Meu Mafioso...

𝓐𝓷𝓰𝓮𝓵...

Dias se passaram desde aquele encontro com Lorenzo, mas parecia que tudo aconteceu ontem. Sua presença era uma sombra constante na minha mente, como um fantasma que se recusava a desaparecer. Eu tentei ignorar, tentei esquecer, mas cada vez que meus pensamentos vagavam, eu me via preso de novo naquele instante. O calor do corpo dele contra o meu, a pressão dos lábios dele sobre os meus.

Hoje era o meu aniversário, mas a excitação usual de fazer dezoito anos havia se misturado com um desconforto crescente. Eu não sabia o que esperar daquela noite. Tudo estava diferente agora. Desde o beijo, algo dentro de mim mudou, e eu sentia isso profundamente, como uma corrente oculta de emoções que eu não conseguia entender. O pior era que, mesmo tentando me convencer de que Lorenzo não significava nada, meu corpo parecia ter uma resposta diferente. O calor que ele havia deixado em mim ainda queimava.

Suspirei, me olhando no espelho enquanto ajeitava a saia longa de cetim rosa pálido que escolhi para a festa. A blusa de seda branca caía suavemente sobre meus ombros, os detalhes delicados completando o visual de forma perfeita. Era ousado, e eu sabia que isso provocaria olhares. Mas hoje eu não me importava. Hoje, eu precisava me sentir eu mesmo, nem que fosse pela última vez. O que quer que estivesse por vir, eu enfrentaria de cabeça erguida.

As batidas na porta me arrancaram dos pensamentos. Rafaella entrou, sorrindo ao me ver pronto.

“Você está perfeito, Angel.” ela disse, os olhos brilhando com aprovação. Mas por trás do sorriso, havia algo mais, uma tensão que ela tentava esconder. Eu não precisava perguntar para saber que ela também sentia que algo estava para acontecer.

“Obrigada, Rafa..” murmurei, tentando manter a voz firme. “Você acha que vai ser tudo... normal?”

Ela hesitou, o sorriso vacilando por um segundo antes de voltar, mais fraco. “Vai ser uma festa linda, Angel. Aproveite o seu momento.”

Eu assenti, mesmo que uma parte de mim soubesse que a resposta dela não era completa. Ela não queria me preocupar, mas eu podia sentir no ar. Algo estava diferente.

O salão estava lotado quando desci as escadas. Amigos de longa data, familiares e pessoas que eu mal conhecia estavam ali, celebrando. Mas o ar de celebração que eu costumava amar parecia sufocante agora. Meus olhos vagaram pela sala, capturando rostos conhecidos e outros não tão familiares. Marco Grego me avistou de longe e me cumprimentou com um sorriso gentil, mas antes que eu pudesse retribuir, algo mais capturou minha atenção.

Ele estava lá. Lorenzo Bianchi.

Senti meu coração acelerar no peito, e uma onda de calor percorreu meu corpo. Ele estava mais imponente do que nunca, sua presença dominando o espaço de uma maneira que era impossível ignorar. O olhar dele me encontrou instantaneamente, e por um segundo, parecia que o mundo ao nosso redor desapareceu. Tudo o que eu conseguia ver eram seus olhos fixos em mim, cheios de uma intensidade que me fez estremecer.

Eu tentei me mover, tentar agir normalmente, mas meus pés estavam presos no chão. A lembrança do último encontro voltou com força total: o toque dele, a firmeza com que ele me segurou, e o gosto daquele beijo... O beijo que eu não deveria ter gostado. Um rubor quente subiu pelas minhas bochechas, e eu apertei os dedos ao lado do corpo, tentando me manter no controle. Eu não queria que ele percebesse o impacto que tinha sobre mim, mas era difícil.

Lorenzo começou a se aproximar, e cada passo dele parecia ecoar mais alto no meu peito. As pessoas ao redor notavam sua aproximação, murmurando entre si, mas eu não conseguia ouvir nada além do som da minha própria respiração descompassada.

Quando ele finalmente ficou de frente para mim, o silêncio ao nosso redor era palpável. Ele pegou minha mão com firmeza, mas sem machucar, seus dedos grandes envolvendo os meus de uma maneira que fazia meu coração bater mais rápido. O toque dele era quente, quase queimando contra minha pele. Eu tentei recuar, mas meu corpo não respondia. Ele inclinou a cabeça levemente, e seus lábios tocaram suavemente as costas da minha mão.