Helena Weinberg

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-É. – minha voz saiu quase que um pedido de Desculpas!

- Mulher ou homem?

- Um-mulher...mulher!

Pude sentir que ela sorria do outro lado da linha, meu Deus que ódio de mim!

-Tá, uma mulher? Várias mulheres? Só mulher?

- Só eu.

- São cento e vinte a hora, vaginal, a posição que você escolher, não faço chuva de cor nenhuma,dourada, negra, e não aceito isso também,nada com sangue, crianças, animais ou árvores.

- Crianças? Árvores?

Ela continuou com as condições e precisei interrompe-la.

-Moça. Moça! – ela se calou. – Sou só eu, sem vaginal, oral ou anal.

Ela ria do outro lado da linha, uma risada gostosa, Sol segurava a boca, até então não havia tido nenhuma conversa assim, na agência era diferente, só precisei dizer que queria um acompanhante para um fim de semana prolongado e pronto!

- Isso é trote? Se for, não ligue, não posso ficar ocupando essa linha com besteiras e...

-É sério! Só preciso de uma acompanhante.

Ela ficou muda. Será que estava pensando?

- Certo, onde podemos nos encontrar?

- Anota o endereço.

Chamada off

Passei meu endereço a ela enquanto Sol ficava gesticulando que era loucura, e pedindo pra eu não fazer isso. Mas eu fiz! E depois fiquei morrendo de medo.

Foram mais de um século pra ela chegar, na eternidade de quarenta e cinco minutos, meu coração estava saindo pela boca! Sol resolveu manter um spray de inseticida à mão, afinal de contas, a gente não tinha spray de pimenta nem gás lacrimogêneo!

A campainha tocou, Sol se levantou num pulo e olhou pelo olho mágico, se virou pra mim, com uma cara insana, a boca se abrindo aos poucos até formar um O, estava eufórica, se abanava com uma das mãos e a outra no peito. Fui até a porta,ela tocou novamente a campainha, olhei pelo olho mágico, mas ela estava apoiada na porta, cabeça baixa, só vi seus cabelos repicados. Franzi o cenho, Sol foi para o sofá, do lado oposto ao que havia escondido o spray de inseticida. Respirei fundo e abri a porta. A mulher levantou o rosto e eu congelei, ao mesmo tempo que minhas pernas tremeram. Ela sorriu, fazendo que não com a cabeça, umideceu os lábios com a língua e voltou a sorrir de lado.

A mulher da livraria, fiquei tão sem ação que ela levantou as sobrancelhas, esperando que eu dissesse algo, como não disse, fiquei feito uma retardada na porta, Sol veio em meu socorro,me puxou de leve para um lado e a convidou pra entrar. Senti o ar sair dos meus pulmões.

Eu estava prendendo a respiração?

Que ridícula!

Espera! A mulher culta da livraria era uma garota de programa? Meu Deus! Esse mundo tá perdido!

-Oi, me chamo Sol , essa é a Clara Caroline, senta aí.

– Sol indicou o sofá e ela sentou justamente onde Sol havia escondido o spray.

Ela se recostou e sentiu algo a incomodando,puxou a lata de inseticida e fez uma cara de"eu hein", deixou a lata no chão, ao lado dela e ficamos super sem graça. Estava tão bem vestida, uma calça social cinza matizada, salto preto, camisa branca e um blazer preto, relógio e brincos pratas, quando passou por mim senti um cheiro bom, tinha quase certeza de que era um perfume Giorgio Armani, mas sei lá, estava tão desorientada de ver a mulher ali que me perdi nos pensamentos.

A Acompanhante - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora