(Izabella)
Acordo com um sobressalto, respirando com dificuldade e meu coração batendo como um tambor no meu peito. Olho para o lado vazio da cama e me sinto gelar quando não vejo o meu marido deitado ao meu lado. Rapidamente saio da cama e começo a procurá-lo pelos cômodos, passando pelo nosso banheiro, os quartos vazios e o primeiro andar inteiro. Estou sozinha em casa e essa conclusão faz a minha ansiedade praticamente me dominar.
Coloco minhas duas mãos na ilha da cozinha e puxo longas respirações, tentando acalmar o ataque de pânico que está chegando. Não sei o que me fez acordar, meu sono profundo foi interrompido por uma sensação horrível de que tem algo errado. E acordar sozinha só deixou tudo pior.
Olhando ao redor, vejo meu celular carregando no balcão da cozinha. Já passam das três da manhã e não tenho nenhuma notificação do Carter me avisando o porquê de ter saído. Começo a tentar ligar para ele, mas nenhuma das vezes ele atende. Mando mensagens pedindo para ele me retornar, e por alguns minutos fico apenas encarando a tela do aparelho, completamente parada. Como se eu mexesse um músculo não conseguiria ouvir a notificação chegar.
Pulo assustada quando escuto uma batida na porta de madeira, e correndo abro a porta sem nem ver quem é. Cold está bem na minha frente, com suas mãos no bolso e uma expressão indecifrável. Sinto meu coração disparar no meu peito e não tenho dúvidas, o que ele vai me dizer vai me destruir.
- Lucky Thirteen, você precisa ficar calma...
- O que aconteceu com o Carter? - o interrompo sem paciência para enrolação.
- Atiraram nele, ele já foi levado para o hospital, mas, - ele respira fundo antes de continuar - é grave.
Assinto balançando a cabeça, impactada demais para dizer qualquer coisa. Em completo silêncio, me viro para ir até ao meu quarto e o deixo na porta sem nenhuma explicação. Mecanicamente troco de roupa, sem nem mesmo reparar o que peguei nos armários. Minha mãe costumava me dizer uma coisa quando eu era pequena e nunca acreditei, mas é verdade. Às vezes ficamos tão nervosos, tão desesperados, que nos acalmamos. Deve ser uma defesa da nossa mente, a calma quase apática no meio do furacão.
Acho minha bolsa no sofá da sala, e quando volto para a porta, Cold continua na mesma posição me esperando. Saio com ele e entramos em uma SUV preta, ainda sem dizermos nada. Fico olhando pela janela a estrada passar, pensando em tudo e nada. Por que Carter foi sair? Eu pedi tanto.
- O pres é um homem forte e saudável, Iza. - Cold quebra o nosso silêncio com um tom firme - Tenho certeza que vai conseguir passar por isso.
Não o respondo, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Sem o Carter eu não tenho mais nada. Ele é tudo para mim, e não porque eu precise que ele seja tudo, mas porque ele conquistou seu lugar na minha vida. Não consigo nem imaginar não o ter ao meu lado, e a possibilidade de isso acontecer me deixa transtornada. Pela primeira vez na vida estou tentando pensar positivo, mentalizando que ele vai ficar bem, porque preciso disso. Se eu considerar o pior dos cenários, vou surtar e piorar a situação.
Chegamos no hospital e fomos direto para onde a enfermeira nos indicou, a sala de espera do centro cirúrgico. Vejo que Zero, Doc e Priest já estão ali, e antes mesmo que eu pergunte, Zero começa a me informar o que ele sabe.
- Iza, ele está sendo operado agora. Não sabemos muito ainda, mas parece que a bala atingiu o fígado. O médico disse que vai dar mais notícias assim que acabar.
- Como foi isso? - até para os meus ouvidos minha voz sai estranha e distante.
- A Candy. Ela estava na cabana do Doc e acabou atraindo o Devil para uma armadilha.
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TREZE
RomanceAos quinze anos a vida de Izabella mudou completamente após sua mãe casar com um advogado americano. Mudando de país, cidade e amigos, Iza teve que se adaptar a uma nova realidade vivendo em Michigan e apesar de sentir falta do Brasil, ela conseguiu...