Eu não conseguia parar de pensar na discussão com Lorenzo enquanto o carro me levava para o que agora seria minha nova casa. Minha mente girava em torno das palavras ditas, das ações impulsivas e das emoções contraditórias que haviam me consumido no jardim. Os olhos fixos na paisagem que passava rapidamente pela janela, as luzes da cidade iluminando o interior do carro de maneira intermitente. Eu podia ver o reflexo de Lorenzo sentado ao meu lado, tão calado quanto eu. Desde aquela briga, nós não trocamos mais uma palavra.
"Por que eu fiquei tão irritado?" pensei, tentando justificar minha própria raiva. "Será que foi ciúmes?" Meus pensamentos foram interrompidos por um suspiro que escapou involuntariamente de meus lábios. "Não, claro que não foi isso. Eu não sinto nada por Lorenzo, além de ódio." Mas, conforme meus olhos desceram para a aliança de ouro em meu dedo, o ódio parecia se misturar com outra emoção que eu me recusava a nomear. Era a prova concreta de que meu pesadelo era real. Eu pertencia a ele. Mas isso eu jamais aceitaria.
A porta do carro foi aberta, me trazendo de volta à realidade. O som do clique da maçaneta pareceu distante, como se eu ainda estivesse preso dentro de meus próprios pensamentos. Olhei confuso para Lorenzo, que estendeu a mão para me ajudar a sair, mas eu recusei com um olhar frio e resoluto. Saí por mim mesmo, sem dizer uma palavra, nem mesmo olhar para ele. Tinha passado tanto tempo imerso em meus pensamentos que não percebi que já havíamos chegado.
Martina estava lá, parada entre uma fileira de empregados. Seus olhos brilharam com entusiasmo quando nos viu. "Bem-vindo, senhor Angelo" disse ela com a voz suave, transbordando de uma animação quase maternal.
"Obrigado" murmurei sem muita emoção, tentando esboçar um sorriso, mas sem muito sucesso. Estava exausto, não só fisicamente, mas emocionalmente. Lorenzo parecia querer encerrar a noite rapidamente. "Martina, deixe as apresentações para amanhã. Angelo deve estar cansado" ele disse, como se tivesse autoridade para decidir isso por mim.
Revirei os olhos ao ouvir Lorenzo falar por mim e intervi. "Obrigado, Nanna. Deixe as apresentações para amanhã, por favor." Eu mal conseguia esconder o cansaço na voz. "Agora, pode me levar ao meu quarto?" Falei com um tom calmo, tentando ser o mais gentil possível, embora por dentro eu estivesse em frangalhos.
Ela assentiu, um sorriso gentil no rosto, e começou a caminhar à minha frente. "Claro, senhor Angelo, suas malas foram trazidas mais cedo e já estão organizadas no quarto." Segui atrás dela, meus olhos vagando pelas paredes da imponente mansão. Os empregados que cruzavam nosso caminho abaixavam a cabeça respeitosamente, o que só aumentava a sensação de estar preso em uma realidade que eu não escolhi.
Quando paramos em frente a uma porta de carvalho preto, algo em mim travou. Eu sabia exatamente o que estava por vir. "Por que no quarto dele?" perguntei, minha voz mais firme do que eu esperava.
Martina pareceu confusa, seus olhos se estreitaram por um momento antes de responder, com um tom de obviedade: "Um casal dorme junto, senhor. Pensei que fosse o esperado."
Suspirei, sentindo a irritação crescendo. "Está tudo bem, Martina, mas amanhã, por favor, peça para alguém mover minhas coisas para o quarto de hóspedes." Eu estava exausto demais para discutir ou deixar minha frustração transparecer. "Não vou dividir um quarto com ele" pensei, sem dizer essas palavras em voz alta.
Ela assentiu, um pouco hesitante. "Claro. Farei isso pela manhã." Com isso, ela se despediu e deixou o corredor em silêncio. Entrei no quarto, sentindo o peso do cansaço, e fechei a porta atrás de mim com um clique audível. Mas trancar a porta parecia insuficiente. Caminhei até a cômoda e, com um pouco de esforço, empurrei o móvel para frente, bloqueando a porta completamente. Isso talvez mantivesse Lorenzo do lado de fora. Só de pensar nele entrando sem permissão me fazia sentir um aperto no peito.
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Meu Mafioso...
Historia CortaLorenzo Bianchi, com 22 anos, conheceu seu anjo em um baile de gala da máfia. Aqueles olhos e rosto tão angelicais e inocentes chamaram a atenção do Diavolo. Lorenzo usou seu poder como futuro capo para ter seu anjo em um casamento arranjado, e Fabr...