𝓐𝓷𝓰𝓮𝓵...

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Eu estava no quarto de Rafaella, ajustando o vestido azul-marinho que escolhi para a noite. A alguns horas, meu quarto estava irreconhecível, completamente destruído em um acesso de raiva. Agora, enquanto me olhava no espelho do quarto de minha irmã, tentava me concentrar em parecer impecável, mesmo que por dentro eu estivesse um caos.

O tecido do vestido caía perfeitamente, delineando minhas curvas com elegância. Enquanto me observava, ouvi a porta se abrir e, pelo reflexo no espelho, vi Rafaella entrando. “Que lindo vestido, Angel.” comentou ela, com um sorriso acolhedor. Virei-me ligeiramente, ainda me admirando no espelho. “Pensei em usar um terno, mas um vestido sempre cai melhor em mim.” respondi, mais para mim mesmo do que para ela.

Rafaella se jogou na cama, pegando meu notebook e começou a mexer na tela. “Tenho certeza de que o capo vai ficar de queixo caído quando te vir...” brincou ela, sem tirar os olhos do laptop. Dei uma risadinha, mas logo fiquei sério novamente. “Faz tanto tempo que não uso um vestido...”. Peguei uma mecha do meu cabelo comprido, enrolando-a entre os dedos enquanto considerava a melhor forma de prendê-lo. “O que você acha? Deixo preso ou solto?”

Rafaella levantou os olhos da tela, avaliando-me. “Deixa preso, vai ficar lindo.” sugeriu ela, mas eu já sabia o que queria. “Então, solto,” decidi, sorrindo enquanto a encarava pelo espelho.

Rafaella franziu a testa, fingindo indignação. “Se ia deixar solto, por que pediu minha opinião?” cruzou os braços, me encarando. Soltei uma risadinha divertida. “Ué, o cabelo é meu, então minhas regras...” respondi, piscando para ela.

“Vadia convencida,” brincou ela, rindo. “Ruiva água de salsicha.” retruquei, rindo junto. Nossa leve troca de provocações foi interrompida pela entrada de Lucca, meu irmão mais velho. Ele se aproximou por trás e me abraçou, descansando o queixo em cima da minha cabeça, enquanto olhava para mim através do espelho.

“Você está lindo.” murmurou ele. “Deveria usar mais vestidos; combinam muito com você.” Senti meu rosto esquentar um pouco com o elogio, e respondi com um sorriso tímido. “Obrigado. Eu gosto, mas sou mais adepto a calças jeans e moletons... Sabe que não gosto de chamar muita atenção. Nas festas em que papai me obrigava a ir, preferia usar ternos, mas sempre dava meu toque especial.” disse, sorrindo.

Lucca suspirou, mostrando um nervosismo que eu conhecia bem. “Sabe que essa sua ideia não vai dar certo, né?” Ele estava preocupado, como sempre. Eu também estava, mas não podia deixar isso transparecer.

“O ‘não’ a gente já tem... Mas quero ver a reação dele. Quero ver com meus próprios olhos. O capo pode ser um psicopata, mas eu não vou me deixar ser dominado sem lutar.” Falei com uma confiança que não sentia totalmente. Por dentro, o medo borbulhava, mas não me deixaria vencer por ele. Lucca me observou, derrotado, enquanto Rafaella virava a tela do laptop para mim.

“E para isso, você precisa conhecer bem seu futuro marido.” disse ela, mostrando uma imagem de Lorenzo Bianchi. O homem na tela era impressionante, com seus cabelos castanhos claros penteados com perfeição, olhos verdes penetrantes e uma expressão que exalava autoridade e controle. Seu terno sob medida destacava sua postura imponente. Lorenzo era a personificação da elegância fria e calculista.

“Lorenzo Bianchi, 25 anos, escorpiano, 1,90m de altura, pesando entre 85 e 90 kg. CEO de uma empresa multinacional bilionária, inclusive, o grupo Bianchi tem negócios de milhões de euros com a nossa famiglia.” Rafaella recitou as informações como se as tivesse decorado.

“Uau... Como você sabe tudo isso? Tem os números da conta bancária dele também?” Brinquei, rindo, mas Rafaella apenas revirou os olhos. “Engraçadinho... Isso é o que consegui descobrir na internet.” disse ela, voltando a atenção para a tela.

Sentei-me ao lado dela, segurando sua mão. “Eu sei que você está preocupada comigo... E agradeço muito por isso. Se não fosse por vocês, eu não conseguiria passar por isso sozinho..” confessei, tentando não deixar minha voz falhar. Rafaella olhou para mim, lutando contra as lágrimas, e eu sabia que ela estava tentando ser forte, assim como eu.

“Se ele fizer algo de mal a você, eu mato ele.” disse ela, abraçando-me com força. Ri com a promessa, abraçando-a de volta. Quando nos separamos, peguei o laptop de suas mãos e olhei novamente para a imagem de Lorenzo.

“Sabe... Tenho a sensação de que já vi esse rosto em algum lugar..” disse, tentando buscar na memória. “Talvez em revistas ou na internet. Ele sempre aparece acompanhado de belas mulheres.” sugeriu Rafaella, sem muito interesse.

“Não... Quero dizer pessoalmente.” continuei, fixando-me na foto. Algo naqueles olhos verdes parecia familiar, como se já tivessem cruzado com os meus antes. Lucca se aproximou, também intrigado. “Eram poucas as vezes que Lorenzo aparecia em festas antes de seu pai morrer, mas talvez você tenha visto ele em alguma...”

“Me desculpem se tenho a memória de um idoso de 90 anos.” brinquei, rindo. Mas algo em minha mente insistia que já tinha visto aquele homem antes.

As batidas na porta interromperam meus pensamentos, e Ludovica entrou, parecendo nervosa. “O carro do senhor Lorenzo acabou de passar pelos portões da mansão.” avisou ela, com uma voz trêmula.

Suspirei, sentindo o peso do momento se aproximar. Coloquei o laptop de lado e me levantei da cama, alisando o vestido uma última vez. “Bom... Vamos conhecer o Diavolo, meu futuro marido.”

Lucca me lançou um olhar preocupado, mas seguiu junto comigo e Rafaella para fora do quarto. Cada passo me aproximava do meu destino, e mesmo com o medo pulsando dentro de mim, eu sabia que estava entrando nesse jogo para ganhar.

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