Capítulo 5

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(Carter)

- Gostou? Posso pegar mais para você, se quiser. - pergunto enquanto observo ela levar outra colher cheia de sopa à boca.

Ela comeu com rapidez como se estivesse a dias sem se alimentar, e isso me deixou bem receoso e angustiado. Olho seu corpo escondido pela minha camiseta e vejo que apesar de linda, ela parece muito magra. Onde essa menina estava que não a alimentaram? Aquele merda a deixou passando fome? Não posso pensar nesse cara agora, minha menina se assusta à toa, e não quero nunca que ela tenha medo de mim por causa do meu temperamento fodido.

- Não, acho que estou bem - me faz sorrir ela falar com a boca meio cheia, ela parece tão fofa - só estava a muito tempo sem comer comida de verdade.

- O que você estava comendo? - tento pescar informações a qualquer custo.

- Eu tinha que seguir uma dieta bem restrita só de proteínas. Estava morrendo de fome, essa foi a melhor sopa que eu já comi na vida.

- Lili vai ficar feliz com o elogio. - quando ela termina pego a bandeja e a coloco na mesa de cabeceira antes de voltar a encarar - Por que estava em uma dieta? Você é perfeita, sabe que não precisa dessas merdas, não é?

Lucky Thirteen fica em silêncio me encarando com o que eu presumo ser vergonha. Agora, por que ela sentiria vergonha é um mistério para mim. O que quer que tenha acontecido, não foi culpa dela. Só dela ter pulado no lago para fugir mostra como é forte e corajosa, ela não tem nada a se envergonhar.

- Podemos falar sobre essas coisas depois?

- Você sabe que pode confiar em mim, não sabe? - sua boca forma uma linha fina e vejo que tenho um longo caminho até ganhar sua confiança - Olha, vamos fazer um trato. Você claramente está correndo de alguém, e vou te proteger e te esconder aqui no clube pelo tempo que você quiser. Enquanto isso, você vai me dar uma chance real de construir uma relação de confiança entre nós dois. Só quando você finalmente entender que eu só quero seu bem, e vou te proteger de qualquer coisa nesse mundo, aí você me conta tudo que eu quero saber.

- Mas,... Por quê? Por que você quer me proteger e por que você quer que eu confie em você? Não sou ninguém para você, posso ser uma assassina ou uma ladra por tudo o que você sabe.

Solto uma gargalhada para esse pensamento, minha estrelinha não faria mal a nem um mosquito. Conheci maldade bem de perto durante meus anos na estrada, vi o que o ser humano é capaz de fazer por ganância e interesse, não tem a menor possibilidade dessa beleza na minha frente ser qualquer coisa menos do que um anjo. Uma pena que ela foi cair bem na rede de um demônio.

- Se você for uma criminosa vai se adaptar muito bem aqui com a gente. - pisco para ela que me recompensa com um meio sorriso - Não sei se reparou, mas não somos propriamente santos por aqui. E sobre por que quero te proteger e que confie em mim, como alguém pode te conhecer e não querer cuidar de você? Como alguém pode não querer ser digno da sua confiança? Será uma honra para mim quando você me considerar merecedor da sua confiança.

Iza me observa por alguns segundos, sinto que ela procura alguma coisa em mim, talvez um sinal de alerta ou um motivo para correr. Não vai encontrar nenhum, não para a minha Lucky Thirteen, ela é o único ser humano no mundo que nunca vai precisar me temer.

Por fim, ela me recompensa com um sorriso tímido e alcança a minha mão na cama.

- Gostaria disso, Carter. - seu toque na minha mão queima a minha pele e é como se ela me marcasse - Quero poder confiar em você. Também queria te agradecer por ter me salvado, eu tive muita sorte de ter sido achada por você.

- A sorte é toda minha, estrelinha. - ela não tem ideia de como a sorte é totalmente minha - Está cansada?

- Um pouco, apesar de ter dormido tanto. - ela boceja e espreguiça os braços.

- Dorme então. Eu tenho uns assuntos para resolver, mas não se preocupe, você está totalmente segura aqui. Ninguém nem nada vai te fazer mal. - a encaro severamente para ela entender quão sério estou.

- Me sinto muito segura aqui, - Iza olha ao redor antes de encarar meus olhos novamente - esse é o seu quarto, não? Me sinto mal em pegar sua cama, não quero tirar seu conforto.

- Não se preocupe com isso. - beijo sua testa e a ajudo a se cobrir - Nunca estive mais confortável na minha vida.

Não compartilho como dormi uma parte da minha vigília na cama com ela. É uma king size, posso muito bem dividir com ela sem a tocar. Apesar de ter sido uma puta luta me manter afastado, pelo menos estar perto dela eu mereço. Afinal, ela foi enviada pelo destino ou sei lá que merda para mim, eu a salvei e eu estou a protegendo então, tecnicamente, ela já é minha.

Saio do quarto e vou direto para meu escritório. Além de ter que resolver alguns problemas do clube, preciso de um minuto para pensar sozinho. Tenho que raciocinar friamente sobre o que está acontecendo aqui, e sobre o que eu quero fazer.

Eu a quero. Isso é lógico e final, não vou mudar de ideia, mesmo se ela não fosse minha Lucky Thirteen, eu ainda assim iria querê-la. Ótimo, já tomei minha primeira decisão. Em segundo lugar, aquele John Harris veio a procurando e posso apostar cada merda de centavo que eu tenho, ele estava fazendo mal a ela. Não sei ainda como ou a extensão do que ele fez, mas sei que é melhor Little descobrir tudo e qualquer coisa sobre ele porque preciso estar preparado. A próxima vez que ele entrar no meu clube, ele não vai sair mais.

Me apresso com tudo o que tenho que fazer, e quando finalmente deito na minha cama ao lado da Iza eu me sinto completamente satisfeito. Toda aquela solidão e vazio somem quando estou perto dela. Tiro uma mecha de cabelo do seu rosto e a observo dormir tão pacificamente, como se estivesse no conforto do seu lar. E é isso que eu quero ser para ela, eu quero ser o lar dela, o seu maior conforto.

TREZEOnde histórias criam vida. Descubra agora