𝓐𝓷𝓰𝓮𝓵...

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O brilho do anel em meu dedo capturava toda a luz da manhã, refletindo-a em milhares de facetas como um mar de diamantes. O anel era exuberante, uma peça opulenta e cara, exatamente como algo que Lorenzo escolheria. Seu design era imponente, com um grande diamante central cercado por pequenas pedras incrustadas em uma base de ouro branco. A joia, claramente feita sob encomenda, refletia poder e posse. Fiquei encarando o anel por mais tempo do que gostaria, lembrando do momento em que Lorenzo o deslizou em meu dedo na frente de todos. Senti os olhares chocados, as expressões de surpresa, e até mesmo o veneno das invejosas que mal conseguiam disfarçar. Naquela noite, Lorenzo fez questão de deixar claro para todos que eu era dele.

"Você seguiu meu conselho, hein?" Rafaella riu do outro lado do quarto, interrompendo meus pensamentos. Ela estava deitada na minha cama, folheando uma revista de moda, mas claramente mais interessada em conversar. "Fez o Lorenzo se apaixonar por você."

"Se é isso que você chama do que aconteceu ontem à noite..." murmurei, sentindo as marcas no meu pescoço. O toque ainda parecia presente, como se Lorenzo quisesse gravar em mim sua posse para o mundo ver. "Mas não me sinto bem com isso. Foi como se ele quisesse mostrar a todos que eu sou propriedade dele. Essas marcas..." Toquei a pele com cuidado, onde os chupões dele estavam. “Ele fez questão de deixar claro para todos.”

Rafaella ergueu as sobrancelhas, um sorriso divertido surgindo no canto dos lábios. "Bem, o importante é que você conseguiu convencê-lo sobre a faculdade, certo?"

Balancei a cabeça, um sorriso fraco escapando. "Sim, sobre isso, consegui fazer ele ceder. Mas... as coisas lá no escritório ontem poderiam ter ido longe demais se você não tivesse aparecido."

"Ah, é? E o que teria acontecido?" Ela riu alto, jogando a revista de lado, claramente se divertindo às minhas custas.

"Não quero nem comentar.." retruquei, corando e jogando um travesseiro nela. Rafaella riu mais alto e revidou, jogando outro travesseiro de volta em mim. Logo, estávamos em meio a uma guerra de travesseiros, como nos velhos tempos.

A porta do quarto se abriu de repente, e nossa mãe entrou, observando a cena com um sorriso caloroso no rosto. "Vocês dois nunca mudam." disse ela, balançando a cabeça, mas sem conseguir esconder o carinho em sua voz. "Angelo, querido, espero que este clima de casamento não esteja acabando com você emocionalmente."

A menção ao casamento fez o humor leve desaparecer, e eu suspirei, ainda brincando com o anel em meu dedo. “Está tudo bem, mãe..” menti, não querendo preocupá-la. Eu sabia que não tinha como escapar desse destino, mas a realidade de tudo ainda me incomodava.

"Precisamos ir ao ateliê escolher o que você vai usar no casamento." disse ela, como se fosse a coisa mais normal do mundo. "Já que temos apenas três meses até o casamento, precisamos fazer seu traje o mais rápido possível."

Não estava nem um pouco animado com a ideia. "Pode escolher qualquer coisa, mãe. Não me importo." respondi, tentando me esquivar da obrigação.

Ela me olhou com paciência, mas seu tom era firme. "Você sabe que terá que ir, Angelo. Não podemos deixar para a última hora. Será importante que tudo esteja perfeito."

Suspirei, percebendo que não havia escapatória. Rafaella, é claro, decidiu se juntar. "E aí, maninho, já decidiu se vai usar um vestido de noiva ou um terno?"

Por um momento, pensei na pergunta. Algo convencional como um terno? Ou algo mais chamativo? Então, a resposta veio fácil. “Vou usar um vestido. Se não for para causar, nem saio de casa.”

Rafaella soltou um grito de empolgação. “Isso mesmo! E que se dane o que os homofóbicos pensam!”

Sorri, concordando, enquanto nossa mãe nos repreendia levemente pelo palavrão, mas até ela parecia divertida. "Vocês dois..." ela balançou a cabeça, mas não conseguiu esconder um sorriso. "Agora vamos logo, temos muito o que fazer."

Saímos de casa em direção ao ateliê, com vários carros seguindo logo atrás de nós. A segurança que meu pai e Lucca insistiram em colocar para me proteger agora que eu era oficialmente o noivo de Lorenzo. Achei um exagero, mas eles deixaram claro que Lorenzo tinha muitos inimigos, e que isso poderia colocar minha vida em risco para atingi-lo. Por mais que eu relutasse, acabei aceitando. O pensamento de ser alvo por causa de Lorenzo me assombrava, e por mais que eu não quisesse admitir, isso me assustava.

Durante o caminho, olhei pela janela do carro, sentindo a tensão crescendo no meu peito. Mesmo que eu tivesse conseguido o que queria. A permissão de Lorenzo para cursar minha faculdade. Havia um peso em meus ombros que não conseguia sacudir. O casamento estava cada vez mais próximo, e com ele vinham responsabilidades e perigos que eu nunca imaginaria.

Por mais que eu não demonstrasse, o medo estava ali. Talvez fosse esse o preço de ser o noivo de Lorenzo Bianchi. E enquanto o carro se afastava da mansão, essa ideia só ficava mais forte.

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