- Bom dia. – respondi.Helena resolveu que precisava de um banho. Abriu a porta do box e se enfiou comigo, meu coração sacudia meu peito de tanto nervoso. A escova de dentes estava pendurada na boca, resolveu escovar os dentes no chuveiro, comigo.
- Você percebeu que estou tomando banho?
- Percebi.
- Então me dá licença. – eu ainda tentava me esconder nas mãos.
- Jura que você tá se cobrindo de mim? – perguntou com a boca cheia de espuma.
Meu Deus, isso nunca aconteceu comigo e Pocah! Mesmo quando dormíamos juntas, nunca havia ficado assim com ela em quatro anos.
- Eu quero que saia. Estou no meu momento!
- Nosso momento, porque não vou sair, tenho compromisso e não posso me atrasar e também não vou tomar banho frio.
- Você é muito folgada, Helena . Esse banheiro é meu.
- Segundo nosso acordo e o meu contrato de noiva, o banheiro é nosso agora, portanto, me dá licença, vai se ensaboar pra lá que é minha vez agora.
Ela foi me empurrando para o canto e se enfiou embaixo d'água, eu virei de costas pra ela, as mãos na cintura, indignada.
- Aí Helena você é uma grossa.
- Sou é? – de repente ouço ela gargarejando e cuspindo. Que absurdo. – Acho que sou sim.- Por que não apareceu pra experimentar a roupa do casamento? – sério que foi isso o que resolvi dizer??
- Problemas. Você não viu na mensagem?
- Vi. Que tipo de problemas uma pessoa como você pode ter? Alguma emergência ginecológica?
Ela começou a rir e não parou! Me virei ainda com as mãos na cintura e uma cara bem feia.
- Não gosto quando ri de mim.
- Então deixa de ser engraçada, ué. – respondeu sorrindo – se bem que... olhando você assim, toda molhadinha, não tenho mais nenhuma vontade de rir.
Me virei novamente, mas sentia seus olhos em mim. Ela me abraçou por trás devagarinho e senti um tremelique estranho logo abaixo do umbigo. Fez questão de segurar meus seios, firme nas mãos.
- Senti sua falta galega.
Tava na cara que ela podia sentir meus batimentos acelerados. Me puxou para baixo do chuveiro, me virando em seguida para encará-la, nossos corpos colados debaixo d'água e eu quase convulsionando.
A mão dela agora em minhas costas, a outra em meu pescoço, logo abaixo da linha do maxilar.
- Também senti a sua. – pronto eu disse, porque era verdade e porque aquela situação toda estava me matando.
Senti seus lábios tocando os meus delicadamente, sua língua macia acariciando a minha enquanto me puxava mais para ela, já estava me vendo sendo levantada por ela no chuveiro, sendo penetrada por dois, três dedos e fazendo amor.
Fazendo amor. Que amor?
Não queria parar o beijo, mesmo sabendo que nada daquilo era real. E foi Helena quem nos separou, me deixou embaixo do chuveiro e saiu se enrolando na toalha e sem dizer uma só palavra.
Passei a mão no vidro para tirar o vapor e poder vê-la.
- Hel... – não dava pra minha voz sair mais fraca?
- Clara , tenho um compromisso que não posso faltar, te encontro no local do ensaio de casamento.
- Tá. – " tá?", só isso? Faz ela ficar sua burra! Você precisa dela! Eu preciso dela, eu..- Helena.