(Izabella)
A primeira coisa que eu noto é que a minha cabeça está latejando, sinto minha boca seca como se eu não tivesse bebido água a dias e uma dor insuportável na lateral direita do meu corpo. Lentamente abro meus olhos e encaro um teto branco. Onde eu estou? Pensa, Izabella. Eu estava na floresta correndo, então cheguei em um precipício, merda John conseguiu me pegar de volta? Levanto minha mão direita e vejo que não estou algemada na cama e uma chama de esperança vai crescendo dentro de mim. Delicadamente, evitando fazer movimentos bruscos com a minha cabeça, eu tento me sentar, mas a dor nas minhas costelas queima insuportavelmente e gemendo, eu volto a deitar. Passo a mão em cima da minha tatuagem e sinto uma dor aguda, devo ter me machucado. Quando cai na floresta? Não, na floresta eu torci meu tornozelo. Pensa, Izabella, o que aconteceu quando chegou perto do precipício.
John tentou me convencer a voltar com ele, mas eu estava decidida em não ceder. O que eu fiz, então? Minha cabeça dói enquanto tento lembrar, mas ainda assim me esforço a procurar dentro da minha mente o que aconteceu comigo. Puta que pariu! Eu pulei, eu realmente pulei! Começo a respirar rápido, o medo da altura me tomando agora, o que é loucura já que não só já pulei, como neste instante estou aqui segura em terra firme. Como tive coragem de pular? Eu tenho tanto medo de altura, mas acho que meu medo de voltar com o John era muito maior.
Lentamente vou me movendo até conseguir me sentar sem chorar de dor. Quando finalmente estou encostada na cabeceira da cama, observo o quarto ao meu redor. Com certeza não estou mais na mansão de John. Tudo nesse quarto tem personalidade e vida, das cores da madeira escura nos móveis ao couro preto do sofá, até mesmo o cheiro de uma colônia masculina deliciosa. Nada parecido com a decoração bege e branca sem vida do quarto que fiquei presa nos últimos cinco dias. Movo minha atenção para a poltrona de couro e madeira escura que fica no canto do quarto, e sorrio pensando que só essa mobília já tem mais personalidade que a casa inteira de John. Agora, onde eu estou?
Nada ao redor do quarto me dá uma dica, mas estranhamente me sinto segura e confortável. Noto que estou vestindo uma camiseta preta confortável e mais nada. A lingerie cara que John tanto amava obviamente sumiu, parece que me deram um banho porque sinto cheiro de sabonete e shampoo no meu corpo e cabelo. No meu braço direito há um soro conectado, e a bolsa parece que está quase acabando, então já devo estar aqui a um tempo. Olho pela janela e vejo que está escuro, quando eu pulei no lago estava escuro, será que já é o outro dia? Suspiro frustrada, ficar sentada aqui não vai sanar nenhuma das minhas dúvidas.
Me levanto com dificuldade e arrastando o suporte de soro até a porta, testo a maçaneta e fico radiante quando vejo que não está trancada. Nunca mais quero estar presa em nenhum lugar, é a pior sensação do mundo você não ter direito de ir e vir porque alguém tem total controle da sua vida. Saio do quarto e vejo um corredor longo, com portas em ambos os lados, mas ninguém está por perto. Ando até o fim do corredor e encontro uma sala confortável com alguns sofás e uma televisão enorme, parece uma sala de cinema. Começo a escutar uma música baixa, e passo pela sala seguindo o som e indo em direção a uma escada. O barulho de música e vozes fica mais alto, então deduzo que no primeiro andar deve ter alguém que possa me ajudar a saber como eu cheguei aqui.
Demoro mais do que achei ser possível descer as escadas, entre meu tornozelo dolorido e minhas costelas me matando de dor, ainda tive que gerenciar o suporte do soro. No último degrau, reparo que a escada dá para uma área aberta onde há uma cozinha imensa que parece industrial. Passo pelo cômodo, e ainda seguindo a música, finalmente chego na fonte do som. Um bar enorme aparece na minha frente, fico até mesmo confusa, porque o segundo andar parecia confortável como um lar, e o primeiro andar parece um bar badalado ou até mesmo uma boate. Ninguém ainda me notou, e aproveito para observar as pessoas. Há muitos homens sentados em cadeiras de madeira bebendo e rindo, alguns estão jogando cartas e outros conversam com umas mulheres quase peladas em seus colos. Vejo três mulheres elegantes, sentadas juntas no bar bebendo e rindo, elas parecem bem fora do lugar porque as outras mulheres estão quase todas seminuas com saias minúsculas e implorando a atenção dos homens.
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TREZE
RomanceAos quinze anos a vida de Izabella mudou completamente após sua mãe casar com um advogado americano. Mudando de país, cidade e amigos, Iza teve que se adaptar a uma nova realidade vivendo em Michigan e apesar de sentir falta do Brasil, ela conseguiu...