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— Você voltou? — ele pergunta. — O que diabos foi isso?

— Desculpe. Sonhei acordado.

— Deus, como você é estranho. Vamos nessa. Não quero ficar aqui. — Ele vai em direção à saída. Denki e eu o seguimos.

— Sonhando acordado? — ele pergunta. Faço que sim com a cabeça.

— Você estava falando um pouco com você mesmo.

Olho para ele.

— Algumas palavras bem grandes. Acho que ouvi uma como que por milagre.

Dou de ombros. A cachoeira de ruídos da cidade volta aos nossos ouvidos quando fazemos acenos de cabeça para os guardas e voltamos para dentro do Estádio. As portas mal se fecharam e sinto aquele bebê chutar meu estômago novamente. Uma voz sussurra: E vai começar. Está pronto?

— Ah não, só pode ser brincadeira. — Izuku fala. E lá está ele, marchando na esquina da rua, o general, o pai de Izuku. Ele vem direto para nós, com dois oficiais de algum tipo, um de cada lado, apesar de nenhum deles usar um uniforme militar tradicional. A vestimenta deles é cinza-clara e sem ornamentos, tem apenas muitas coisas e cintos de ferramentas. Armas de grosso calibre brilham nos coldres em suas cinturas.

— Mantenha a calma, Kacchan — Izuku sussurra. — Não diga nada, apenas, hã... finja que é tímido.

— Izuku! — o coronel chama de uma distância constrangedora.

— Oi, pai — ele responde.

Ele e sua comitiva param à nossa frente. O general sorri e aperta de leve o ombro de Izuku.

— Como está?

— Estou bem. Só fui ver a mamãe.

Os músculos de sua mandíbula se torcem, mas ele não responde, apenas olha para Denki, faz um aceno de cabeça rápido e olha para mim. E olha bastante para mim. Então pega seu rádio.

— Dabi, você disse que o indivíduo que passou por você ontem era um jovem de moletom vermelho. Alto, magro e com a pele ruim.

— Pai — diz Izuku.

O rádio faz um barulho. O general o guarda e tira um par de algemas do cinto.

— Você está preso por entrada não autorizada. Vai ficar sob custódia até...

— Jesus Cristo, pai. — Izuku diz dando um passo para a frente e empurrando as mãos dele. — Qual o seu problema? Ele não é um intruso, é de Domo Goldman e só veio nos visitar. E quase morreu no caminho, então dá um desconto de toda essa parte legal, pode ser?

— Quem é ele? — o general pergunta. Izuku fica na minha frente, como que para me impedir de responder.

— O nome dele é Kat... hã... Bakugou... É Bakugou, não é? — Ele olha para mim e faço que sim com a cabeça. — Ele é um primo antigo do Denki. Eles se conheceram hoje.

Denki faz uma careta e aperta meu ombro com um sorriso desgostoso.

— Dá para acreditar em como ele se veste bem? Não achei que existissem homens que ainda soubessem como usar moletom hoje em dia.

O general hesita, o que parece ser algo doloroso para ele, então guarda as algemas e força um sorriso tímido.

— Muito prazer, Bakugou. Você sabe que se quiser ficar mais do que três dias, vai precisar se registrar com nosso oficial de imigração.

Faço que sim com a cabeça e tento evitar seu olhar, mas não consigo tirar os olhos do rosto dele. Tem algo de errado com o pai de Izuku. Ainda me lembro dele do dia que participei do jantar com Izuku e Shoto, mas ele mudou desde aquela ocasião. Apesar de aquele jantar ter acontecido há apenas alguns anos, ele parece dez anos mais velho. Seus traços ainda parecem com os de um homem de quarenta e tantos anos, mas sua pele ficou fina como papel. As maçãs do rosto estão salientes e as veias de sua testa estão azuis, quase pretas. Um dos oficiais limpa a garganta.

Warm Bodies | •BakuDeku•Onde histórias criam vida. Descubra agora