo... um peão para ser usado por um velho babão que será meu futuro marido e que depois irá me descartar."

O desgosto me corroía, a ideia de ser entregue a alguém que eu não conhecia, alguém de quem eu não queria estar perto, me causava náuseas. O futuro terrível que me esperava parecia se desenrolar diante dos meus olhos, um pesadelo sem fim. A traição de meu pai era um golpe profundo, uma ferida que eu não sabia se um dia cicatrizaria.

O choro sacudia meu corpo, a dor era insuportável. Eu gritei, liberando toda a dor e frustração que estavam me consumindo. Finalmente, exausto e emocionalmente devastado, adormeci ali no chão, sentindo que meu mundo havia sido destruído. Cada lágrima, cada soluço era um grito silencioso de desespero, e a escuridão do sono era o único alívio que eu podia encontrar.

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Autor
Eu dei tudo de mim nessa página, gente. Demorei quase 2 dias para chegar a esse resultado entre fazer e refazer, escrever e refazer de novo, enfim. Mas valeu muito a pena. Para mim, é uma das melhores páginas (não vou dizer que é a melhor porque ainda falta muito para o fim desse livro). Gastei todo o meu "portunhol" nisso e é isso. Comentem, quero todos os comentários! Me chamem de "senhora" e quero com voz aveludada kkkk. Beijos, gente! Obrigado de coração!!!

Meu Mafioso...Onde histórias criam vida. Descubra agora