Pocah

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- Ih é? Que coisa. – foi isso que Sol respondeu. – Clara, vem cá rapidinho. Mônica só um segundo.

Nos afastamos um tanto e Sol coçou o rosto disfarçando.

- Fudeu com areia, amiga. – fiz que sim. – Onde foi ainda agora?

- Cara, desci até o restaurante, falei com um rapaz que me contou, uma coisa, se for mesmo a Helena, bem faz sentido.

- Pelo amor de Deus! Contou o que?

- Ele falou de uma história de uma mulher que trabalhou lá quando tinha vinte anos, a história é antiga por lá, parece, ela foi expulsa da casa do pai, a madrasta disse que "Helena " abusou dela. Ela trabalhou um tempo por lá e então se mandou com um gringo, depois disseram que ela roubou as jóias da tal madrasta.

- Peraí! Peraí! – Sol me interrompeu irritada. – Tudo errado, aquela Helena que conhecemos não me parece capaz disso não! Abusar de uma mulher... Nossa ela poderia ter te estuprado e não fez. Calma lá!

- Você tem certeza de que era a Helena ?

- Não sei, mas agora preciso me concentrar em manter Gilberto de boca fechada.

Voltamos, tensas, e meu querido primo me olhou confuso.

- Olha Clarinha, você pescou um tubarão com anzol pra sardinha.Não se preocupe o segredo de vocês está seguro, afinal é muito louco estar com uma mulher como ela não é mesmo? Não vou contar pra ninguém, fique tranquila. Gil arrumou os óculos escuros estalando a língua no céu da boca.– gente excêntrica. –então se levantou puxando Arthur pela mão e foram para a piscina.

Me senti sem chão. Mônica não pareceu se importar com nada da conversa, amarrou os cabelos cacheados em um coque apertado, deu um selinho em Sol e foi também para a piscina.

Sol se sentou ao meu lado, a boca envergada para baixo.

- Deu merda.

- Deu merda. – concordei.

- Espero que o Gil fique de boca fechada.

- Eu também. Pelo visto ele sabe das atividades da Helena como garota de programa.

- Estou mais preocupada com você considerar as atividades dela antes, vai com calma, Clara , esse é um terreno desconhecido.

Gil agiu normalmente, o que foi um grande alívio, mas Helena ficou de conversar com ele antes de irmos embora. Ficou bem surpresa quando disse que a reconheceu pela tatuagem, perguntei se havia feito algum tipo de Streep tease no avião e ela além de não responder, caiu na gargalhada. Chegou a jogar a cabeça para trás de tanto rir. Se acalmou aos poucos ao perceber minha cara carrancuda, esfregou os olhos, com a cabeça balançando em negativa. Por fim me olhou demoradamente.

- Clara, vamos parar de fantasiar, eu não tenho culpa de ser uma pessoa atraente. – passou a mão no cabelo com um puta olhar convencida, apesar de falar em tom divertido, achei aquele um jogo muito perigoso.

- E se eu disser que posso saber de você mais do que imagina?

- Então eu diria que você é muito xereta e impaciente. – Helena se aproximou desfazendo meus braços cruzados e os levando para enlaçar seu pescoço. – Talvez eu possa ter uma boa explicação pra te dar.

Suas mãos deslizaram pela lateral do meu corpo até apertar minha cintura, seu olhar era intenso, deslizou as mãos um pouco mais, não se importando de estarmos no jardim à vista de todos e me apertou a bunda levando-me um pouco de encontro ao seu corpo, colando nossos lábios.

O almoço ficou maravilhoso! Havia como sempre três opções para o cardápio principal, mas o tal Caldo Mediterrâneo foi um sucesso, Helena entendia mesmo de cozinha e caiu nas graças da tia Ana e tio Bento.

A Acompanhante - ClarenaOnde histórias criam vida. Descubra agora