𝓐𝓷𝓰𝓮𝓵...

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Chegamos em casa e como esperado, o clima está tenso. Papai está sentado na sala, com o rosto sério e os braços cruzados. Rafaela está ao lado dele, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Mamãe tenta acalmar a situação, mas sei que isso é apenas o começo.

Antes que eu possa subir para o meu quarto, papai me chama. "Angelo, venha aqui. Precisamos conversar." O tom de sua voz me deixa ainda mais nervoso. Sinto minhas pernas tremerem enquanto me aproximo.

Papai, eu..." começo a dizer, mas ele me interrompe.

"Eu não quero ouvir desculpas, Angelo. O que aconteceu hoje foi inaceitável. Você é o irmão mais novo, deveria estar dando exemplo. Em vez disso, está seguindo o mau exemplo de sua irmã. Isso não pode continuar."

Sinto uma onda de culpa me inundar, mas também uma faísca de revolta. "Eu sei, papai. Eu sinto muito."

"Desculpas não são suficientes," ele diz, com os olhos fixos nos meus. "Você será punido, assim como Rafaela. Mas antes, quero que me diga a verdade. Por que você fez isso?"

Respiro fundo, tentando encontrar as palavras certas não posso complicar a Rafa mais ainda. "Eu... eu só queria me sentir livre, ser eu mesmo. Sinto que estou sempre preso, sempre vigiado. Queria apenas um momento de liberdade."

"Liberdade?" Papai rosna, dando um passo à frente. "Essas regras existem para te proteger, para proteger a nossa família. Desde que você era criança, deixei claro que só poderia namorar aos 18 anos, que só poderia sair de casa com seguranças e que deveria sempre me avisar ou avisar seu irmão mais velho. Essas regras são para o seu bem!"

"Mas por que só eu? Por que não a Rafaela ou o Lucca? POR QUE? Eu sempre tenho que ser controlado e vigiado?" Falo com amargura.

"Isso não é vida, é uma prisão!" Rebato, sentindo a raiva borbulhar dentro de mim. "Rafaela e Lucca não seguem essas regras. Por que só eu tenho que viver assim?"

O rosto de papai se contorce de raiva e, antes que eu possa reagir, sinto o impacto de um tapa no meu rosto. A dor é intensa, mas a surpresa e a traição doem ainda mais. Mamãe solta um grito abafado e papai imediatamente parece arrependido.

"Amor, me desculpe..." ele começa a dizer, mas eu já estou correndo para o meu quarto, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto.

Tranco a porta atrás de mim e caio na cama, sentindo a dor física e emocional me consumirem. Por que minha vida tem que ser assim? Por que não posso ter o direito de escolher meu próprio caminho? As lágrimas continuam a cair enquanto me enrolo em uma bola, desejando que tudo isso fosse apenas um pesadelo do qual eu pudesse acordar.

Enquanto estou ali, soluçando, penso nas vezes em que vi Rafaela saindo escondida e vivendo sua vida sem tantas restrições. Por que ela pode e eu não? Isso não é justo. Sinto a raiva fervendo dentro de mim novamente. Alguma coisa precisa mudar.

Lá embaixo, ouço vozes abafadas. Mamãe tentando acalmar papai, Rafaela provavelmente chorando ainda. A porta do meu quarto é a única barreira entre mim e o caos lá fora. Mas dentro de mim, o caos é ainda maior.

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Meu Mafioso...Onde histórias criam vida. Descubra agora