O dia trinta e um de dezembro estava sendo uma loucura. Ajudar Mary naquela festa foi a sua melhor opção, não falava com Jess desde aquela ligação e não queria admitir que, sim, sentia falta dele, do tipo que consome a alma, porém sabia que ele não sentia o mesmo, que provavelmente estava sendo um idiota de marca maior em Stars Hollow.
O clima ameno da Califórnia permite ela de usar um vestido minúsculo junto de um casaco, ela quer se divertir, poder beber fazer qualquer outra coisa que seja mais interessante que sofrer por um cara. E é o que faz, antes mesmo da festa de verdade começar, ela já está com uma taça de vinho na mão enquanto ajeita os salgadinhos nas tigelas e quanto mais tarde mais pessoas, e quanto mais pessoas mais ela bebe. É entretenimento, é divertido conversar com quem ela nunca viu, passou anos em uma cidade onde todos já tinham ouvido seu nome e suas merdas, era bom ser qualquer uma naquele momento, ninguém que se importaria com ela, ninguém que pode julgar ela.
Já está perto da meia noite quando a campainha da casa de Mary toca de novo. Marti não liga, está conversando com um grupo de quase formandos da universidade, eles passam o narguile de boca em boca, a fumaça saindo em câmera lenta. Ela está lenta, sabe que não deveria ter exagerado tanto antes da meia noite.
- Marti... - uma mão toca o seu ombro, e os olhos de Marti quase brilham ao ver quem é.
- Jess! - ele está na frente dela, o casaco mais pesado do que precisa ser e um olhar preocupado. Marti o abraça e e logo se separa - Achei que ainda estivesse em Stars Hollow.
- Não, estava na estrada, tentei avisar mas o sinal era uma merda.
Algo dentro de Marti queima.
Ele tentou ligar.
Ele tentou ligar.
- Nem precisava, não é como se Jimmy e Sasha fossem alugar a sua parte do quarto, a não ser que gatos também tenham poder de compra.
Os lábios de Jess sobem discretamente, tem algo sombrio em seu olhar, mas não é raiva, a raiva nele é óbvia e rápida, aquilo é mais azul, mais fluido.
- Gatos também precisam de um lar.
- Se nem a gente cabe ali imagina eles?
Parece que ele vai dizer alguma coisa, sua mão se move e para, se retrai.
- O quanto você bebeu?
Marti quer rir. Estava em uma festa, não ia se restringir.
- O suficiente pra dormir como uma pedra.
Ele pega a mão dela e a arrasta até a cozinha, mas Marti o empurra.
- Que porra, Jess?!
- Você precisa de água.
- Eu preciso me divertir, diferente de você que você que parece ter prazer em ficar sofrendo como um escritor russo.
- Você é uma bêbada.
- E você um imbecil.
Marti não se lembra o que aconteceu depois daquilo, se Jess foi embora ou não, se beijou alguém ou não, muito menos a contagem regressiva para o próximo ano. Se lembra da língua pesada e de uma bala que lhe dera, depois disso mais nada.
...
Ela acorda com dor de cabeça e uma vontade enorme de morrer, está deitada e o lugar parece familiar, talvez porque seja o quarto da casa de Jimmy e Sasha. Não se lembra de ter andando até ali, até por conta de seu estado na noite anterior, não tinha como ter chego ali sem ter criado uma confusão.
Jess entra no quarto, tem um copo na mão e o que parece ser um remédio, não diz nada apenas nota que Marti está acordada e fecha a porta atrás de si e entrega o que tem na mãe. Ele se senta ao lado dela e começa a ler, o silêncio começa a ir direto para a garganta de Marti e a sufocar.
- Eu quero saber o que aconteceu?
- Nada vergonhoso, você só passou mal e desmaiou logo após a virada do ano. Achei melhor te trazer pra cá.
- Valeu... - ela toma o remédio e olha para Jess que nem parece se importar com a presença dela - Vai me contar sobre Stars Hollow ou vou ter que usar meus métodos de tortura?
Ele suspira e coloca o livro de lado, as palavras que saem da boca de Jess são estranhas, assim como o tom da sua voz.
- Eu disse pra Rory que a amo.
Por algum motivo Marti quer parar de escutar aquilo e ir embora, apenas fingir que nunca perguntou sobre sua antiga cidade.
- E ela? - mas Marti ainda era ela e precisava de respostas.
- Eu fui embora antes que pudesse descobrir.
Por incrível que pareça ela ri, ri apesar da dor de cabeça que aquilo lhe traz e o incômodo no fundo do estômago.
- Você é patético, sabia?
- Diz a garota que o namorado traiu.
- Diz o cara que, tecnicamente, nunca terminou com a ex... e o resto?
- Luke está bem e a minha parece bem, como eu disse só mais um namorado que ela vai machucar ela.
Marti se aproxima dele e coloca a cabeça em seu ombro dele, o cheiro de cigarro se mistura com algo molhado, familiar.
- Achei que você não estaria aqui no ano novo.
- Não fazia sentido ficar em Stars Hollow.
Os dois trocam um olhar que estava se tornando familiar. Os rostos se aproximam e os lábios se tocam, não era como um remédio, ou um efeito que sumiria logo quando terminassem. As línguas iam se misturando e as mãos envolvendo os corpos, antes que qualquer ação possa ser tomada Marti se separa e sorri para ele.
- Feliz Ano Novo, Jess Mariano.
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New Hollow
FanfictionSe Rory Gilmore era o anjo de Stars Hollow, Marti era o oposto. Não que ela fosse encrenca, porém o inferno parecia seguir ela a cada passo de sua vida. Acompanhe sua jornada no decorrer das temporadas de Gilmore Girls e como a vida pode dar uma vo...